Alunos da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Três Coroas estão bombando nas redes sociais. Eles são os personagens principais de vídeos em que dançam e se divertem ao som das músicas que não param de tocar nas rádios da região. Sempre embalados por hits gaúchos e brasileiros, eles transformam um dia de aulas em um verdadeiro set de filmagem para gravar os clipes que, depois, viralizam na Internet e mostram a melhor face da solidariedade.
Os clipes são publicados no perfil @apaetrescoroas no Instagram. E a próxima produção será definida pelo mesmo público que tem deixado seus likes e comentários nos posts. Basta acessar o perfil e escolher uma das alternativas: “O amigo”, do Musical San Francisco; “Tudo bagunçado”, de Nav Son; e “Menininha”, do Tchê Garotos.
O projeto Clipe Inclusivo nasceu como uma ideia dos professores Marcelo Port Dias, do grupo de convivência, e Júnior Tavares Borba, da escolarização. Eles aproveitaram o entusiasmo que alunos e alunas já mostravam no grupo de dança folclórica alemã Freunde des Herzens – Amigos do Coração. Todo mundo participava do grupo, todo mundo topou a brincadeira, todo mundo agora se diverte ao ver o resultado do trabalho nas telas.
As gravações ocorrem nas terças-feiras, dia que a maioria dos alunos está na instituição por conta das aulas e atendimentos. Apenas último clipe – “A Pistoleira”, do grupo Corpo e Alma – teve outro “estúdio”, o CTG Querência do Mundo Novo. Antes, fizeram vídeos para “Galera de Cowboy” (Ana Castella), “Guardanapo” (Rainha Musical), “Nada Mudou” (Os Federais), “Perigosa” e “Linda e Pistoleira” (ambas do grupo Corpo e Alma).
O resultado ficou tão legal que as bandas Rainha Musical e Corpo e Alma compartilharam os vídeos em seus perfis. O clipe de “Pistoleira” tem 5,5 mil curtidas, quase 580 comentários e mais de 1,2 mil compartilhamentos, enquanto “Perigosa e Linda” recebeu mais de 1,2 mil likes, 320 comentários e 1,1 mil envios e republicações.
Visibilidade
Um dos astros dos vídeos, o aluno Patrick Fernando de Mattos é dos que mais se divertem com a função – desde a escolha da música até a hora de ver como ficou a gravação. “Esse projeto vai ficar marcado nas nossas vidas”, comemora o aluno de 30 anos. A opinião é geral, como diz a colega Beatriz Gomes da Silva, 47, que garante: todos se divertem muito.
A alegria que contagia as redes ajuda também a comunidade de Três Coroas a conhecer o trabalho desenvolvido pela Apae. Cicero Stahl, presidente da instituição que conta com 80 alunos, salienta que são feitos 1,2 mil atendimentos clínicos por mês. “É preciso acreditar nos professores e, também, nos alunos. Quando nos trazem ideias e projetos novos, damos a oportunidade. Essa brilhante ideia melhorou a visibilidade da Apae e dos próprios alunos”, explica.
A diretora Valéria da Silva Alves também destaca a alegria dos estudantes com os vídeos: “Para eles, a maioria das oportunidades que têm de socializar, de demonstrar suas suas habilidades e de se expressarem é na Apae. Já se apresentaram em outros lugares, até fora da cidade, e essa visibilidade é genial. É um projeto que veio para ficar.”
Um dos criadores do Clipe Inclusivo, Júnior Tavares queria que a população de Três Coroas pudesse conhecer seus alunos. Objetivo cumprido: “Nas ruas, as pessoas os reconhecem e cumprimentam, e eles ficam muito contentes. Isso mexe com a autoestima”, comemora.
O professor acrescenta que, mesmo com 52 anos de funcionamento, ainda há quem não conheça o trabalho feito pela Apae na cidade. “Ainda existe um olhar diferenciado. A ideia de valorizar nossos alunos com os clipes permitiu à comunidade conhecer melhor o que fazemos, e o quantos todos eles são capazes”, completa Júnior.
Outros trabalhos
A iniciativa faz parte de um programa mais amplo coordenado pela Apae: é o Eu nas Redes. Os próprios alunos gravam podcasts, notícias e chamadas para promoções da entidade, como explica o professor Marcelo Port. “Tudo começou com o objetivo de compartilhar o que a Apae oferece para a comunidade. Ainda há famílias de pessoas com deficiência que, por preconceito, não trazem seus filhos para cá. Queremos quebrar essas barreiras, e o Clipe Inclusivo mostra como nossos alunos são autênticos e ressalta a potencialidade de cada um”, finaliza Marcelo.
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