As chuvas torrenciais de 2023 não pouparam as cidades da região, trazendo prejuízos devastadores para os produtores rurais. Cristine Becker, diretora de Fomento ao Desenvolvimento Rural de Novo Hamburgo, relata: “Foram diretamente atingidas as famílias rurais, houve transbordamento de açudes, desbarrancamento de estradas rurais e quedas de pontes, impactando diretamente a produção agropecuária.”
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A engenheira agrônoma Valeria Nogueira destaca as consequências nas culturas: “Houve uma perda média de 10% na produção de cana-de-açúcar, 15% nas olerícolas e 10% na produção de leite. A orientação é os agricultores tomarem medidas no sentido de mitigar possíveis danos, como o uso de estruturas de proteção de granizo e sistemas de drenagem”, explica.
Apoio em uma fase difícil
Cristine Becker ressalta o comprometimento da Prefeitura em auxiliar os agricultores: “Mediante convênio com a Emater-RS, os agricultores assistidos têm acesso a políticas públicas, direitos sociais e socioassistenciais. Além disso, buscamos alternativas para diversificar a renda e oferecemos cursos de capacitação para plantios mais eficientes.”
Lomba Grande, o maior bairro de Novo Hamburgo, abriga aproximadamente 800 famílias de agricultores. A Emater do município, representada por Carlos Roberto da Rocha, destaca a importância do manejo e apoio contínuo aos agricultores: “Apoiamos para terem maior sucesso na produção, mesmo diante de desafios climáticos. Algumas culturas, como melancia, feijão, tomate e melão, tiveram maior impacto nos preços das feiras.”
Chuvas desafiam produtores em São Leopoldo
Airton Vicente, chefe do núcleo de economia rural da Sedettec, destaca não apenas os danos nas lavouras, mas também nas estradas de acesso: “Pontes caíram, estradas estão precárias. Estamos trabalhando para resolver a questão das estradas, essenciais para o escoamento da produção.”
Ele expressa sua esperança para o futuro da agricultura em São Leopoldo: “Temos o convênio com Emater que, através da Adriana, representa um suporte essencial. Juntos, visamos resolver as questões e demandas dos agricultores, além do sindicato Rural. Nossos agricultores são fortes e guerreiros. Esperamos que as questões climáticas nos ajudem para termos boas colheitas.”
Recomeço após as chuvas em Dois Irmãos
Sidnei Pannebecker, chefe do Departamento de Agricultura, destaca: “O excesso de chuva prejudica muito, diminuindo a produção de grãos e folhagens. Nossos agricultores são dedicados, mas enfrentamos desafios significativos.” Ele ressalta ainda os esforços da Prefeitura: “Fortalecemos programas de incentivos e, com um levantamento, conseguimos R$ 199.409,00 para a recuperação de 19 propriedades rurais atingidas pelas chuvas.”
Evandro Carlos Knob, chefe do Escritório Municipal da Emater de Dois Irmãos, detalha as perdas e planos de recuperação. “A perspectiva é recuperar os prejuízos com novos cultivos, mas as culturas como tomate, feijão e alface enfrentam altas de preços.”
A voz dos agricultores das feiras da região
“Atrasou plantios de feijão, melões, melancias, por isso que eles estão tão caros, quase não tem produção local ainda. O solo ficou encharcado durante meses. Teve locais da nossa propriedade que só conseguimos entrar no início de dezembro. O prejuízo foi de 40% e mesmo que tu colha, é menor o tamanho e acaba apodrecendo logo. Acredito que nós produtores temos muito forte a questão da resiliência. Toda a parte fértil da terra foi embora com a água” – Produtora rural da Feira do Produtor de Dois Irmãos, Vanessa Graeff, de 30 anos.
“Foi um ano muito difícil, especialmente para quem produz melancia. A cada chuva, o produto que a gente bota no pé da melancia, vai embora, daí a melancia não desenvolve. Estão na metade do que normalmente fica de tamanho, sem contar as perdas. Achei que poderia nem ter o suficiente para conseguir participar da Festa da Melancia, mas como tenho duas propriedades, consegui” – Produtor rural de Parobé, Ernane Hartz, de 68 anos.
“Os primeiros plantios, tudo se foi com a chuva. Outra coisa que entrará mais tarde esse ano é aipim. Este ano antes de março não vem. Quem plantou cedo não nasceu, eu já plantei ele mais tarde. A melancia terá menos, feijão também. Eu produzo aqui em Lomba Grande. Eu consegui lidar com as chuvas, porque as verduras tu dá a volta mais rápido, o tempo de cultivo é menor” – Agricultor de Novo Hamburgo, Fernando Aloísio Thiesen, de 48 anos.
“Mas mesmo produzindo com estufa, a gente teve problema, não tanto devido ao volume de chuva, mas devido à falta de sol. Como a gente teve muitos dias sem sol e a gente produz tomate orgânico, a nossa produção hoje ela está baseada no tomate, que precisa de muita luz. Então, fungou muito as folhas, tiveram doenças e nós tivemos uma perda de 40%” – Produtora rural de Sapiranga, Mara Konrath, de 58 anos.
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