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EM SÃO LEOPOLDO

"A verdade nua e crua": Lula faz dura crítica ao não investimento em diques antes da cheia

Presidente disse que " se Estado e cidades tivessem tido o cuidado e a responsabilidade de cuidar dos diques antes da chuva, a água não teria ocupado toda Grande Porto Alegre"

Guilherme Schmidt
Publicado em: 16/08/2024 às 21h:11 Última atualização: 16/08/2024 às 21h:16
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Em sua fala na cerimônia de entrega do Complexo Viário da Scharlau, logo nas primeiras palavras do discurso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez uma dura crítica aos governantes gaúchos, da esfera estadual à municipal, sobre o enfrentamento das cheias no Rio Grande do Sul.

“A verdade nua e crua é que choveu demais. A verdade nua e crua é que teve aquela enxurrada no Vale do Taquari. Mas a verdade nua e crua é que se esse Estado e essas cidades tivessem tido o cuidado e a responsabilidade de cuidar dos diques antes da chuva a água não teria ocupado toda Grande Porto Alegre”, disse.

Lula na inauguração do Complexo Scharlau nesta sexta-feira



Lula na inauguração do Complexo Scharlau nesta sexta-feira

Foto: Reprodução/CanalGov

A fala de Lula, curiosamente, vai ao encontro de algumas pichações que chegaram a ser feitas em paredes do novo complexo viário, nas quais os pichadores – que até cometeram crime, pois vandalizaram patrimônio público – acusavam os governantes como culpados pela enchente. No caso, pela cheia ter ocorrido devido à transposição das águas do rio sobre os diques, o que acabou atingindo lares e estabelecimentos de milhares de pessoas, além de escolas e postos de saúde, entre outros imóveis públicos.

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“A gente não pode reclamar da chuva porque é Deus quem manda ela. Se tivessem cuidado direitinho das comportas, se tivessem cuidado dos diques, se tivessem cuidado das bombas direitinho, não teria problema de água.”

Responsabilidades

Vale lembrar que o sistema de contenção de cheias (diques e casas de bombas, principalmente) começaram a ser executados na região metropolitana há mais de meio século. E, desde que o governo federal extinguiu o Departamento Nacional de Obras de Saneamento (DNOS), nos anos 1990 (no governo Collor), a gestão de manutenção do sistema passou a ser responsabilidade dos municípios, mas ainda na dependência do repasse de verbas federais. Verbas que deixaram de vir há pouco mais de uma década, gerando, inclusive, uma cobrança judicial por parte de São Leopoldo que se arrasta na Justiça.

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O presidente Lula, sem citar responsabilidade federal no processo de investimento do sistema anticheias, concluiu a fala sobre o assunto dizendo que “é importante que todos saibam o que realmente aconteceu”.

Agora, prefeitos cobram um órgão, seja ele federal ou estadual, que coordene os investimentos no sistema anticheias. Segundo o governo do Estado, já está em andamento um estudo pensando de forma integrada os planos de combate às cheias nos municípios gaúchos. Mas, nem Estado ou União, acenaram, até agora, sobre a criação de um órgão específico para gerenciar projetos, investimentos e a manutenção e controle do sistema gaúcho de combate às enchentes.

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