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RISCO AMBIENTAL

Ameaça do lixo se aproxima das torneiras de Canoas

Entulhos represados no Rio Gravataí avançaram após a forte chuva

Publicado em: 16/02/2023 às 11h:22 Última atualização: 24/01/2024 às 14h:10
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Aproximadamente 67 milímetros de chuva sobre a Bacia do Gravataí foram responsáveis pela queda da primeira linha de defesa contra o avanço do lixo represado em Cachoeirinha. A chuva da noite de terça-feira (14) elevou o nível do Rio Gravataí e causou o deslocamento, por cerca de 300 metros, do material descartado irregularmente que está boiando há dias sobre o leito do rio na cidade vizinha.

 Cenário de poluição impressiona frequentadores de área em Cachoeirinha



Cenário de poluição impressiona frequentadores de área em Cachoeirinha

Foto: FOTOS PAULO PIRES/GES

Correndo contra o tempo, a Prefeitura de Cachoeirinha assinou um contrato no valor de R$ 1,3 milhão com uma empresa especializada na remoção de resíduos. Os trabalhos de remoção tiveram início ao final da tarde desta quarta-feira (15). Segundo o prefeito Cristian Wasem, é prioridade eliminar os riscos de que o lixo ultrapasse os limites da cidade.

“Isso não é lixo comum”, explicou. “É um lixo poluído que precisa ser retirado da água o mais depressa possível. Só não conseguimos dar início aos trabalhos antes porque há tramitação legal que exige contratos bem firmados com uma empresa especializada. Além disso, era necessário conseguir autorizações para poder mexer na bacia do Gravataí”, esclareceu.

Ecobarreiras

Com receio que os entulhos descessem o Gravataí e se espalhassem em direção a Porto Alegre e Canoas, ainda na semana passada, a Prefeitura de Cachoeirinha instalou barreiras de contenção na água.

As boias foram deixadas inicialmente na área de aproximadamente 100 metros quadrados onde está concentrada a maior parte do lixo, junto ao dique que fica no limite entre Cachoeirinha e a capital, além de uma nova debaixo da ponte que liga as duas cidades.

“As ecobarreiras foram criadas como solução paliativa, mas todas as providências para a remoção foram tomadas”, frisa Wasem. “Afinal, este é um problema de todos os nove municípios banhados pelo Gravataí”.

Ambientalistas estão de olho no problema

A denúncia ambiental em Cachoeirinha acabou mobilizando também a comunidade em torno do problema. Ambientalistas da cidade e também de longe dela estão sensíveis à causa.

Nelson Postay faz parte do Movimento Ecológico Livre. Ele conta que em parceria com amigos e parentes conseguiu promover um pequeno serviço de limpeza, durante o último final de semana, na área.

“A gente tirou o que conseguiu, mas é muito material. Tem inclusive muita coisa debaixo d’água pelo que deu para perceber”.

Ao fazer a remoção na beira do rio, o ambientalista apontou ficar claro que grande parte do material na água parece ter saído de um mesmo lugar.
“São caixas e caixas de isopor”, aponta. “É possível identificar até a empresa, que é de Alvorada, pelo que está escrito no isopor”.

População

Morador da área onde está o lixo em Cachoeirinha, Diogo Corrêa aponta que até o primeiro dia do ano, o lixo não estava naquela parte do rio.

“Quem mora na área sabe que até o primeiro dia do mês não tinha nada ali. Não é uma área erma. Tem casas e pessoas passando por ali”, opina. “Pra mim, um caminhão fez o descarte irregular e a água da chuva levou o lixo rio abaixo”.


Prefeito Cristian Wasem aponta que o lixo é poluído



Prefeito Cristian Wasem aponta que o lixo é poluído

Foto: PAULO PIRES/GES


Canoas monitora de perto a situação em Cachoeirinha

O caso de lixo acumulado no Rio Gravataí veio à tona quando denúncias dos moradores de Cachoeirinha levaram autoridades do meio ambiente até uma área com cerca de 100 metros tomada por entulhos. São milhares de garrafas de plástico, embalagens de leite e iogurte, latas de sardinha e inseticidas, lâmpadas e pneus boiando na água.

Todo o material acumulado sobre parte do dique de Cachoeirinha acabou represado devido à estiagem. Isso porque o lixo estava descendo o leito do rio pela correnteza. Como o nível do Gravataí baixou, os resíduos acabaram barrados pela vegetação. Caso chova, seguirão caminho até o Guaíba e o Arroio das Garças, em Canoas.

Secretário adjunto de Canoas, Igor Sousa está acompanhando a situação. “Imaginamos que o destino deste lixo descendo o rio seja Porto Alegre, mas não queremos correr riscos, já que aquele trecho em Cachoeirinha é como se fosse o ponto de encontro entre as águas de Porto Alegre e Canoas.”

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