RIO DE JANEIRO

Passista se interna para retirar miomas no útero e tem braço amputado

Secretaria Estadual de Saúde e Polícia Civil do RJ investigam o caso. Veja o que alegam os médicos

Publicado em: 24/04/2023 11:53
Última atualização: 05/03/2024 10:52

Uma passista da Acadêmicos do Grande Rio se internou para retirar miomas no útero e acordou com parte do braço esquerdo amputado. O caso aconteceu com Alessandra dos Santos Silva, de 35 anos, que também é trancista. Os médicos alegam que, se o braço não fosse amputado, Alessandra morreria de necrose.

Ao portal G1, ela disse que só lembra "de acordar em outro hospital sem o braço". Além disso, ela teve a retirada total do útero. 

“Eu quero que os responsáveis paguem, que o hospital se responsabilize, porque eles conseguiram acabar com a minha vida. Destruíram meu trabalho, minha carreira, meu sonho... tudo”, declarou Alessandra. Ela está noiva há 11 anos e tinha o sonho de engravidar. A passista também não sabe como vai conseguir trabalhar em salões de cabeleireiro sem uma das mãos.

Passista se interna para retirar miomas no útero e tem braço amputado Foto: Reprodução/TV Globo

Ainda conforme o portal, em agosto de 2022, Alessandra sentiu dores e sangramentos – seus exames apontaram miomas no útero. A recomendação foi de retirada imediata.

Em 30 de janeiro, após se preparar desde o ano passado, a passista recebe uma ligação do Hospital da Mulher Heloneida Studart, em São João de Meriti, na Baixada Fluminense, convocando-a para a cirurgia. Em 3 de fevereiro, é internada e operada pela manhã. No entanto, no fim do dia, os médicos detectaram uma hemorragia. 

No dia seguinte, a casa de saúde avisa à família de Alessandra que a paciente deve fazer uma histectomia total – retirada completa do útero. Em 5 de fevereiro, parentes vão visitá-la, e ela estava intubada. Segundo eles, as pontas dos dedos da mão esquerda estavam escurecidas. Braços e pernas estavam enfaixados. De acordo com o depoimento da mãe, Ana Maria, falaram que Alessandra "estava com frio".

A passista é transferida para o Instituto Estadual de Cardiologia Aloysio de Castro (Iecac), em Botafogo, no dia seguinte. Conforme familiares, o braço de Alessandra estava praticamente preto. Um médico lhes diz que iria drenar o braço, “que já estava começando a necrosar”. No entanto, o procedimento não deu certo. 

Quatro dias depois, o Iecac informou que "ou era a vida de Alessandra, ou era o braço", porque a necrose iria se alastrar. Então, a família autorizou a amputação. A cirurgia é feita, mas a situação da passista se agravou. Seu rim e fígado quase pararam e havia risco de uma infecção generalizada. Em 12 de fevereiro, Alessandra foi extubada, e, três dias depois, recebeu alta.

No último dia do mês, ela voltou ao Iecac para revisão. Segundo a mãe, o médico se assustou com o estado dos pontos e recomendou que elas voltassem ao Heloneida Studart. Após ser recusada em várias casas de saúde, em 4 de março, a passista foi internada no Hospital Maternidade Fernando Magalhães e transferida para o Hospital Municipal Souza Aguiar. Alessandra recebeu alta novamente um mês depois.

O que dizem as autoridades

A família registrou um boletim de ocorrência na delegacia. “Já fizemos um requerimento nos hospitais para pegar os prontuários. A partir desse documento, a gente vai entrar com uma ação contra o Estado”, afirmou a advogada Bianca Kald ao G1.

A Secretaria Estadual de Saúde informou que uma sindicância será aberta para apurar o que aconteceu no Hospital da Mulher Heloneida Studart. A Polícia Civil divulgou que o caso foi registrado na 64ª DP (São João de Meriti). Os agentes requisitaram o laudo médico de atendimento na unidade para fazer análise.

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