Quase 12 anos após a primeira fase e sete depois da última etapa, o Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS) deflagrou, nesta quarta-feira (11), a Operação Leite Compensado.
O principal alvo é uma empresa de laticínios localizada no bairro Empresa, em Taquara, no Vale do Paranhana, onde foi constatada a adulteração de leite e derivados com substâncias nocivas à saúde, como soda cáustica e água oxigenada.
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A investigação descobriu que o químico industrial conhecido como “alquimista” – figura central de fases anteriores da operação – estava novamente atuando, desta vez na empresa de Taquara.
O químico, que não teve a identidade divulgada, foi preso preventivamente, junto ao sócio-proprietário da indústria Dielat e dois gerentes, durante o cumprimento de quatro mandados de prisão e 16 de busca e apreensão, realizados em Taquara, Três Coroas, Parobé, Imbé e em São Paulo.
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Adulterações e irregularidades
Segundo o promotor de Justiça Mauro Rockenbach, da Promotoria Especializada Criminal de Porto Alegre, o “alquimista” aprimorou suas práticas criminosas, desenvolvendo fórmulas que dificultam a detecção de irregularidades.
Ele utilizava soda cáustica para ajustar o pH do leite e água oxigenada para recuperar produtos em deterioração. Além disso, foi constatado o reprocessamento de produtos vencidos e a presença de sujeira e “pelos indefinidos” nas embalagens.
Os produtos adulterados, como leite UHT, leite em pó, compostos lácteos e soro de leite, são distribuídos em larga escala para todo o Brasil e até para a Venezuela. A empresa de Taquara, inclusive, venceu licitações para fornecer laticínios a escolas de uma cidade paulista.
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O químico já havia sido preso na quinta fase da operação, em 2014, por adulterar produtos com soda cáustica e bicarbonato de sódio em uma indústria de Imigrante, no Vale do Taquari. Ele estava impedido pela Justiça de trabalhar no setor, mas ainda aguardava a instalação de tornozeleira eletrônica e o desfecho judicial de processos anteriores.
Para o promotor Alcindo Luz Bastos da Silva Filho, da Promotoria de Defesa do Consumidor, a reincidência do “alquimista” expõe lacunas no cumprimento das medidas judiciais. “Ele aprimorou as práticas criminosas e continua colocando a saúde pública em risco, enquanto os processos contra ele ainda aguardam desfecho”, afirmou.
A reportagem tenta contato com a empresa Dielat. O espaço está aberto para manifestação.
Confira o vídeo da Operação Leite Compensado:
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Investigações em andamento
As análises iniciais confirmaram a presença de substâncias prejudiciais à saúde, mas exames detalhados ainda estão sendo realizados para identificar os lotes contaminados. A Justiça não autorizou a divulgação das marcas envolvidas até o momento.
A ofensiva foi coordenada pelo Gaeco e contou com apoio de 110 agentes, incluindo representantes do Ministério da Agricultura e Pecuária, Receita Estadual, Fepam e Polícia Civil. A operação também revelou que a empresa utilizava termos como “vitamina” e “receita” para disfarçar as fórmulas adulteradas e dificultar a fiscalização.
Os promotores envolvidos destacam a gravidade das irregularidades e a importância de um desfecho rigoroso. “A adulteração é um crime que não só viola a confiança do consumidor, mas também compromete diretamente a saúde pública”, reforçou Rockenbach.
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A operação segue em andamento, e mais informações deverão ser divulgadas após novas análises e investigações.
O que diz o MP sobre a investigação:
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