VALOR NAS ALTURAS
Preços das passagens aéreas acumulam alta de 48,11%; entenda o que está acontecendo
Viagens de avião tiveram maior inflação dos últimos 12 anos, o que tem assustado passageiros
Última atualização: 04/01/2024 21:20
Os preços das passagens aéreas estão nas alturas. Pelo menos é o que pensam muitos que aproveitaram para passar a virada do ano bem longe de casa neste final de ano. Isso porque o aumento é visível e percebido por clientes de praticamente todas as companhias aéreas que circulam pelo Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre.
Morador de Brasília, o engenheiro Cristiano Furtado, 46 anos, resolveu passar o Natal e ano-novo em Gramado com a mulher, o filho recém-nascido e um casal de amigos. Só não imaginava ter que desembolsar o dobro do valor na hora de comprar as passagens.
"O preço que paguei pelas passagens em dezembro já era bem maior que aquele quando planejei a viagem", explica. "Só que agora, para retornar para Brasília, houve um acréscimo significativo em cada passagem. Não imaginava que subiria tanto", complementa.
Nara Gonçalves desembolsou quase 900 reais de passagens para sair, em plena véspera de Natal, do Rio de Janeiro em direção a Porto Alegre, onde encontraria os pais e a irmã. A professora aposentada de 59 anos conta que costumava pagar até 690 reais entre ida e volta.
"Aumentou demais e está ficando muito difícil para se deslocar pelo Brasil", reclama. "Já consegui passagens a preços promocionais por até 180 reais para sair do Rio para Porto Alegre. Não existe mais isso", afirma.
A situação preocupa o mercado, segundo especialistas, que apontam a maior alta no setor desde 2011. No acumulado do ano passado, a passagem aérea registrou inflação de 48,11%, considerando IPCA-15 de dezembro, a prévia da inflação do último mês de 2023 - os dados consolidados ainda não foram divulgados.
Dicas para driblar os valores excessivos
Presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens Rio Grande do Sul (Abav-RS), João Augusto Machado indica procurar com antecedência para evitar preços maiores. “Antes, até se achava passagens mais baratas próximo da data. Mas agora está sendo um bom negócio comprar antecipadamente. Fique atento às promoções. Contar com a ajuda de agências, para que saibam das necessidades, também pode ajudar a saber qual o melhor momento para comprar”, indica.
Machado também adianta que não há expectativa de que os preços baixem. “Não tem. Como as companhias estão vendendo os lugares, e os voos estão sempre cheios, acaba não precisando que eles façam isso. Tem muitos voos que ainda têm tarifas bem promocionais, só que a gente tem que comprar com antecedência ou em períodos de promoções e ofertas”, recomenda.
Pouca concorrência e companhias endividadas
De acordo com o economista e professor da Feevale, José Antônio Ribeiro de Moura, o aumento das passagens foi muito acima da inflação do período, e tem relação direta com a pouca concorrência de companhias aéreas que há no Brasil. Com a pouca oferta, há também um alto custo para o consumidor.
Além disso, Moura destaca o endividamento dessas empresas após a pandemia. “Estão altamente endividadas. Além de pagar as despesas da pandemia, estão tendo que pagar essas dívidas. Estão aumentando os preços porque as pessoas estão querendo viajar”, avalia.
O economista também destaca o aumento do querosene em 21,4% no preço nas refinarias só em setembro, um aumento de R$ 0,74 por litro. “A alta nas passagens está prejudicando bastante o turismo no Brasil. Pois as pessoas acabam desanimando quando consultam os preços”, afirma Moura.
Machado afirma que, no ano passado, no dia 2 de janeiro, uma passagem saindo de Porto Alegre para Congonhas, no dia 13 de janeiro, custava R$ 426. No dia 2 de janeiro deste ano ele realizou a mesma consulta, também para o dia 13 de janeiro, e o preço passou para R$ 2 mil.
“Muitas pessoas precisam viajar a trabalho e são obrigadas a pagar esses valores. Para a companhia aérea está tudo bem. Ainda não tem a mesma quantidade de voos de antes da pandemia. Nós estamos vendendo as passagens, as companhias estão com os voos cheios, e quem está sendo prejudicado são os passageiros, que estão pagando tarifas mais altas”, avalia o presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens Rio Grande do Sul (Abav-RS).
Planejamento ajuda a poupar
A servidora pública Izionara Gomes, 48 anos, resolveu dar um presente para a mãe e a irmã, saindo do Espírito Santo para trazer ambas até as belezas do Natal em Gramado. Acabou sendo surpreendida com a alta das passagens às vésperas do Natal.
“Planejei bem a viagem, mas se eu tivesse me organizado um pouco mais, teria comprado as passagens com mais antecedência”, observa. “Eu não estava mais acostumada a ver os preços oscilando desse jeito. Não imaginei que subiria tanto. Eu confesso que nunca vi as passagens tão caras.”
Já o aposentado Eduardo Athaydes, 69 anos, comprou antes da metade do ano as passagens para curtir o ano-novo com a mulher na Bahia. Acabou pegando um preço ainda em conta e bem longe da alta procura nesta época do ano.
“Sempre viajei planejando com muita antecedência”, explica. “Se a gente deixa para comprar na última hora, acaba meio refém das companhias, que podem cobrar o quanto quiser devido à demanda”, acrescenta.
