O deputado federal Tenente-Coronel Zucco (Republicanos-RS) será investigado por suspeita de patrocínio e incentivo a atos antidemocráticos no Rio Grande do Sul e em Brasília. A decisão que autoriza a continuidade da investigação por parte da Polícia Federal (PF) é do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, relator das investigações sobre os ataques golpistas em Brasília.
O pedido para que as suspeitas fossem apuradas pela PF começou no Rio Grande do Sul, mas o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), em Porto Alegre, encaminhou o caso para análise do STF, uma vez que, por ser parlamentar, Zucco tem foro privilegiado.
O despacho de Moraes é do dia 17 de maio: “Encaminhem-se os autos à Polícia Federal, para continuidade das investigações”.
O nome do deputado aparece em relatório da Polícia Civil gaúcha de novembro de 2022, que o cita como organizador e incentivador de protestos em frente a quartéis contra o resultado das eleições.
Atualmente, o deputado federal, que foi o mais votado pelo Rio Grande do Sul nas últimas eleições, preside a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST).
Em nota encaminhada pela assessoria do parlamentar ao Grupo Sinos, ele se diz tranquilo em relação à investigação, nega que tenha cometido qualquer crime e fala em instrumentalização para atuação política pelo momento em que ele atua na CPI do MST. (Leia na íntegra abaixo).
Deputada tem microfone cortado na CPI
Na sessão da tarde desta terça-feira (23), durante apresentação do plano de trabalho da CPI do MST, a deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP) teve o microfone cortado por Zucco ao ler a notícia que informava sobre a autorização de investigação envolvendo o presidente da comissão.
Zucco disse que iria acatar a questão de ordem feita pelo deputado Kim Kataguiri e que não iria aceitar ataques pessoais: “Isso não é pauta dessa CPI”.
O que diz o Tenente-Coronel Zucco
“Fiquei surpreso ao saber pela imprensa da existência da solicitação de investigação encaminhada à Polícia Federal pelo Supremo Tribunal Federal.
A notícia de fato que embasa o pedido foi feita junto ao TRF-4 baseada em postagens feitas por mim em rede social nos meses de outubro e novembro de 2022. Como fui eleito deputado federal o processo seguiu para o STF conforme determina a Constituição Federal.
Chama atenção, contudo, o sensacionalismo com que alguns veículos trataram do tema, passando a impressão de terem sido instrumentalizados para uma atuação política justamente em momento em que assumo a presidência da CPI do MST.
Trata-se de tentativa de “requentar” pauta já há muito esclarecida. Trata-se de tentativa de cercear o pleno exercício de minha atividade parlamentar, isso sim atitude daqueles que não possuem apreço pelo Estado Democrático de Direito.
Documentos e vídeos de domínio público da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul demonstram que não há qualquer indício de envolvimento meu com quaisquer atos atentatórios à democracia.
Estou tranquilo em relação à investigação e certo de que a Polícia Federal verificará que nenhuma crime houve assim como já observado pela autoridade policial do Rio Grande do Sul. Informo que minha assessoria jurídica se encontra à disposição da justiça para colaborar e esclarecer quaisquer pontos que se mostrem necessários.
Por fim, seguiremos firmes na missão de buscar todos os esclarecimentos sobre a escalada de invasões de propriedades privadas no âmbito da CPI do MST, bem como exercerei o mandato parlamentar outorgado pelo povo gaúcho com vigor, coragem e técnica, dentro do que preceitua a Constituição Federal.”
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