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AGRONEGÓCIO

Agricultura castigada pelas cheias dos rios Caí e Sinos

Laudo da Emater-RS aponta prejuízo superior a R$ 74 milhões na safra 2023/2024 em Nova Santa Rita

Taís Forgearini
Publicado em: 28/11/2023 às 13h:42 Última atualização: 28/11/2023 às 13h:43
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“Situação dramática e agricultores atordoados”, avalia o engenheiro agrônomo da Emater-RS em Nova Santa Rita, Igor De Bearzi, sobre o atual cenário da agricultura no município. Com 40% do território atingido pelas águas dos rios Caí e Sinos, Nova Santa Rita passa pela maior enchente desde 1941. A perda de receita esperada na safra 2023/2024 ultrapassa os R$ 74 milhões.

Todos os sistemas produtivos do município foram afetados



Todos os sistemas produtivos do município foram afetados

Foto: Igor De Bearzi/Divulgação

O laudo com a estimativa de perdas produzido pela Emater-RS aponta grave crise no setor agrícola em decorrência das chuvas excessivas e inundações. As lavouras de arroz, milho, hortaliças e melão estão com o solo encharcado. Segundo Bearzi, dos 4.500 hectares de área destinada para a produção de arroz (convencional e orgânico), o prejuízo foi de R$ 57,9 milhões. “Dos 80% de área já plantada, 95% foi perdida, diz.

A perda de 45% da plantação de milho totaliza prejuízo de R$ 1,2 milhão. As lavouras de hortaliças, como alface, couve-flor, rúcula, tomate, repolho, tiveram 65% da produção perdida, o equivalente a R$ 11,5 milhões.

Conhecida como a “cidade do melão”, Nova Santa Rita amarga a perda de mais de mil toneladas da fruta. “85% da área plantada foi perdida, o que representa cerca de R$ 3,6 milhões da receita esperada”, explica o engenheiro agrônomo.

A perda em receita esperada é calculada com base no valor, no estágio e na probabilidade correspondente da transação do produto. “A bovinocultura também foi afetada. O prejuízo dos produtores de leite está em torno de R$ 15 mil. A alimentação dos animais no pasto foi prejudicada”, salienta.

De acordo com Bearzi, todos os 417 estabelecimentos agropecuários na área rural do município sofreram danos. “Todos os sistemas produtivos foram afetados com algum grau de perda.”

Fenômenos climáticos

Segundo dados da Estação Meteorológica Braskem, entre o mês de setembro até 22 de novembro, o acumulado de chuva em Nova Santa Rita foi de 954 milímetros. “A média mensal é de cerca de 150 milímetros. Em menos de dois meses choveu equivalente a meio ano. É uma situação muito triste. Os agricultores estão abalados. No início do ano, eles foram castigados pela seca, na metade do ano, por um ciclone e de setembro até agora pelas fortes chuvas.”

Futuro incerto no campo

O engenheiro agrônomo da Emater-RS alerta para a possibilidade de alguns produtores rurais deixarem o setor agrícola em Nova Santa Rita. “Alguns estão acumulando prejuízos ao invés de prosperar na atividade. Os agricultores são resilientes, porém, estamos diante de uma sequência de tragédias climáticas. A Prefeitura tem dado suporte por meio de ações de cunho imediato, mas será necessário auxílio financeiro”, enfatiza.

Mudanças climáticas e auxílio

Para Bearzi, a “nova” realidade do campo está diretamente ligada aos fenômenos climáticos. “A ciência mostra que as mudanças climáticas vieram para ficar. A partir disso, os agricultores terão que repensar estratégias e práticas e os governos deverão elaborar políticas públicas de auxílio para o setor agropecuário”, defende.

Conforme o engenheiro agrônomo, os produtores devem entrar em contato com a Secretaria Municipal de Agricultura e a Emater-RS do município. “Estamos à disposição para orientar.”

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