EM BUSCA DE SOLUÇÕES
Aeroporto Salgado Filho terá seu futuro discutido em Brasília na próxima terça
Fraport admite que pode inclusive abrir mão da concessão e devolver aeroporto ao governo
Última atualização: 14/06/2024 01:18
Representantes do governo federal, entre eles o ministro da Casa Civil, Rui Costa, e da concessionária Fraport, liderados pela CEO Andreea Pal, têm encontro nesta terça-feira (18), em Brasília, para discutir o futuro do Aeroporto Internacional Salgado Filho.
Um impasse envolvendo a liberação de recursos da União para a Fraport estaria retardando a aquisição de novos equipamentos e o início dos trabalhos de recuperação do aeroporto, que deverá reabrir somente perto do Natal deste ano. Até lá, Azul, Gol e Latam seguem operando voos comerciais na Base Aérea de Canoas (Baco).
CEO da Fraport admite devolver aeroporto ao governo
Em encontro com deputados no início da semana, a CEO admitiu que a Fraport pode inclusive encerrar a concessão e entregar o Salgado Filho ao governo. Em vídeos divulgados pelos deputados de oposição ao governo federal a executiva aparece sinalizando que vai precisar do aporte de recursos públicos na retomada do aeroporto.
Reforma no aeroporto de Porto Alegre pode custar até R$ 1 bilhão
A reforma total poderá custar até R$ 1 bilhão, vem dizendo Andreea Pal. Ela frisa que trata-se de uma estimativa, uma vez que análises ainda estão sendo feitas para dimensionar o prejuízo. Ainda não se sabe ao certo as condições da metade oeste da pista, área que ficou mais tempo debaixo d'água.
O que a Fraport defende é que o alagamento de um mês no aeroporto e mais o prazo de meio ano, no mínimo, sem operações se enquadram como "evento de força maior", o que levaria ao reequilíbrio econômico-financeiro do contrato. A empresa quer também a antecipação de recursos que vêm sendo pagos pela União a título de compensação pelas perdas ainda da pandemia.
Setor do turismo eleva pressão sobre o governo
Já o governo vem sinalizando que a Fraport precisa acionar seus seguros e resolver da maneira mais autônoma possível a situação do aeroporto. O seguro da concessionária contra alagamentos cobriria danos de até R$ 130 milhões, quase dez vezes abaixo da estimativa da Fraport. Somente um aparelho de verificação de bagagem que precisará ser reposto custa R$ 10 milhões – e o aeroporto precisa de vários.
O Executivo vem sofrendo forte pressão de lideranças econômicas para agilizar uma solução junto à Fraport. O setor de turismo, por exemplo, prevê uma crise profunda se o Salgado Filho voltar a operar somente em dezembro.
Aeroporto de Torres entra no radar como mais uma alternativa no RS
Enquanto planeja a reunião com a Fraport, o governo agiliza visitas técnicas a aeroportos regionais. O de Torres vem recebendo técnicos da Infraero e da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), que consideram a possibilidade de utilizá-lo como alternativa à própria Base Aérea e ao aeroporto de Caxias do Sul. Ambos têm voos cancelados na primeira metade da manhã por conta do nevoeiro típico desta época do ano.
Em Torres o problema é praticamente nulo, dizem especialistas. A pista está em boas condições e foi construída e homologada para receber até aviões Boeing 737 como os operados pela Gol no Brasil.
"A pista é boa e a localização também. O problema é a estrutura. Sem uma boa reforma não tem como receber centenas de passageiros por dia", analisa o comandante Nelson Riet, que tem 60 anos de experiência em aviação, boa parte em rotas internacionais da Varig.
Riet é o coordenador do Comitê Pró-Aeroporto Internacional 20 de Setembro, previsto para ser construído em uma área de 21 quilômetros quadrados no município de Portão.