SECA
Agricultores sofrem com estiagem à espera da construção de novos açudes na região
Programa estadual lançado em 2021 que prevê construção de microaçudes, cisternas e poços para enfrentar o período de seca, ainda não decolou na região
Última atualização: 22/01/2024 11:03
O histórico de estiagem dos últimos anos vem se repetindo em mais um verão. Até esta quarta-feira (25), 191 municípios haviam declarado situação de emergência ao Estado devido à seca. Para tentar amenizar os impactos gerados pelo calor, algumas das alternativas estão sendo iniciadas pelo programa Avançar na Agropecuária e no Desenvolvimento Rural, do governo do Estado, com a criação de reservatórios de água.
O programa, lançado em dezembro de 2021 e que integra o Eixo Estratégico Irriga RS, prevê a abertura de poços, microaçudes e cisternas para os municípios que demonstrarem interesse. No estado, mais de 450 cidades aderiram ao programa de microaçudes, sendo mais de 330 com convênios firmados e disponibilizando até 12 microaçudes por município e com até 20 por 40 metros. Outras 273 cidades foram contempladas com até três cisternas.
Entre os municípios contemplados com microaçudes está Taquara. A cidade já recebeu o repasse de R$ 62,2 mil para a instalação das infraestruturas necessárias para a construção de oito reservatórios e cisternas em propriedades contempladas. Em 2022, o município havia decretado situação de emergência em razão da seca.
O projeto agora está em fase licitatória. O agricultor Carlos Hisao Endo, 40, espera ansioso pelo reservatório de água. Produtor de hortaliças, ele foi um dos beneficiados com o microaçude e conta que sua produção já sofreu muito por conta do calor. "No verão passado a gente perdeu bastante. Plantamos mais de 1 mil mudas de alface e perdemos todas", relata.
Na propriedade de 17 mil metros quadrados, trabalham também os pais e o irmão do agricultor. A principal produção é de cebolinha, salsa, rúcula e couve, que são vendidos para restaurantes, fruteiras e mercados da região. Mas no verão eles se veem obrigados a plantar o que é mais resistente ao calor, como aipim, vagem, quiabo e tomate.
Mais um verão sem água
A alegria com a contemplação pelo programa ganhou espaço para a frustração com a demora para sair do papel. Taquara foi receber o dinheiro para a construção dos reservatórios somente em janeiro de 2023, mais de um ano após o lançamento do programa. O caso se repetiu em Morro Reuter, que recebeu a verba da contemplação também neste mês.
Na propriedade de Endo as estacas fixadas no solo demarcam o local onde o solo será escavado para dar lugar ao microaçude, que até o momento não passa de uma área tomada pelo pasto. "Já passou a época da primavera e estamos no verão. Agora que precisa de água, não tem. Quando o verão acabar e a estiagem também, e começar a vir a chuva, eles vão resolver fazer", avalia ele. O agricultor ainda afirma que este verão está com o calor acima da média também e que, por sorte, ele ainda tem água que vem de um poço para irrigar a plantação.
De acordo com o secretário estadual da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação do Rio Grande do Sul (Seapi), Giovani Feltes, a explicação para a lentidão é "devido as vedações do período eleitoral e a necessidade de excepcionalização das vedações do regime de recuperação fiscal, os projetos do Avançar da Secretaria de Agricultura tiveram anuência legal para sua realização em outubro de 2022".
Pancadas de chuva não amenizarão a estiagem
O fenômeno La Niña está ativo no verão dos últimos três anos e, como vinha ocorrendo, o inverno de 2022 não teve chuvas tão intensas que ajudassem a encher rios e açudes, de acordo com a meteorologista da MetSul, Estael Sias.
Para os próximos meses, as perspectivas não são as melhores. A meteorologista relata que, mesmo com o fim de janeiro e início de fevereiro tendo maiores frequências de chuva, não será o suficiente para trazer a umidade ao solo.
"As pancadas de chuva irão acontecer, eventuais temporais que, por vezes, trazem de 80 milímetros a 100 milímetros. Mas isso não ajuda porque esse tipo de chuva não infiltra", afirma Estael. Ela ainda diz que a chuva mais abrangente deve chegar apenas na segunda metade do outono e no inverno.
O histórico de estiagem dos últimos anos vem se repetindo em mais um verão. Até esta quarta-feira (25), 191 municípios haviam declarado situação de emergência ao Estado devido à seca. Para tentar amenizar os impactos gerados pelo calor, algumas das alternativas estão sendo iniciadas pelo programa Avançar na Agropecuária e no Desenvolvimento Rural, do governo do Estado, com a criação de reservatórios de água.
