PREMIAÇÃO NACIONAL

Aldeia Kaingang conquista recurso para construir museu indígena em Canela

A proposta visa mostrar a cultura ancestral, com a importância do turismo regional

Publicado em: 28/06/2024 03:00
Última atualização: 30/06/2024 16:05

A Aldeia Kaingang, localizada na Floresta Nacional de Canela (Flona), foi contemplada com a premiação de edital do governo federal. O concurso do Ministério da Cultura é denominado como Prêmio Culturas Indígenas - Vovó Bernaldina. O processo iniciou ainda em agosto do ano passado e teve o resultado divulgado pelo Diário Oficial da União no final de abril.

Cacique Maurício Salvador é um dos membros da aldeia Foto: Divulgação

No total de 110 premiados, a comunidade Kógunh Mág, na categoria a qual participou a aldeia de Canela, obteve a 6ª colocação. O edital tinha como objetivo valorizar as identidades e preservar os saberes ancestrais e tradicionais, com a promoção da inclusão e da visibilidade dos povos indígenas na sociedade, combatendo estereótipos e fortalecendo a autonomia. 

A ideia que resultou no recurso de R$ 30 mil foi a construção do primeiro museu Kaingang do Rio Grande do Sul. "Essa proposta foi pensada desde o início do processo de demarcação do território. Surgiu o edital da Vovó Bernaldina, uma premiação dada a comunidades que desenvolvem questões culturais intensa e forte dentro das comunidades. Dentro do edital tinha que especificar o que seria feito com o valor da premiação, o que a comunidade poderia apresentar ao público", explica o cacique Maurício Ven-tãin.

A proposta visa mostrar a cultura de sua aldeia, com a importância do turismo regional. "Será um cartão-postal da comunidade, onde vão ser apresentados atividades, artefatos, artesanatos. Vários itens que compõem a cultura do nosso povo Kaingang, estarão expostas dentro", pontua a liderança.

Local e início

A aldeia quer que a Flona, local onde residem, seja o ponto onde a sociedade e turistas possam desfrutar do conhecimento histórico e atualizado do povo indígena. “É uma forma de reconhecimento da tradicionalidade, da cultura, mas também da origem do povo Kaingang nessa região, reconhecendo essa região como território tradicional indígena, como terra indígena acima de tudo. Esse museu vai ser uma ferramenta muito importante no esclarecimento”, afirma.

A proposta é analisada pelo ICMBio, para entender qual área e se será possível utilizar para estes fins. O local é uma unidade de conservação federal.

O valor da premiação, entretanto, é ainda inicial para construir o museu. “Vimos que esse valor é menor do que o necessário. Por isso, futuramente vamos fazer campanhas de arrecadação, parcerias, para buscar mais recursos, para que esse museu tenha espaço adequado, amplo, onde a gente possa apresentar a diversidade da nossa cultura, costumes e tradições”, frisa o cacique.

O espaço cultural deverá ser aberto ao público, com espaço de visitação, onde também existam as práticas culturais. A proposta também é fomentar a ida de escolas. “A Flona já possui visitação e será mais uma atração de educação, conhecimento e sabedoria, que é o que queremos oferecer.”

Desde o final de abril, diversas reuniões vêm sendo feitas. “Conversamos com pessoas qualificadas, que vão ajudar a desenvolver o projeto, desde materiais a serem utilizados para construção, até questões como parte interna e estamos pensando no telhado também”, finaliza Maurício.

Essas definições devem ocorrer nos próximos meses.

Homenagem

A premiação homenageia a liderança indígena Bernaldina José Pedro, da comunidade Maturuca da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima. Ela era conhecida como Vovó Bernaldina e mestra da cultura Macuxi. Conforme o Ministério da Cultura, possuía conhecimentos milenares do povo indígena, como cantos, danças, artesanatos, medicina tradicional e rezas. Foi uma das mulheres protagonistas na defesa da homologação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol e, sempre que podia, denunciava a violência contra os povos indígenas.

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