Desde o fechamento do Aeroporto Internacional Salgado Filho, em Porto Alegre, em 3 de maio, o espaço aéreo em Caxias do Sul recebe maior número de voos. O local teve ampliada sua malha, mas encontra diversos desafios para oferecer o serviço. Entre eles, está a presença da neblina, que é constante com a aproximação do inverno.
Nesta semana, o ministro dos Transportes, Renan Filho, sentiu na pele o problema. O voo, que desceria no Hugo Cantergiani, não conseguiu pousar na Serra gaúcha.
O avião precisou ir até Florianópolis (SC) e, de lá, para a Base Aérea em Canoas. A agenda do representante do governo federal tinha como compromisso a assinatura do início da ordem de serviço para construção da nova ponte sobre o Rio Caí, importante via de ligação.
Segundo dados da Prefeitura de Caxias do Sul, dos 140 voos comerciais previstos para maio das quatro companhias áreas que atendem o aeroporto do município, 32 não pousaram. Isso representa 23% da malha. Em comparação, em abril foram cancelados ou alternados 20 voos de 108 previstos, isto é, 18% do previsto do mês.
A instalação de equipamentos de auxílio à aproximação nas chegadas e partidas em dias de neblina e chuva, conhecido como Papi, é necessária e está em pauta.
Conforme o Executivo municipal, o sistema já está sendo adquirido e pode ser instalado nas próximas semanas. O Município também busca a homologação de um procedimento RNP AR 15, que permitirá um ganho operacional de 50% a 70% da possibilidade de pouso, desde que aeronave e tripulantes estejam habilitados para fazer o procedimento.
Mobilização por R$ 15 milhões
Empresários caxienses e da região trabalham na obtenção de recursos e no planejamento de investimentos no aeroporto da cidade. Um pacote de melhorias, reformas e implantação de equipamentos é estimado na casa dos R$ 15 milhões. O valor deve vir de uma campanha realizada pela iniciativa privada, além de emendas parlamentares já destinadas, assim como da prefeitura de Caxias, que gerencia o empreendimento.
O grupo Mobilização por Caxias (MobiCaxias) iniciou a campanha Todos pela Serra Gaúcha, junto de entidades e setores. “Desde que a demanda pelo aeroporto começou a crescer com a catástrofe climática, a articulação para reformas no local ganhou força. Sob o comando do secretário de Trânsito, Transportes e mobilidade, Alfonso Júnior, foram realizadas reuniões e definidas as questões prioritárias”, afirma o diretor executivo do MobiCaxias, Rogério Rodrigues.
Entre as situações mais urgentes foram elencados o próprio instrumento de apoio em pousos, o recapeamento completo da pista, além da ampliação do terminal de embarque e desembarque. Através dessa listagem de itens, foi possível orçar e estimar o impacto financeiro inicial.
“O principal problema e há muito tempo se sabe, é que o aeroporto tem uma sala de embarque muito pequena e de desembarque também. Nós fomos chamados em reunião com o prefeito e secretário, onde participaram também Mobi, CIC Caxias e Sinduscon. Para dar agilidade, desenvolvemos o projeto arquitetônico e, a partir disso, começou a se fazer o levantamento de custos”, explica Rogério.
Com o custo estimado da construção civil, mais investimentos em estrutura de pista, balizamento e outros melhoramentos, chegou-se ao valor de R$ 15 milhões.
A reforma nas salas de embarque e desembarque será dividida em três etapas e terá como intuito oferecer melhor experiência aos passageiros, além de aumentar a capacidade do Hugo Cantergiani. O terminal atual está desatualizado, tendo sido construído há mais de 30 anos. A ideia é ampliar e expandir em 300 metros quadrados a área de embarque e em 260 metros quadrados o desembarque. Uma estrutura modular de metal deverá ser construída.
A primeira melhoria será em equipamentos, como o sistema Papi, sistema de esteira de bagagem, Raio-X e pórtico detector de metais. Em segunda lugar, ficarão as obras de ampliação necessárias. Por fim serão feitas as reformas da pista, como realização de novo asfaltamento, que permitirá aumentar a segurança das operações, melhorar a performance das aeronaves e, até mesmo, aumentar o número de voos e de companhias aéreas. Apenas esta obra tem custo estimado de R$ 8 milhões. O prazo de conclusão é de 70 dias.
O MobiCaxias é o responsável pelo monitoramento e acompanhamento do plano de ação. Também está à frente da sensibilização com lideranças regionais em prol das prioridades e captação de recursos.
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