*Colaborou: Leandro Domingos
Os preços das passagens aéreas estão nas alturas. Pelo menos é o que pensam muitos que aproveitaram para passar a virada do ano bem longe de casa neste final de ano. Isso porque o aumento é visível e percebido por clientes de praticamente todas as companhias aéreas que circulam pelo Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre.
Morador de Brasília, o engenheiro Cristiano Furtado, 46 anos, resolveu passar o Natal e ano-novo em Gramado com a mulher, o filho recém-nascido e um casal de amigos. Só não imaginava ter que desembolsar o dobro do valor na hora de comprar as passagens.
"O preço que paguei pelas passagens em dezembro já era bem maior que aquele quando planejei a viagem", explica. "Só que agora, para retornar para Brasília, houve um acréscimo significativo em cada passagem. Não imaginava que subiria tanto", complementa.
Nara Gonçalves desembolsou quase 900 reais de passagens para sair, em plena véspera de Natal, do Rio de Janeiro em direção a Porto Alegre, onde encontraria os pais e a irmã. A professora aposentada de 59 anos conta que costumava pagar até 690 reais entre ida e volta.
"Aumentou demais e está ficando muito difícil para se deslocar pelo Brasil", reclama. "Já consegui passagens a preços promocionais por até 180 reais para sair do Rio para Porto Alegre. Não existe mais isso", afirma.
A situação preocupa o mercado, segundo especialistas, que apontam a maior alta no setor desde 2011. No acumulado do ano passado, a passagem aérea registrou inflação de 48,11%, considerando IPCA-15 de dezembro, a prévia da inflação do último mês de 2023 - os dados consolidados ainda não foram divulgados.
Dicas para driblar os valores excessivos
Presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens Rio Grande do Sul (Abav-RS), João Augusto Machado indica procurar com antecedência para evitar preços maiores. “Antes, até se achava passagens mais baratas próximo da data. Mas agora está sendo um bom negócio comprar antecipadamente. Fique atento às promoções. Contar com a ajuda de agências, para que saibam das necessidades, também pode ajudar a saber qual o melhor momento para comprar”, indica.
Machado também adianta que não há expectativa de que os preços baixem. “Não tem. Como as companhias estão vendendo os lugares, e os voos estão sempre cheios, acaba não precisando que eles façam isso. Tem muitos voos que ainda têm tarifas bem promocionais, só que a gente tem que comprar com antecedência ou em períodos de promoções e ofertas”, recomenda.
Pouca concorrência e companhias endividadas
De acordo com o economista e professor da Feevale, José Antônio Ribeiro de Moura, o aumento das passagens foi muito acima da inflação do período, e tem relação direta com a pouca concorrência de companhias aéreas que há no Brasil. Com a pouca oferta, há também um alto custo para o consumidor.
Além disso, Moura destaca o endividamento dessas empresas após a pandemia. “Estão altamente endividadas. Além de pagar as despesas da pandemia, estão tendo que pagar essas dívidas. Estão aumentando os preços porque as pessoas estão querendo viajar”, avalia.
O economista também destaca o aumento do querosene em 21,4% no preço nas refinarias só em setembro, um aumento de R$ 0,74 por litro. “A alta nas passagens está prejudicando bastante o turismo no Brasil. Pois as pessoas acabam desanimando quando consultam os preços”, afirma Moura.
Machado afirma que, no ano passado, no dia 2 de janeiro, uma passagem saindo de Porto Alegre para Congonhas, no dia 13 de janeiro, custava R$ 426. No dia 2 de janeiro deste ano ele realizou a mesma consulta, também para o dia 13 de janeiro, e o preço passou para R$ 2 mil.
“Muitas pessoas precisam viajar a trabalho e são obrigadas a pagar esses valores. Para a companhia aérea está tudo bem. Ainda não tem a mesma quantidade de voos de antes da pandemia. Nós estamos vendendo as passagens, as companhias estão com os voos cheios, e quem está sendo prejudicado são os passageiros, que estão pagando tarifas mais altas”, avalia o presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens Rio Grande do Sul (Abav-RS).
Planejamento ajuda a poupar
A servidora pública Izionara Gomes, 48 anos, resolveu dar um presente para a mãe e a irmã, saindo do Espírito Santo para trazer ambas até as belezas do Natal em Gramado. Acabou sendo surpreendida com a alta das passagens às vésperas do Natal.
“Planejei bem a viagem, mas se eu tivesse me organizado um pouco mais, teria comprado as passagens com mais antecedência”, observa. “Eu não estava mais acostumada a ver os preços oscilando desse jeito. Não imaginei que subiria tanto. Eu confesso que nunca vi as passagens tão caras.”
Já o aposentado Eduardo Athaydes, 69 anos, comprou antes da metade do ano as passagens para curtir o ano-novo com a mulher na Bahia. Acabou pegando um preço ainda em conta e bem longe da alta procura nesta época do ano.
“Sempre viajei planejando com muita antecedência”, explica. “Se a gente deixa para comprar na última hora, acaba meio refém das companhias, que podem cobrar o quanto quiser devido à demanda”, acrescenta.
*Colaborou: Leandro Domingos