Desde a invenção do arado, a evolução dos equipamentos agrícolas tem demonstrado que a força física está cedendo espaço para a tecnologia. E nos últimos anos, o uso do drone começa a se consolidar como uma ferramenta que chega onde tratores e aviões agrícolas não dão conta. Também representam um alívio para a coluna de agricultores que podem se livrar do pulverizador carregado nas costas.
Usado principalmente para pulverização de defensivos (biológicos ou herbicidas), os drones se tornaram viáveis financeiramente desde os últimos três anos. É possível inclusive financiar um equipamento com o mesmo tipo de recurso que se financia um trator, por exemplo. Alguns kits usados para pulverização chegam a custar até R$ 100 mil, mas também é possível contratar empresas que lidam com prestação de serviço de drones agrícolas.
Diversos esforços ocorrem para abrir caminho para a tecnologia no meio rural. Por conta da versatilidade que o uso desses equipamentos proporciona, organizações como Emater/Ascar-RS e o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-RS), por exemplo, são facilitadores do emprego dessa tecnologia. É útil para fruticultores e criadores de rebanho.
“Vai depender muito da atividade que ele (produtor rural) está exercendo na propriedade E o interessante é a gente apresentar essas possibilidades para o produtor tentar encaixar essa tecnologia na realidade dele”, observa o engenheiro agrônomo e técnico de formação rural do Senar-RS, Henrique Padilha.
O gerente-geral da Emater, Elias Kuck, observa que tem sido crescente o uso dessa tecnologia no campo nos últimos três anos, mas mais fortemente do ano passado para cá. Os drones estão mais viáveis agora, explica Kuck, o próprio equipamento evoluiu em termos de duração de bateria e capacidade para execução do serviço.
Com isso, notou-se que a relação custo-benefício é positiva ao produtor rural. Em uma lavoura de soja, por exemplo, é possível utilizar o drone para fazer uma pulverização localizada, em áreas que apresentam crescimento anômalo. “O drone permite que se faça essa pulverização sem que ocorra o amassamento da soja”, explica. Isso significa que o produtor evita perda do grão por amassamento caso executasse esse serviço com trator.
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Emater auxilia no projeto de financiamento
A Emater auxilia agricultores não só apresentando as novas tecnologias, como também para a aquisição de equipamentos. Kuck explica que a empresa presta apoio para elaboração de projeto para financiamento de drones, por exemplo. “Auxiliamos na elaboração da viabilidade técnica e também oferecemos a capacitação aos agricultores.” Na região, agricultores de Nova Hartz e Montenegro já participaram de dia de campo com Emater sobre o uso de drones.
Dois usos distintos
O uso de drones na agricultura se dividem em dois segmentos: equipamentos para aplicação de líquidos e sólidos e drones de monitoramento, segundo afirma Roberto Negreiros Ribeiro.
Os drones de aplicação têm seus softwares dedicados para essa função. Com esse dispositivo, o piloto mapeia a área, informa a altura, largura de faixa, taxa de aplicação desejada e velocidade e após a decolagem. É possível colocar o drone em modo automático e o equipamento executa a missão conforme programado.
Já os drones de monitoramento possuem softwares diferentes, que vão desde a programação do voo até a interpretação das informações coletadas que podem ser imagens ou outros sensores.
Utilizações no campo são amplas
• Captura de imagens mais detalhadas e precisas;
• Monitoramento de áreas de fácil ou de difícil acesso;
• Identificação precoce de problemas que atingem a lavoura, como falhas de plantio, pragas e doenças;
• Pulverização mais precisa de insumos agrícolas, que podem ser aplicados somente nas áreas que apresentam algum déficit ou problema;
• Supervisão de grandes áreas num curto espaço de tempo;
• Facilita o monitoramento de todas as etapas da lavoura, desde o plantio até a colheita;
• Permite que o agricultor identifique problemas com antecedência. Assim, pode tomar medidas com maior assertividade, visando o bom desenvolvimento das plantas e a produtividade da safra.
Senar difunde uso de drones desde 2020
No início de 2020, o Senar-RS iniciou formações para uso de drones. A proposta é formar produtores rurais para incorporar o drone como ferramenta no dia a dia. O curso ocorreu semipresencial por conta das restrições da pandemia, mas com o tempo ganhou espaço também em feiras do setor agrícola. Para este ano, a proposta é abrir turmas totalmente presenciais.
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