POLUIÇÃO
Após mau cheiro, prefeitura de Campo Bom coleta água de represa para análise
Problema ocorre em corpo d'água no bairro Aurora. Moradores reclamam do odor que vem de represa do Arroio Schmitt
Última atualização: 23/01/2024 12:41
O açude que hoje é fonte de reclamação de moradores do bairro Aurora, em Campo Bom, em nada lembra o corpo d'água em que Peterson Caetano se banhava e pescava durante a infância. O eletricista de 20 anos vive no bairro desde que nasceu. Sua casa fica próxima ao local que os moradores se habituaram a chamar de açude, mas que, de acordo com a Secretaria de Meio Ambiente, se trata de uma represa do Arroio Schmitt.
"Era um açude limpo, todo mundo tomava banho, vinha gente de fora. A gente pescava. Depois começou a apodrecer a água. Quando dá um calorão de dia, à noite o cheiro vai até metade do bairro Ipiranga. É muito forte, tem que fechar a casa", afirma.O morador estima que o problema do mau cheiro tenha começado há cerca de seis anos. "Antes, os cavalos tomavam água ali. Agora, nem chegam perto, o pessoal teve de construir tanques para eles beberem água", relata.
A represa fica entre a Rua Alvorada e a Avenida Carlos Strassburger Filho. Há uma ponte que liga as duas vias e que é utilizada por moradores que trabalham nas indústrias da avenida. "Tem dias que não dá nem para passar", comenta um trabalhador que prefere não ser identificado.
Olhando de longe, mal se percebe que, por baixo da vegetação, há água. A represa está praticamente toda coberta por plantas conhecidas como marrequinhas. A presença das plantas, a princípio, ajudaria na decomposição da matéria orgânica. No entanto, com a reprodução muito rápida, a vegetação acaba gerando mais matéria orgânica para ser decomposta.Diante das reclamações, na última quarta-feira, técnicos do Meio Ambiente coletaram água da represa e encaminharam para análise laboratorial. Os resultados ainda não estão disponíveis e devem sair até a próxima semana - a previsão é de 5 a 15 dias.
No local foi possível medir a quantidade de oxigênio dissolvido na água. O resultado foi de 0,5 miligramas por litro (mg/l). De acordo com o biólogo Jeferson Timm, o volume mínimo para que o ambiente seja considerado adequado à vida aquática é de 5 miligramas, dez vezes mais do que o medido.
"Isso significa que tem muita matéria orgânica dentro e na decomposição há consumo de oxigênio da água. A decomposição começa a ser anaeróbia e libera metano, que causa o mau cheiro no ambiente", explica Timm.
Estiagem agrava situação
A estiagem agrava o problema. O nível da água fica mais baixo, aumentando a concentração de poluentes. O calor faz com que as plantas se reproduzam mais rapidamente, cobrindo a superfície do açude e dificultando a troca de oxigênio. Uma ação paliativa planejada pela prefeitura é a retirada de parte das plantas que cobrem a água.
Ainda não há uma previsão de quando isso será feito. De acordo com a prefeitura, a área pertence a um curtume próximo e é necessária liberação da empresa.
Suspeita de dejetos domésticos ou industriais
A barragem foi construída em meados da década de 1980, para captação de água para uso nas indústrias próximas. A água é captada para as fábricas e, após tratamento, é devolvida ao arroio. A fiscalização ambiental da atividade cabe à Fepam.
Os moradores especulam que a causa possa estar ligada às indústrias. O biólogo Timm acredita que se trate de dejetos domésticos. A análise laboratorial deve apontar a real causa.
“Arrisco a dizer que o principal problema é o esgoto doméstico”, estima o biólogo. “Nesse sentido, não tem condições de fazer uma ação imediata. O plano municipal de saneamento prevê a interceptação e tratamento desse esgoto. Caso se identifique que se trata de despejo industrial, será feito um trabalho junto às possíveis fontes para verificar qual empresa não está tratando efluente de forma correta”, adianta o especialista.
