CHURRASCO SALGADO
Alta no preço da carne bovina intimida assadores em Canoas
Consumidores e donos de churrascarias buscam cortes alternativos
Última atualização: 17/01/2024 15:01
A inflação da carne de origem acumulou nos últimos 12 meses, encerrados em novembro, em 6,1% na região metropolitana de Porto Alegre. A segunda maior alta do país, ficando atrás apenas de Recife (PE), com elevação de 6,17%. No Brasil, a inflação da proteína animal ficou 2,58% apontam os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Cortes de carne, como costela (11,21%) e picanha (7,79%) estão entre os com maior variação de valores. Para tentar driblar a alta nos preços, consumidores e donos de churrascarias buscam alternativas para manter a queridinha dos gaúchos no prato, a carne de origem bovina.
"Escolhemos por não ter espeto corrido completo. Ofertamos para os clientes opções mais acessíveis, de médio e baixo custo", ressalta o sócio-proprietário da churrascaria Granito, Mauro Bortolini.
O dono explica que não serve cortes considerados mais nobres, como picanha e filé, por causa dos altos preços. "Já tivemos um aumento considerável na costela. Tentamos não repassar para o consumidor. Nosso público não é de alta renda, somos uma opção mais popular para quem não quer deixar de comer carne mesmo com pouco dinheiro", completa Bortolini.
O local oferece buffet livre com direito até 3 pedaços de carne por R$ 16,00 e o mini espeto corrido por R$ 45,00. "No buffet os pedações são de costela ou vazio. Já no corrido é agregado também maminha e às vezes alcatra, mas isso depende de conseguirmos uma promoção", justifica o sócio-proprietário.
A colaboradora do estabelecimento Mariana Bortolini conta que o movimento nesse período de férias de verão oscila. "Nosso público fiel é majoritariamente composto por pessoas que trabalham na região. E isso não muda tanto, embora alguns dias tenham sido de menor fluxo", evidencia.
Alta no preço
O doutor em economia, Moisés Waismann, fala sobre os motivos que contribuem para a carne bovina estar mais cara região metropolitana de Porto Alegre. "A diminuição no número de terras com criação de gado e também de frigoríficos, além da alta taxa de câmbio em relação ao dólar", aponta.
Desafios na política e economia
O economista Waismann explica o que o maior o atual governo federal precisará primeiro transparecer segurança para os produtores. "É preciso estabilidade política e econômica para poder trabalhar a baixa da inflação, dos juros e do dólar", informa o também professor universitário.
Waismann alerta que os preços da carne são nivelados pelo mercado internacional, ou seja, em dólar. "O nosso gado é alimentado ração à base milho e soja. São commodities que também são niveladas pela moeda estrangeira", ressalta.
Futuro da produção, custos e preço
Waismann lembra que o Rio Grande do Sul já foi autossuficiente na produção de carne bovina, porém a partir da década de 2000, o cenário começou a mudar. "Hoje, precisamos importar de Estados como Goiás e Mato Grosso do Sul, por exemplo. Isso onera mais ainda o preço da carne", salienta.
Para o economista, a produção no Estado só aumentará se houver incentivos do governo e estabilização econômica.