CATÁSTROFE NO RS

"Ainda é cedo para voltar para casa em segurança", alerta meteorologista Estael Sias na Rádio ABC 103.3 FM

Ela se emocionou ao falar sobre a sua casa que também foi alagada pela enchente; veja vídeo

Publicado em: 10/05/2024 19:37
Última atualização: 10/05/2024 19:38

Na tarde desta sexta-feira (10), a meteorologista Estael Sias, da MetSul Meteorologia, participou do plantão especial da Rádio ABC 103.3 FM sobre a enchente histórica que assola o Rio Grande do Sul. Ela falou sobre os prognósticos para os próximos dias no Estado, que pode ter acumulado de chuva de até 300 mm em algumas localidades gaúchas.


Estael Sias participou do programação da Rádio ABC 103.3 FM na tarde desta sexta-feira (10) Foto: Reprodução/Rádio ABC 103.3 FM

“Ainda é cedo para voltar para casa em segurança”, alertou. De acordo com Estael, o volume de chuva excessivo pode provocar repique da enchente em cidades já castigada pelos desastres. A chuva deve persistir até segunda-feira (13) em todo o território gaúcho.

A meteorologista também destacou que cidades não alagadas, como no litoral norte, onde algumas pessoas buscaram refúgio das enchentes de outras regiões, registraram alagamentos com a chuva desta sexta. Em Porto Alegre, áreas que ainda não haviam sido afetadas também foram atingidas por conta da chuva.

Além disso, ela também revelou preocupação geológica por conta do risco de deslizamentos e queda de barreiras, especialmente na Serra. “O solo certamente ainda não se recuperou, embora tenha tido sol e até calor. Então, preocupa voltar a chuva nesta quantidade nos campos de Cima da Serra, na região das hortênsias”, explica. “A gente sabe que quando chove muito lá (serra), essa água toda, inevitavelmente, vai escoar pelos vales e formar correnteza, trazendo repique de cheia no sistema Taquari/Antas. Caí e Sinos também serão impactados”, completa.

Sobre a situação do Guaíba, Estael diz que a baixa do nível da água, ainda que lenta, é positiva, pois “quando toda essa água chegar o Guaíba mais baixo, seria crítico se encontrasse naquele pico lá de 5,30 metros.”

A meteorologista destaca que os rios, de forma geral, estão baixado e quando receber toda essa água prevista, estarão ainda baixo. “É inevitável que haja um repique de cheia. É cedo para voltar para casa. É preciso que cada município tenha cuidado com isso”, reforça. Ela ainda recomenda que a população fique atenta aos alertas e orientações das autoridades. “Então é ouvir a Defesa Civil local, que conhece as nuances, as áreas de risco”, pontua.

Estael prevê que os efeitos desse novo episódio de chuva volumosa serão sentidos, inicialmente, na cabeceira do Taquari, entre quarta e quinta-feira (16). E depois nas demais localidades até chegar no Guaíba por volta do dia 20 de maio. “Estaremos nesse nível de emergência, pelo menos, nos próximos 10 ou 15 dias. Depois vai baixando e as pessoas vendo onde é possível voltar para casa”, observa. 

As temperaturas devem despencar nos proximos dias no RS. Conforme Estael, entre a terça e a quarta-feira (15), o frio deve ser rigoroso. Após terão dois ou três dias de trégua da chuva, mas as temperaturas não devem se elevar. Depois a instabilidade retorna. "Vai diminuir o frio, diria, mas ficaremos em um padrão de outono", afirma. 

"Eu jamais imaginaria ser vítima de uma enchente", conta Estael

Na entrevista, Estael revelou que mora no bairro Harmonia, em Canoas, e que desde sexta-feira (2), está fora de casa. O local onde reside com a família foi alagado no dia seguinte. "É muito doloroso. É muito angustiante. Eu jamais imaginaria ser vítima de uma enchente", diz.  

A metorologista ainda disse que conhece o histórico do seu bairro. "Sabia que na década de 1960 foi alagado. Mas também sabia que tinham diques e sistema de proteção da cidade", comenta. Ela foi acolhida na casa de amigos em Porto Alegre e afirma que os filhos estão bem. 

"É uma situação bem difícil a decisão de sair de casa. De imaginar o que vou encontrar quando voltar. Estou firme, estou forte e acho que trabalhando é a melhor forma de lidar com isso, porque continuo ajudando as pessoas", conta emocionada. Ela também lamentou por outras pessoas que perderam as suas casas, trabalho e forma de sustento. "Todos nós vamos nos unir e nos ajudar", enfatiza. 

 


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