Nesta semana, de segunda para terça-feira (7), o astrofotógrafo Carlos Henrique Schmitt captou imagens do cometa C/2022 E3, que voltou a se aproximar do planeta Terra depois de 50 mil anos.
O corpo celeste também ficou conhecido como ‘cometa verde’ porque sua composição química – gás carbônico e nitrogênio – emite luz verde. “No hemisfério Norte foi possível ver melhor a cauda dele. Aqui ele já estava muito longe”, explica Schmitt. A passagem desse fenômeno raro pode ser observada a olho nu até sexta-feira (10).
Para garantir a bela imagem do cometa verde, por uma hora e meia ele tirou cerca de 60 fotos de um minuto cada. “O processamento é mais complicado, pois a cada foto ele está em um ponto levemente diferente do céu. Mesmo assim fiquei satisfeito com o resultado”, comentou.
O professor Carlos Fernando Jung, do Observatório Espacial Heller & Jung, do Vale do Paranhana, afirma que esse não é um registro simples de fazer. “Não pode estar nublado ou com uma camada fina de nuvens. Aqui não consegui ainda”, observa.
Paixão que vem da infância
Quando criança, era com a ajuda de uma luneta que Schmitt observava as belezas do universo. Veio a adolescência e a paixão pelos cometas, galáxias e estrelas ficou adormecida. Em 2019, o gerente industrial decidiu voltar os olhos novamente para o céu em busca de belezas desconhecidas. Comprou um telescópio, livros e passou a estudar sobre o assunto.
O resultado é que o morador do bairro Vila Nova, em Novo Hamburgo, atualmente com 37 anos, é um astrofotografo. Um hobby praticado enquanto a maioria das pessoas estão dormindo.
Schmitt mora em um apartamento do bairro Vila Nova, local onde costuma fazer a maioria dos seus registros. Também costuma usar um terreno baldio de Campo Bom. Além disso, já viajou para Osório e Cambará do Sul, entre outros municípios, em busca de céu limpo para captar os mistérios do espaço.
“Tem noite que eu fico de 10 a 15 horas capturando o mesmo objeto. Isso é necessário para ter material suficiente para produzir a foto”, explica Schmitt. De acordo com ele, é preciso que o corpo celeste tenha uma “sinal forte” para que fique nítido na fotografia. “Até que você consiga a primeira foto às vezes é preciso preparar o equipamento por duas horas”, complementa.
Na astrofotografia, normalmente os registros são classificados em quatro: campo Amplo, que são fotos do céu estrelado ou trilhas de estrelas acima de uma paisagem, feita com equipamentos mais simples; time lapse, parecida com de campo amplo, com a diferença de que são várias exposições ao longo do tempo e há combinação de quadros; sistema solar, que são registros dos planetas, luas e sol, com uso de telescópio; e a deep space object (DSO), modalidade de Schmitt, que trata-se de imagens das galáxias e nebulosas, que vão além do nosso sistema solar, sendo que para conseguir o registro são necessárias técnicas mais elaboradas e equipamentos específicos.
Para o futuro, Schmitt pretende construir uma casa com uma área exclusiva para as fotografias noturnas do espaço. “É incrível você conhecer astronomia e entender a grandeza do universo”, finaliza. Quem quiser acompanhar os registros de Schmitt pode seguir o perfil no Instagram @gauchodeantares.
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