Membros da Associação Canelense dos Artesãos realizaram no início da noite da segunda-feira (10), uma carreata como forma de protesto em frente à Prefeitura e Câmara de Vereadores de Canela. O objetivo da mobilização era sensibilizar o Legislativo e a comunidade sobre a situação de incerteza que os profissionais que hoje trabalham nas casinhas vivem, após uma possível concessão da Casa de Pedra e a saída deles deste espaço.
A manifestação foi prolongada, ainda, durante a sessão ordinária do Legislativo. Com cartazes com dizeres como “Queremos nossos direitos”, “Socorram os artesãos” e “Respeito aos 40 anos de trabalho”, os profissionais estiveram presentes para acompanhar a votação por parte dos parlamentares em relação ao veto do prefeito Constantino Orsolin sobre a emenda do vereador Jerônimo Terra Rolim. A emenda determina que os artesãos poderão permanecer na atual área, mesmo se o complexo for concedido para a iniciativa privada.
O veto foi derrubado pela Casa do Povo, com seis votos que pediram pela revogação: Jerônimo Terra Rolim, Felipe Caputo, Merlin Jone Wulff, José Vellinho Pinto, Alberi Dias e Carmen Lúcia Seibt de Moraes.
Os artesãos também ocuparam a Tribuna do Povo. Quem subiu para representar a classe foi Izabel Ribeiro Dias, filha de um dos fundadores da Associação. “Desde 2018 estamos passando por um problema, o governo municipal querer nos remover do espaço que ocupamos hoje em dia. Não sabemos qual a finalidade de querer nos remover dali, mas desde o início não concordamos com a iniciativa. Somos a única organização de artesãos restante da cidade. Contamos com 22 artesãos e cabanas, somos um ponto turístico. Arcamos com todos os custos, como manutenção, energia e jardinagem, nunca tivemos ajuda do Poder Executivo”, afirma Izabel.
Ela ainda reitera a importância da história que foi construída há décadas na área que hoje é ocupada pelos artesãos. “Esse espaço foi cedido para nós há mais de 40 anos, pelo prefeito da época. Queremos o que é de nosso direito, permanecer naquele espaço que nos foi cedido e hoje é um patrimônio cultural da cidade. Muitos dependem desse espaço para sustentar as famílias, a maioria são pessoas de mais idade, não conseguiriam um espaço no mercado de trabalho. Retirar as casinhas do nosso local é como arrancar a história da nossa cidade, a arte e a cultura”, complementa a representante.
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Ideia da Prefeitura de Canela
A Prefeitura de Canela já havia participado de duas reuniões com a Associação e reiterado a vontade de manter um espaço para este comércio, mas sem vincular a emenda ao projeto. Ainda, tanto o prefeito Constantino Orsolin, quanto o secretário de Governança, Gilmar Ferreira, já apontaram que, com a concessão da Casa de Pedra, os artesãos teriam um espaço próprio para apresentar e comercializar seus produtos na Praça João Corrêa.
Para o secretário, há um entendimento e respeito pela decisão do Legislativo em votar contrário ao veto. “São dois poderes independentes e temos que respeitar a decisão da Câmara
Um pré-projeto, inclusive, já foi montado pelo Executivo, com o novo padrão das casinhas. Seriam 16 estruturas, de 12 metros quadrados de área construída em cada. Inclui, ainda, varanda com cobertura em todas as unidades e acessibilidade. Esta proposta, conforme o secretário, foi apresentada aos artesãos. “O principal medo deles é perder o espaço de trabalho. Vale ressaltar que, no momento da concessão da Casa de Pedra, no momento de construção do edital, terá que ficar claro as garantias da área para onde eles podem ser deslocados e os direitos. É o Poder Executivo que fará esse edital”, justifica Gilmar.
Entretanto, sem garantias jurídicas no atual momento, a Associação teme ficar sem um espaço na área central do município. “Diante de tantas promessas, é bem difícil. Pensamos para que gastar tanto em novas casinhas para os artesãos? Por que não usam esse dinheiro público para reformar a Casa de Pedra e utilizá-la para pôr outros artesãos, colocar a feirinha orgânica ali, para que todos fiquem juntos”, pontua a presidente da Associação, Juliana Graziola.
O secretário Gilmar reforça que, com a derrubada do veto, o próximo passo será agendar uma reunião com a Associação dos Artesãos e ver de que maneira se construirá o futuro das casinhas. A transferência para um espaço na Praça João Corrêa, por enquanto, mantém-se aberta para os profissionais, caso as negociações permaneçam.