NOVO PATAMAR
Avião pousa em Canela: Cidade "deixa de ter um aeródromo para ter, de fato, um aeroporto"
Local poderá ser utilizado por aeronaves com até 72 passageiros; confira as melhorias na pista do aeroporto
Última atualização: 03/12/2024 10:09
Por volta das 10 horas da segunda-feira (2), um avião pousou na pista do aeroporto de Canela. O ato simboliza a retomada das operações no local, que estava fechado desde o dia 28 de outubro. Em um novo patamar de atividades, a pista alargada e recapeada oportuniza a utilização do equipamento por aeronaves com até 72 passageiros.
A entrega das melhorias contou com a presença de representantes da comunidade local, trade turístico e autoridades, como o presidente da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), Rogério Barzellay, que retornou à empresa em 2023, com a missão de desenvolver os aeroportos regionais do Brasil.
De 18 metros, a pista agora conta com 30 metros de largura, além de estar recapeada e sinalizada. A área de taxiamento e o pátio foram reformados. Em ambas as cabeceiras, o aeroporto de Canela conta com o Papi, que é um instrumento que auxilia os pilotos no momento do pouso. A pista foi estendida em mais 80 metros, totalizando 1.340 metros.
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Com as obras, o terminal está qualificado para receber voos regulares de aeronaves da categoria 2C, ampliando a capacidade operacional. Ao todo, o investimento inicial no aeroporto está na ordem de R$ 20 milhões, segundo informações da Infraero.
Para Rogério Barzellay, é uma felicidade entregar à região as melhorias iniciais prometidas no equipamento. “Para nós, que vivemos de gerir e administrar aeroportos, é muito importante que a gente possa realmente cumprir aquilo que planejou, dentro de um prazo e de um perfil de qualidade. Para Canela, vai ser fantástico. Afinal de contas, não tem nenhuma restrição para operação de qualquer jato executivo”, pondera o presidente da Infraero.
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O gestor alega que acredita que o aeroporto canelense deva ser mais utilizado de maneira executiva do que comercial, contudo, aponta para o potencial da região. “Onde tem passageiro, tem voo. A conversa com as companhias aéreas existe e a gente tem muita esperança que, em breve, tenhamos voos comerciais aqui em Canela”, frisa.
Novas obras
Segundo o representante da empresa aeroportuária, novas etapas de obras já estão planejadas para 2025, como o balizamento noturno para que o local possa operar 24 horas por dia e as implementações de uma estação rádio – tipo EPTA – e uma estação meteorológica. Após o início, as intervenções têm prazo estimado de conclusão em 180 dias.
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“A gente deve trabalhar também em um terminal provisório para dar mais conforto à aviação executiva, mas recebemos o projeto do novo terminal”, alega Rogério. Na ocasião, o engenheiro gramadense Ricardo Peccin fez a entrega oficial do projeto, que foi doado pelo escritório Caza Living e pela Agência Visão.
Como próximos passos para incrementar as atividades, o presidente da Infraero adianta que vai buscar a internacionalização do aeroporto, mesmo que seja de forma temporária, variando de acordo com a procura existente. Para isso, devem ser providenciadas instalações para que os órgãos operacionais e de segurança possam atender essas demandas. Conforme Rogério, uma empresa uruguaia já demonstrou interesse em operar no aeroporto, através de charter, que é o fretamento de aeronaves.
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Trabalho junto com companhias aéreas para impulsionar o turismo
O diretor comercial da Infraero, Tiago Faierstein, alega que a empresa está trabalhando com as companhias aéreas para desenvolver as operações em Canela.
“Existem conversas avançadas com companhias aéreas, com players de locação de veículos, com players de hangaragem, com os próprios players que estão aqui no aeroporto, que já acreditam no aeroporto. Com certeza, em um curto espaço de tempo, anunciaremos novidades”, adianta.
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Para ele, o intuito da Infraero é deixar um legado na história do crescimento turístico de retomada da região.
O prefeito de Canela, Constantino Orsolin, pondera que o turismo pode ser incrementado a partir das melhorias realizadas no aeroporto. “Imagina descendo aviões com 72 pessoas. São operadoras que podem fazer pacotes para 72 pessoas. Que a gente possa aumentar o nosso turismo, que é a nossa fonte de renda”, complementa.
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Impulsionar o desenvolvimento turístico, através do aeroporto, também é o que deseja o secretário estadual de Turismo, Ronaldo Santini. “Esse aeroporto significa que nós efetivamente estamos fazendo com que o nosso Rio Grande do Sul, pós-calamidade, possa definitivamente virar a página da dependência de um único equipamento para pousos e decolagens daqui do Estado. Que a gente consiga seguir trabalhando sempre para que o nosso Estado volte a ter, no turismo, a grande economia da nossa retomada”, declara.
Durante o encontro em Canela, Rogério Barzellay pediu que Santini levasse ao governador Eduardo Leite a proposta para que a Infraero garanta a outorga dos aeroportos de Passo Fundo e Santo Ângelo. Conforme o presidente, existe a expectativa de investimento de R$ 60 milhões do governo estadual nos dois equipamentos. “E o que faltar, a Infraero assume. Só precisamos da outorga”, assegura.
“Não há como não ser viável um voo comercial no aeroporto de Canela”
Representante do governo federal e membro da Secretaria para Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul, Milton Zuanazzi pondera que a presença da Infraero nos aeroportos regionais do País é um ganho para todos. “Estamos viabilizando uma verdadeira aviação regional no Brasil”, afirma. “Não há como não ser viável um voo comercial no aeroporto de Canela. É uma questão de preparar o equipamento apropriado para vir aqui e ocupar este espaço. A aviação em geral vai ter em Canela um grande aeroporto”, salienta.
O novo gestor do aeroporto
A gestão do aeroporto de Canela será comandada por Odone Bizz, que está há 21 anos na Infraero. Gaúcho de Porto Alegre, ele já atuou em diversos aeroportos do Brasil, como da capital, Manaus e Belém, bem como de cidades do interior, em Santo Ângelo, por exemplo.
Segundo o gestor, seu papel será o de interlocução entre entes políticos e entidades, assim como coordenar a operação, manutenções.
“É fazer com que o aeroporto não pare nunca. É uma nova etapa, pois agora é que Canela deixa de ter um aeródromo para ter, de fato, um aeroporto”, reforça Odone, comentando que aceitou a empreitada por saber da necessidade de um equipamento aeroportuário na região, que possui um viés econômico favorável à atividade.