CASO AME JONATAS

Pais de menino com AME são presos por desviar recursos de campanha milionária

Prisão foi nesta semana em Santa Catarina; eles foram condenados a 60 anos de cadeia

Publicado em: 25/05/2024 15:03
Última atualização: 25/05/2024 15:03

Uma campanha que mobilizou gente de todo o Brasil e arrecadou mais de R$ 3 milhões para ajudar no tratamento do menino Jonatas Openkoski, portador de Atrofia Muscular Espinhal (AME), terminou na prisão dos pais dele nesta semana.

O que dizem especialistas sobre a inundação de semanas em Porto Alegre


Jonatas Openkoski com os pais Renato e Aline em Balneário Camboriú Foto: Reprodução

Renato e Aline Openkoski foram presos na última quarta-feira (22) pela Polícia Civil de Santa Catarina. Eles estavam escondidos em um casa na cidade de Joinville. No fim de 2022 os dois tinham sido condenados por estelionato e apropriação indébita.

Somadas, as penas chegam a quase 60 anos. Renato terá que cumprir 38 anos, dois meses e 10 dias de reclusão e, Aline, 22 anos, sete meses e 10 dias. Além disso, terão que pagar as custas processuais e uma indenização de R$ 178 mil a uma entidade que atende crianças com AME.

Entenda o caso AME Jonatas

Diagnosticado com AME em março de 2017, o menino Jonatas precisou iniciar um tratamento especial com a vacina Spinraza. Na época, a medicação não era disponibilizada pelo SUS e precisava ser importada dos Estados Unidos. O custo estimado da vacina era de R$ 3 milhões.

Em pouco tempo a campanha alcançou o valor pretendido, inclusive com o apoio de famosos, mas os pais anunciaram que manteriam a ação para ajudar a custear demais gastos com o tratamento do menino, inclusive aparelhos essenciais para que ele continuasse vivo.

Ainda naquele ano a Polícia Civil começou a investigar o destino dos recursos recebidos pela família por meio da campanha. A apuração concluiu que parte importante do dinheiro foi usada para compra de bens e produtos serviços destinados ao bem-estar do casal e não da criança.

Uma vida de luxo

Segundo apontou a investigação policial, em 2018 o casal passou longo período de férias em Fernando de Noronha, um dos destinos mais caros do Brasil. Ao cumprir mandado de busca e apreensão na casa deles, os agentes encontraram carros e objetos de luxo. Os valores levantados pela campanha acabaram bloqueados pela Justiça.

No fim de 2018 Renato e Aline Openkoski foram denunciados pelo Ministério Público de Santa Catarina. O pedido era para que fossem condenados a mais de 70 anos de prisão.

O menino Jonatas morreu em janeiro de 2022 aos 5 anos de idade. Ele teria sofrido uma parada cardíaca e não resistiu. Na época a família morava em Balneário Camboriú, cidade que tem um dos metros quadrados mais caros do Brasil.

Pai concorreu a deputado

Em outubro do mesmo ano o pai do menino concorreu a deputado estadual pelo PDT. Seu nome de urna era "Renato Pai do AME Jonatas". Ele fez modestos 183 votos. No entanto, recebeu R$ 24,4 mil do fundão eleitoral para custear a campanha. Foram gastos R$ 14,4 mil, sendo R$ 3 mil com impulsionamento de conteúdo nas redes sociais.

O que dizem os condenados

Ao site de notícias ND Mais, de Florianópolis, o advogado Emanuel Stopassola, que representa o casal, disse que “será defendido o devido processo legal, o contraditório, a ampla defesa e todos os meios de provas e recursos inerentes.”

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