ARACNÍDEO
ARANHA-CARANGUEJEIRA: Pelos liberados pela espécie quando ameaçada podem ser fatais; saiba como evitar a situação
Maior espécie de aranha existente, a caranguejeira é nativa do RS e pode viver até 25 anos
Última atualização: 07/12/2023 14:45
Grandes e peludas, mas não tão perigosas ao ser humano. Apesar da aparência das aranhas-caranguejeiras ser assustadora para muitas pessoas, a bióloga Sarah Peixe explica que o medo em relação à espécie não é necessário. "De todas, elas são as menos perigosas", conta.
Com até 28 centímetros de envergadura, as caranguejeiras são as maiores aranhas conhecidas. Elas podem viver por até 25 anos e alcançam a maturidade sexual após 10 anos de vida. A especialista destaca que alguns animais desta espécie, que é nativa da região, correm risco de extinção. "As caranguejeiras mais coloridas (azuis e vermelhas) são muito exploradas no mercado negro e vendidas a colecionadores, por isso essas espécies estão ameaçadas de extinção."
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No último sábado (2), moradores de Ivoti se depararam com uma aranha desta espécie pelas ruas da cidade. A profissional reforça que esses animais, considerados silvestres, costumam ter hábitos noturnos, mas não é raro se deparar com eles durante o dia em terrenos. "Dificilmente as aranhas-caranguejeiras buscam abrigo dentro das casas", ressalta. Nessa época do ano, é mais comum encontrá-las em áreas urbanas, aonde vão atrás de alimento. Como são carnívoras, acabam fazendo "controle de pragas" no ambiente.
A bióloga afirma que, se não forem incomodadas, as caranguejeiras, em geral, são inofensivas. Conforme ela, há uma pesquisa que aponta que, dos registros de picadas de aranha, apenas 1% são ocasionados por essa espécie. "Naqueles casos onde a pessoa pegou elas na mão e apertou", pontua sobre o estudo. Além disso, Sarah salienta: "ao contrário de todas as crendices, as caranguejeiras não pulam em ninguém."
Caranguejeiras picam?
Sarah afirma que as aranhas-caranguejeiras podem picar, mas os acidentes com esse animais, de modo geral, não são considerados graves. "Apesar de possuir veneno, este não apresenta complicações ao homem."
A picada pode causar dor no local, mas de baixa intensidade e por curto tempo. "Além disso, pode provocar vermelhidão, inchaço, ardência e, em alguns casos, câimbras e espasmos musculares", explica. "A dor causada pela picada se deve à perfuração da pele pelas quelíceras (uma espécie de "presa"), ao baixo pH do veneno e às toxinas presentes nele, além de fluidos digestivos (enzimas) e ATP (Adenosina Trifosfato)."
Nesses casos, a orientação é buscar auxílio médico em posto de saúde ou hospital. Se possível, ainda é indicado capturar e levar o aracnídeo junto para identificação. Como acidentes com essa espécie não são comuns, por não serem agressivas, não há um soro específico para essas picadas. "O veneno não é grave ao humano. Sendo assim, o tratamento seria aos sintomas", aponta a bióloga.
E elas soltam pelos?
A especialista explica que, mais "perigosas" que as picadas, são as cerdas que elas podem soltar quando se sentem ameaçadas. "Esfregam suas pernas traseiras no abdômen e liberam suas cerdas urticantes para afastar possíveis predadores. Isso porque os pelos urticantes são usados para defesa ativa e passiva das caranguejeiras."
Para os humanos, as cerdas podem causar reações alérgicas graves. Como provocam irritação na pele, em pessoas com hipersensibilidade - como quem tem rinite, asma, entre outros - pode ser fatal. "Alguns tipos de cerdas ficam externos quando em contato, mas outros podem penetrar até 2 milímetros na pele, causando dermatites."
Nesses casos, também é importante deixar as mãos longe dos olhos. "Nos olhos podem ocasionar a queratite severa, inflamação na córnea. Nessa situação, coçar os olhos pode agravar a situação, pois os pelos penetram e se espalham ainda mais", alerta.
Sarah ainda ressalta que nunca se deve matar aranhas-caranguejeiras com chineladas, pois assim, várias cerdas são liberadas no ar, como uma espécie de "nuvem de poeira". "O que pode fazer com que entrem em contato com a pele ou adentrem as vias respiratórias, aumentando o risco de reações alérgicas - normalmente coceira intensa e tosse", conclui.
As mesmas reações podem surgir em animais domésticos caso sejam picados ou entrem em contato com o pelo das caranguejeiras. A orientação é que, nessas situações, eles sejam levados ao veterinário.