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Agronegócio e repasse de recursos freiam queda do PIB no Rio Grande do Sul após as cheias

Redução em relação ao primeiro trimestre foi de 0,3%, apesar das enchentes em maio

Publicado em: 24/09/2024 20:25
Última atualização: 24/09/2024 20:26

Uma queda muito abaixo de 1% no Produto Interno Bruto (PIB) do Rio Grande do Sul surpreendeu os próprios técnicos do governo. A economia gaúcha no segundo trimestre de 2024, marcado por eventos meteorológicos extremos, registrou variação negativa de 0,3% na comparação com o trimestre anterior.

O desempenho nos três grandes segmentos no período entre abril e junho apontou alta nas atividades ligadas à agropecuária (+5,3%), variação de 0,1% nos serviços e queda de 2,4% na indústria, também em comparação ao trimestre anterior. No mesmo período, o Produto Interno Bruto (PIB) do país registrou crescimento de 1,4%.


Crescimento de 43,8% na produção de soja em 2024 ajudou no desempenho geral Foto: Gustavo Mansur/P. Piratini

A apresentação dos resultados do PIB do Rio Grande do Sul, elaborado pelo Departamento de Economia e Estatística da Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (DEE/SPGG), ocorreu na terça-feira (24), com a presença da titular da SPGG, Danielle Calazans.

O resultado, que contempla meses da crise causada pelas enchentes registradas em maio, demonstra poucas perdas no agronegócio e reforça a cada vez mais crescente dependência da economia gaúcha dos resultados vindos do campo.

Em relação ao mesmo trimestre de 2023, a economia do Rio Grande do Sul cresceu 4,6%, puxada pelo desempenho da agropecuária (+34,6%). Na mesma base de comparação, a alta no PIB do país foi de 3,3%.

Também em relação ao mesmo período do ano passado, a indústria apresentou retração de 1,7% no segundo trimestre, influenciada pelo desempenho negativo de 6,5% da indústria de transformação, a principal do segmento.

Queda na indústria

Das 14 principais atividades industriais, dez apresentaram queda, com destaque para o setor de máquinas e equipamentos, que teve uma retração de 26,3%. O segmento de eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana foi o que mais cresceu, com alta de 37,9%. (Com informações de Eduardo Amaral)

Comércio foi fundamental para desempenho do setor de serviços

Nos serviços, o Rio Grande do Sul apresentou alta de 2,4% no segundo trimestre em relação ao mesmo período de 2023. Entre os segmentos da área, o comércio puxou os números positivos, com alta de 5,1% no trimestre, seguido dos serviços de informação (+3,9%).

Entre as dez principais atividades comerciais, seis tiveram desempenho positivo, em especial a de hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebida e fumo (+12,1%), móveis e eletrodomésticos (18,8%) e artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (+9,7%).

“O governo tem trabalhado arduamente para a recuperação do Estado após os efeitos dos eventos meteorológicos que atingiram o território em maio. Após dois anos de estiagens e as inundações recentes, os números do PIB demonstram a resiliência da população gaúcha e auxiliam a orientar as políticas em desenvolvimento para superarmos este momento de dificuldades”, ressaltou Danielle Calazans.

Injeção de recursos dos governos federal e estadual foi determinante

Técnicos do DEE/SPGG apontaram que a injeção de recursos dos governos federal e estadual foram determinantes para que o Rio Grande do Sul conseguisse manter o ritmo de crescimento econômico, mesmo no período mais crítico durante e no pós-enchentes.

“Injeção de recursos diretamente na mão de pessoas atingidas, chega e já vai para o comércio”, explicou o pesquisador do Departamento de Economia e Estatística, Martinho Lazzari, em referência ao dinheiro de programas governamentais que foram depositados diretamente na conta de pessoas atingidas pelas cheias.

Um dos segmentos industriais diretamente beneficiado foi o de móveis, que cresceu mais 20% na comparação com o segundo trimestre de 2023.

Nos números acumulados dos últimos quatro trimestres (do 3º trimestre de 2023 ao 2º trimestre de 2024), o PIB do Rio Grande do Sul apresentou crescimento de 2,6%, enquanto no Brasil a alta foi de 2,5%.

Acumulado do ano

No acumulado do primeiro semestre do ano, o PIB do Rio Grande do Sul teve crescimento de 5,4% contra 2,9% do Brasil. A recuperação da produção agrícola em 2024 em relação ao ano anterior, ainda afetado por estiagem, marcou os números da agropecuária.

Entre os principais grãos, houve crescimento de 43,8% na produção de soja e de 13,6% na de milho e variação de -0,3% na cultura de arroz. No mesmo período no Brasil, o segmento registrou queda de 2,9%. Nesta mesma base de comparação, a indústria gaúcha cresceu 0,2%, e os serviços, 2,7%.

“As enchentes causaram impactos significativos na economia gaúcha, resultando em quedas expressivas nas produções agropecuária, industrial e de serviços em maio”, atesta o pesquisador do DEE/SPGG, Martinho Lazzari.

“No entanto, a partir de junho, a produção industrial começou a se recuperar, a construção voltou a crescer, e as vendas no comércio atingiram o maior nível da série, sinalizando um movimento de retomada econômica, ainda que não generalizada para todas as atividades”, avaliou o pesquisador.

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