Canoas – Elas põem medo em algumas pessoas. As abelhas, no entanto, são insetos de grande importância ambiental, sendo fundamentais para a preservação e equilíbrio do ecossistema. Causadoras de receio em alguns alérgicos, em função do seu ferrão venenoso, o que muita gente não sabe é que existem diversas espécies que não oferecem risco à população. É o caso da abelha melípona. Nativas do Brasil, as melíponas são conhecidas como abelhas-sem-ferrão e estão presentes naturalmente em diversos pontos da cidade, inclusive os centros urbanos, como em uma árvore na rua Sete Povos, Centro de Canoas.
Apesar de serem conhecidas como abelhas-sem-ferrão, essas abelhas possuem ferrão. Porém, este é atrofiado e não é utilizado para defesa, diferentemente das abelhas africanas, por exemplo, que usam seu ferrão para defender-se. Quando se sentem ameaçadas, as melíponas costumam usar de outros artifícios, como grudar no cabelos das pessoas e no pelo dos animais. Podem morder, causando só desconforto temporário na pele.
O agricultor Orlando Morschel é o maior produtor do Rio Grande do Sul na área de multiplicação e comercialização de enxames de abelhas-sem-ferrão. Ele explica que, além de polinização natural, levando o pólen de uma flor para a outra, de um lugar para o outro, e, como consequência, a formação de frutos e sementes, as abelhas fazem a polinização das lavouras, sendo fundamentais para a agricultura. “São aliadas naturais da agricultura para diversos cultivos, como o de morango e hortaliças, melhorando o rendimento e a qualidade.”
Reconhecendo a abelha-sem-ferrão
As espécies de abelhas são parecidas. Mesmo assim, é possível identificar a sem-ferrão a olho nu. Esta espécie tem o abdômen curto e o final do corpo não é pontiagudo.
Nas demais espécies, o final do abdômen, por ter o ferrão protuberante, o corpo fica alongado e pontiagudo. Independente da espécie, o fundamental é proteger e preservar estes insetos pois deles também depende a nossa existência.
O Brasil concentra grande diversidade de espécies. Dentre as mais de 1.500 espécies de abelhas existentes no mundo, 605 são do gênero melípona, que são as abelhas-sem-ferrão. O Brasil tem a maior incidência de abelhas melíponas, registrando 246 espécies, sendo 24 delas nativas do Rio Grande do Sul.
Ótimas produtoras de mel e outros produtos derivados
Morschel ressalta que as abelhas-sem-ferrão também são ótimas produtoras de mel e seus subprodutos. Com destaque para a produção de pólen e própolis, de altíssima qualidade. “O própolis produzido por elas tem grande propriedade antibiótica, sendo muito procurado.”
Os benefícios das abelhas melíponas vão ainda mais além. Por serem inofensivas, elas podem ser utilizadas para a conscientização ambiental, para fomentar o turismo e também auxiliando em terapias ocupacionais com idosos e pessoas em depressão.
“Estes insetos, cada vez mais, são utilizados em atividades com crianças e jovens que acompanham de perto a formação das colmeias e a produção do mel. Acompanhar esta rotina ajuda na recuperação destes pacientes.”
Em sua propriedade, na localidade de São Jacó, em Nova Petrópolis, Orlando mantém, em média, de 1.500 a 1.600 colmeias desta espécie. Além de produzir mel e produtos derivados dele, a propriedade também recebe pessoas para conhecer a produção.
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