“Uma situação revoltante”, diz Julio Claudio Nunes Rodrigues, de 58 anos. Na última semana, o morador do bairro Guajuviras, em Canoas, registrou em vídeo mostrando duas escadas posicionadas em cima do piso tátil de uma calçada na Rua Quinze de Janeiro, no Centro. Cego por causa do glaucoma há cinco anos, o secretário da Associação dos Deficientes Visuais de Canoas (Adevic) relata que teve o direito de ir e vir desrespeitado.
“Estava me deslocando pelo corredor tátil até esbarrar em uma escada. O trabalhador que estava na escada foi hostil. Solicitou que eu desviasse pela lateral [esquerda]. Respondi que não, que o meu direito estava sendo violado. Pedi para ele descer e retirar a escada, mas ele não se importou”, lamenta. “Segui em frente e esbarrei novamente. Recebi como resposta um ‘eu quis ajudar, mas ele não quis’. A solução dele, era que eu fizesse um desvio, ou seja, andasse fora do piso tátil.”
No local, ocorria a manutenção da fachada de uma loja. Segundo Julio. não havia nenhuma sinalização no entorno das escadas. “O espaço deveria estar isolado por fitas e cones. Seria o mínimo, critica. “O que aconteceu foi uma falta de respeito. É uma falta de sensibilidade com todas as pessoas com deficiência. Fomos invisibilizados.”
O vídeo foi compartilhado por dezenas de pessoas com deficiência em Canoas, que cobraram mais atenção à acessibilidade. Conforme o chefe de fiscalização da Secretaria Municipal Desenvolvimento Urbano e Habitação (SMDUH) da Prefeitura, Luís Alexandre da Rocha Gulart, o atendimento a episódios assim ocorre somente por demanda, ou seja, a partir de denúncia. “No momento, o nosso quadro de efetivos está incompleto. Não temos servidores o suficiente para circular de forma preventiva nas ruas”, informa.
Gulart orienta a população a formalizar a denúncia de situações irregulares por meio da Central de Atendimento ao Cidadão (CAC), pelo telefone 0800-5101234. “A partir do protocolo uma equipe é enviada para averiguar o local”, finaliza.
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