Uma mulher de 31 anos que se apresentava como médica veterinária foi detida pela Brigada Militar na noite de terça-feira (25) em Novo Hamburgo. Ela foi abordada no abrigo de animais resgatados da enchente montado no hotel da Fenac, onde há um mês atuava como contratada, de forma emergencial, pela Prefeitura. Conforme voluntários, a suspeita ainda gerenciava os valores que eram doados ao abrigo.
Entenda o caso:
- Apresentação de registro profissional: Durante a abordagem policial, a mulher apresentou aos policiais um documento de orçamento de prestação de serviço contendo um número do registro profissional junto ao Conselho Regional de Medicina Veterinária do Paraná (CRMV/PR). O cadastro dela no conselho paranaense, contudo, não foi encontrado no banco de dados, indicando se tratar de um registro falso.
- Pronunciamento da Prefeitura pela contratação: A Prefeitura de Novo Hamburgo relatou, em nota, que a falsa veterinária foi contratada em um processo emergencial para substituir os profissionais veterinários que estavam atuando de forma voluntária no abrigo desde o início da catástrofe climática. Da documentação exigida, ela chegou a apresentar a qualificação técnica, mas não entregou a carteira funcional. A administração municipal a afastou e informou que irá apurar a conduta dela com os cães que receberam atendimento.
- Profissão verdadeira: A mulher era responsável pelo plantão noturno no abrigo. Durante o dia, ela trabalhava, na verdade, como analista de marketing em uma empresa de Novo Hamburgo, de onde foi demitida após o episódio. Além disso, ela tem envolvimento profissional com produção cultural.
- Sem registro nos conselhos veterinários: Além do CRMV do Paraná ter confirmado que não há registros da mulher no bando de dados, o CRMV do Rio Grande do Sul, no qual ela deveria ter registro para poder atuar no Estado, afirmou que não encontrou nenhum dado, em nenhum conselho da profissão do País, que indique que ela é veterinária.
- Controle das doações: Voluntários do abrigo relataram que a mulher se dispôs a administrar uma “vaquinha online” criada para custear procedimentos e medicamentos veterinários. A desconfiança do grupo começou por ela não prestar contas dos valores que entravam. Após a denunciarem e ela ser detida, eles conseguiram com que R$ 18 mil fossem transferidos por ela na frente dos policiais militares. O montante, contudo, seria maior.
- Investigação por suposto desvio de dinheiro: A Polícia Civil instaurou um inquérito para investigar um suposto desvio das doações que teria sido feito pela falsa veterinária.
- Pena da falsa veterinária: A mulher responderá termo circunstanciado (TC) por uma contravenção penal pelo exercício ilegal da profissão. O TC substitui o inquérito policial nos delitos de menor potencial ofensivo. O procedimento deve ser remetido procedimento à Justiça nos próximos dias. Caso seja considerada culpada, ela pode ser condenada a pena de prisão simples, de 15 dias a 3 meses. Ou, ainda, poderá ter a pena substituída por uma multa.
- Vínculos institucionais falsos: Aos profissionais e voluntários do abrigo, a mulher dizia ser graduada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) e que fazia residência em anestesiologia na Ulbra. Ambas universidades negam o vínculo.
- Desistência de três graduações: A única ligação da hamburguense com as duas instituições foi a inscrição dela nos cursos de Medicina e Odontologia na Ulbra, no segundo semestre de 2019, mas não tendo iniciado nenhum dos dois por não pagamento da taxa. Já na federal, ela se candidatou a uma vaga, através do Sisu, para Administração Pública e Social, mas acabou renunciado.
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