O açude que hoje é fonte de reclamação de moradores do bairro Aurora, em Campo Bom, em nada lembra o corpo d'água em que Peterson Caetano se banhava e pescava durante a infância. O eletricista de 20 anos vive no bairro desde que nasceu. Sua casa fica próxima ao local que os moradores se habituaram a chamar de açude, mas que, de acordo com a Secretaria de Meio Ambiente, se trata de uma represa do Arroio Schmitt.
"Era um açude limpo, todo mundo tomava banho, vinha gente de fora. A gente pescava. Depois começou a apodrecer a água. Quando dá um calorão de dia, à noite o cheiro vai até metade do bairro Ipiranga. É muito forte, tem que fechar a casa", afirma.O morador estima que o problema do mau cheiro tenha começado há cerca de seis anos. "Antes, os cavalos tomavam água ali. Agora, nem chegam perto, o pessoal teve de construir tanques para eles beberem água", relata.
A represa fica entre a Rua Alvorada e a Avenida Carlos Strassburger Filho. Há uma ponte que liga as duas vias e que é utilizada por moradores que trabalham nas indústrias da avenida. "Tem dias que não dá nem para passar", comenta um trabalhador que prefere não ser identificado.
Olhando de longe, mal se percebe que, por baixo da vegetação, há água. A represa está praticamente toda coberta por plantas conhecidas como marrequinhas. A presença das plantas, a princípio, ajudaria na decomposição da matéria orgânica. No entanto, com a reprodução muito rápida, a vegetação acaba gerando mais matéria orgânica para ser decomposta.Diante das reclamações, na última quarta-feira, técnicos do Meio Ambiente coletaram água da represa e encaminharam para análise laboratorial. Os resultados ainda não estão disponíveis e devem sair até a próxima semana - a previsão é de 5 a 15 dias.
No local foi possível medir a quantidade de oxigênio dissolvido na água. O resultado foi de 0,5 miligramas por litro (mg/l). De acordo com o biólogo Jeferson Timm, o volume mínimo para que o ambiente seja considerado adequado à vida aquática é de 5 miligramas, dez vezes mais do que o medido.
"Isso significa que tem muita matéria orgânica dentro e na decomposição há consumo de oxigênio da água. A decomposição começa a ser anaeróbia e libera metano, que causa o mau cheiro no ambiente", explica Timm.
Estiagem agrava situação
A estiagem agrava o problema. O nível da água fica mais baixo, aumentando a concentração de poluentes. O calor faz com que as plantas se reproduzam mais rapidamente, cobrindo a superfície do açude e dificultando a troca de oxigênio. Uma ação paliativa planejada pela prefeitura é a retirada de parte das plantas que cobrem a água.
Ainda não há uma previsão de quando isso será feito. De acordo com a prefeitura, a área pertence a um curtume próximo e é necessária liberação da empresa.
Suspeita de dejetos domésticos ou industriais
A barragem foi construída em meados da década de 1980, para captação de água para uso nas indústrias próximas. A água é captada para as fábricas e, após tratamento, é devolvida ao arroio. A fiscalização ambiental da atividade cabe à Fepam.
Os moradores especulam que a causa possa estar ligada às indústrias. O biólogo Timm acredita que se trate de dejetos domésticos. A análise laboratorial deve apontar a real causa.
“Arrisco a dizer que o principal problema é o esgoto doméstico”, estima o biólogo. “Nesse sentido, não tem condições de fazer uma ação imediata. O plano municipal de saneamento prevê a interceptação e tratamento desse esgoto. Caso se identifique que se trata de despejo industrial, será feito um trabalho junto às possíveis fontes para verificar qual empresa não está tratando efluente de forma correta”, adianta o especialista.
"Era um açude limpo, todo mundo tomava banho, vinha gente de fora. A gente pescava. Depois começou a apodrecer a água. Quando dá um calorão de dia, à noite o cheiro vai até metade do bairro Ipiranga. É muito forte, tem que fechar a casa", afirma.O morador estima que o problema do mau cheiro tenha começado há cerca de seis anos. "Antes, os cavalos tomavam água ali. Agora, nem chegam perto, o pessoal teve de construir tanques para eles beberem água", relata.