O programa, lançado em dezembro de 2021 e que integra o Eixo Estratégico Irriga RS, prevê a abertura de poços, microaçudes e cisternas para os municípios que demonstrarem interesse. No estado, mais de 450 cidades aderiram ao programa de microaçudes, sendo mais de 330 com convênios firmados e disponibilizando até 12 microaçudes por município e com até 20 por 40 metros. Outras 273 cidades foram contempladas com até três cisternas.
Entre os municípios contemplados com microaçudes está Taquara. A cidade já recebeu o repasse de R$ 62,2 mil para a instalação das infraestruturas necessárias para a construção de oito reservatórios e cisternas em propriedades contempladas. Em 2022, o município havia decretado situação de emergência em razão da seca.
O projeto agora está em fase licitatória. O agricultor Carlos Hisao Endo, 40, espera ansioso pelo reservatório de água. Produtor de hortaliças, ele foi um dos beneficiados com o microaçude e conta que sua produção já sofreu muito por conta do calor. "No verão passado a gente perdeu bastante. Plantamos mais de 1 mil mudas de alface e perdemos todas", relata.
Na propriedade de 17 mil metros quadrados, trabalham também os pais e o irmão do agricultor. A principal produção é de cebolinha, salsa, rúcula e couve, que são vendidos para restaurantes, fruteiras e mercados da região. Mas no verão eles se veem obrigados a plantar o que é mais resistente ao calor, como aipim, vagem, quiabo e tomate.
Mais um verão sem água
A alegria com a contemplação pelo programa ganhou espaço para a frustração com a demora para sair do papel. Taquara foi receber o dinheiro para a construção dos reservatórios somente em janeiro de 2023, mais de um ano após o lançamento do programa. O caso se repetiu em Morro Reuter, que recebeu a verba da contemplação também neste mês.
Na propriedade de Endo as estacas fixadas no solo demarcam o local onde o solo será escavado para dar lugar ao microaçude, que até o momento não passa de uma área tomada pelo pasto. "Já passou a época da primavera e estamos no verão. Agora que precisa de água, não tem. Quando o verão acabar e a estiagem também, e começar a vir a chuva, eles vão resolver fazer", avalia ele. O agricultor ainda afirma que este verão está com o calor acima da média também e que, por sorte, ele ainda tem água que vem de um poço para irrigar a plantação.
De acordo com o secretário estadual da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação do Rio Grande do Sul (Seapi), Giovani Feltes, a explicação para a lentidão é "devido as vedações do período eleitoral e a necessidade de excepcionalização das vedações do regime de recuperação fiscal, os projetos do Avançar da Secretaria de Agricultura tiveram anuência legal para sua realização em outubro de 2022".
Pancadas de chuva não amenizarão a estiagem
O fenômeno La Niña está ativo no verão dos últimos três anos e, como vinha ocorrendo, o inverno de 2022 não teve chuvas tão intensas que ajudassem a encher rios e açudes, de acordo com a meteorologista da MetSul, Estael Sias.
Para os próximos meses, as perspectivas não são as melhores. A meteorologista relata que, mesmo com o fim de janeiro e início de fevereiro tendo maiores frequências de chuva, não será o suficiente para trazer a umidade ao solo.
"As pancadas de chuva irão acontecer, eventuais temporais que, por vezes, trazem de 80 milímetros a 100 milímetros. Mas isso não ajuda porque esse tipo de chuva não infiltra", afirma Estael. Ela ainda diz que a chuva mais abrangente deve chegar apenas na segunda metade do outono e no inverno.
O programa, lançado em dezembro de 2021 e que integra o Eixo Estratégico Irriga RS, prevê a abertura de poços, microaçudes e cisternas para os municípios que demonstrarem interesse. No estado, mais de 450 cidades aderiram ao programa de microaçudes, sendo mais de 330 com convênios firmados e disponibilizando até 12 microaçudes por município e com até 20 por 40 metros. Outras 273 cidades foram contempladas com até três cisternas.
Entre os municípios contemplados com microaçudes está Taquara. A cidade já recebeu o repasse de R$ 62,2 mil para a instalação das infraestruturas necessárias para a construção de oito reservatórios e cisternas em propriedades contempladas. Em 2022, o município havia decretado situação de emergência em razão da seca.