MINISTÉRIO DA JUSTIÇA
PRF que ensinou tortura com spray de pimenta em curso é suspenso por 90 dias
Vídeo onde policial ensinava como torturar usando spray de pimenta viralizou nas redes sociais no final do ano passado
Última atualização: 27/04/2024 17:36
Um agente da Polícia Rodoviária Federal (PRF) de Santa Catarina foi suspenso por 90 dias, na última segunda-feira (22).
A suspensão vem após um vídeo, onde ele ensinava como torturar usando spray de pimenta em viaturas da corporação, viralizar nas redes sociais, no final do ano passado.
A pena foi aplicada pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, ao policial Ronaldo Bandeira. O agente foi alvo de processo administrativo disciplinar, que chegou a recomendar sua demissão do cargo público, o que acabou não sendo acatado pelo ministro.
Publicada em edição regular do Diário Oficial da União (DOU), a portaria que determina a suspensão diz que o policial cometeu infração disciplinar prevista regime jurídico dos servidores públicos civis da União, que é a violação do dever de lealdade à instituição Polícia Rodoviária Federal.
O vídeo
Nas imagens que tiveram grande repercussão, Bandeira ministrava aula em um cursinho e detalhava uma abordagem que teria ocorrido com outros policiais.
Na gravação, ele relata uma situação de prisão com resistência na qual o suspeito estava na parte de trás da viatura. Em seguida, o agente diz: "O quê que o polícia faz? Abre um pouquinho, pega o spray de pimenta e taca! A pessoa fica mansinha".
Ele chega a afastar o microfone, que estava gravando, ao mencionar o uso do spray. O policial rodoviário ainda fala, no vídeo, com ironia, que o procedimento seria tortura.
Morte de Genivaldo de Jesus
A gravação do vídeo, que teria ocorrido em 2016, veio à tona depois que Genivaldo de Jesus Santos foi morto durante ação de policiais rodoviários federais em Sergipe, em 2022.
Imagens veiculadas na internet mostram a ação policial que prendeu Genivaldo no porta-malas de uma viatura após ele trafegar de moto sem capacete em uma rodovia.
Defesa de Ronaldo Bandeira
A defesa afirmou que foi técnica. "Nos apegamos às provas dos autos e trabalhamos pela absolvição ou atenuação da penalidade", explicou em nota ao jornal de SC ND+.
“Conseguimos e seguimos firmes de que defendemos um bom policial que continuará servindo à instituição e à população com honra e dignidade."