A Promotoria de Justiça de Itapeva, no interior de São Paulo, iria ganhar uma estagiária, Elaine Souza Garcia, na última terça (10), mas a posse da estudante de Direito foi barrada por uma ação conjunta da Polícia Federal e do Ministério Público estadual após a descoberta de suas ligações muito próximas com o Primeiro Comando da Capital (PCC). Elaine carrega a alcunha de “Patroa” da facção. Ela foi presa pouco antes de assumir suas funções no MP paulista.
Alvo da Operação Baal, Elaine está sob suspeita de liderar ataques do “novo cangaço” – ações brutais de grupos armados da facção que espalham o terror em cidades menores do interior paulista e de outros estados para roubos de empresas de valores e invasão de bancos.
A reportagem busca contato com a defesa. O espaço está aberto para manifestações.
Segundo publicação no Diário Oficial do Estado, Elaine foi convocada para assinar, a partir de 9 horas da terça, o termo de posse na Promotoria de Itapeva, município com cerca de 90 mil habitantes situado a 290 quilômetros de São Paulo.
Os promotores da Operação Baal estão convencidos de que o PCC tentou infiltrar “Patroa” no Ministério Público para levantar informações privilegiadas sobre investigações sigilosas.
Na terça, a PF deflagrou a segunda fase da Operação Baal para prender três integrantes do “Novo Cangaço”. As investigações foram abastecidas por vídeos em que um CAC (Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador) dá aulas de tiro de fuzil para outro integrante do grupo.
Segundo a PF, um investigado preso na nova fase da Baal é ligado ao PCC. Ele ficou foragido de 2005 até 2024, quando foi localizado e detido em outra ação da Promotoria de Justiça de Campinas. Na ocasião, foram apreendidas armas, acessórios, munições, roupas camufladas e outros objetos usados na execução de crimes marcados por extrema violência.
A Operação Baal levou o Ministério Público a denunciar 18 integrantes de uma quadrilha que promoveu uma onda de ataques do “Novo Cangaço”. A Justiça tornou réus os acusados. A Promotoria pede que cada um deles seja condenado ao pagamento de R$ 5 milhões a título de indenização por danos morais à coletividade.
A primeira fase ostensiva da investigação foi deflagrada em maio, quando a Polícia Federal e o Ministério Publico de São Paulo cumpriram 12 ordens de prisão temporária e prenderam em flagrante quatro suspeitos por posse ilegal de arma.
“As ações investigadas constituem uma modalidade de conflito proveniente da evolução de crimes violentos contra o patrimônio, no qual grupos criminosos subjugam a ação do poder público por meio do planejamento e execução de roubos que causam um verdadeiro terror social”, destacou a PF.
Durante as diligências da primeira fase da Baal, foram apreendidas diversas armas, inclusive fuzis com alto poder de destruição, explosivos, pólvora, granadas caseiras e coletes balísticos. Em meio às buscas, um dos investigados no Piauí chegou a reagir. Outro tinha uma barricada no portão de sua casa.
O número de armas apreendidas em posse dos alvos surpreendeu os investigadores. No endereço comercial de um alvo – onde antes funcionava uma loja de veículos (hoje desativada), atualmente servindo de base para uma empresa de reciclagem – foi identificado um esconderijo de armas.
Também foram encontrados em uma casa no interior do Maranhão peças de fardamento usado por policiais, o que indica que o grupo estava pronto para uma nova ação, segundo a PF.
As investigações indicam que a quadrilha planejava um ataque para o final do ano passado, mas a ação foi adiada por causa da morte de um dos líderes, executado por outra facção.
O inquérito foi aberto após a tentativa de roubo a um banco em abril de 2023, em Confresa (MT). Na ocasião, suspeitos foram presos e mortos em confronto. Um deles morava em São Paulo e integrava o PCC.
A partir das informações sobre essa tentativa de roubo, foram descobertas outras ações semelhantes financiadas pelo PCC. O grupo está ligado a ações sanguinárias que levaram pânico e medo a Guarapuava (PR), em 2020, e também a Criciúma (SC),e Araçatuba (SP), em 2021
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