Apesar da aparência tranquila e simpática, a capivara é um animal silvestre, ou seja, não é um animal doméstico que está acostumado com a presença humana. Nas últimas semanas, a espécie nativa do Cerrado brasileiro ficou em evidência nacional com o caso da capivara “Filó”, criada pelo influenciador digital Agenor Tupinambá, de 23 anos. A situação ganhou projeção após vídeos viralizarem nas redes sociais do jovem criando a capivara como um pet de estimação.
Agenor foi multado pelo Ibama em mais de R$ 17 mil e notificado a entregar a capivara para o órgão reintegrar o animal à natureza. O caso colocou o tema em evidência e rapidamente se tornou um dos assuntos mais comentados da Internet.
A polarização foi inevitável, argumentos pró e contra a atitude de criar uma capivara e fazer uso da imagem nas redes sociais. Por uma decisão judicial, a capivara Filó está provisoriamente com o influenciador. O Ibama diz que tomará medidas para que a capivara seja devolvida ao seu habitat natural.
Em Canoas, um casal de capivaras oriundas de cativeiros ilegais vive em um recinto no MiniZoo do município. A dupla não possui mais condições de viver na natureza.
“Eles perderam a capacidade de sobreviver sozinhos no habitat natural deles. É triste. Foram retirados ainda filhotes do convívio do bando, as capivaras costumam viver em grupos. A capivara macho era alimentada com ração de cachorro, algo totalmente prejudicial à saúde”, explica a bióloga do MiniZoo, Gabriela Souza Góes.
A profissional conta que o animal precisou aprender a pastar a vegetação. “Isso deveria ser uma das coisas mais naturais para um roedor, mas pela falta de consciência e entendimento das pessoas, o animal foi privado de algo básico e essencial”, lamenta.
A bióloga reforça que capivaras não são animais urbanos e que elas são protegidas pelas leis da constituição. “As capivaras não constam na lista de animais considerados domésticos pelo Ibama, ou seja, é ilegal criar e manter um animal silvestre fora do habitat natural.”
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Até 75 quilos
Uma capivara adulta pode pesar até 75 quilos, a média de expectativa de vida é de 12 anos. A reprodução do maior roedor do mundo pode ocorrer mais de uma vez por ano, com ninhadas de até cinco filhotes, explica a veterinária do MiniZoo, Isadora Luzza Favreto.
“No geral, as pessoas capturam as capivaras ainda filhotes. O animal que foi retirado da natureza perde a capacidade de procurar alimento sozinho, as chances de sobrevivência ficam reduzidas. Mesmo os que conseguem ser resgatados, a maioria tem o destino condenado a viver em locais que simulam o mais próximo possível do habitat natural deles”, acrescenta.
O que fazer ao encontrar uma capivara
Ao encontrar uma capivara, a recomendação muda conforme cada situação. No caso de animais que estejam soltos e em perigo (ou seja, feridos), a população deve contatar o MiniZoo de Canoas pelo telefone e WhatsApp: (51) 99787-1078. O horário de funcionamento do local é das 8 às 18 horas, todos os dias. Em caso de situação de cativeiro, a denúncia precisa ser feita para a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMMA) do município, pelo telefone (51) 3236-1800.
Os animais silvestres são protegidos pela lei e maltratá-los é crime, conforme a Lei de Crimes Ambientais 9.605/98.
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