Uma agricultora de São Sebastião, no agreste de Alagoas, recebeu um vídeo que mudou completamente a vida dela e de mais uma família. A gravação foi o ponto de partida para uma descoberta avassaladora: duas mães tiveram os bebês trocados na maternidade.
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A agricultora Débora Maria Silva teve uma gravidez tranquila até o oitavo mês de gestação, quando precisou ser internada após desenvolver pressão alta. Ela, então, foi encaminhada para o Hospital Regional Nossa Senhora do Bom Conselho, em Arapiraca. As informações são do programa de TV Fantástico, veiculado neste domingo (16).
Em 21 de fevereiro de 2022, os gêmeos Gabriel e Guilherme nasceram prematuros e, para ganhar peso, precisaram ficar internados na UTI. Na época, por conta da pandemia de Covid-19, Débora não pôde visitá-los. “O pediatra me ligava e passava o relatório de como eles estavam”, disse. Três semanas depois, em 12 de março, as crianças foram para casa.
A agricultora explicou que, até o momento, acreditava ter tido gêmeos bivitelinos, já que os médicos não deram certeza de que os bebês seriam idênticos.
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Um vídeo que mudou tudo
Neste ano, Débora recebeu um vídeo. Nas imagens, uma criança de dois anos aparecia rezando em uma escola. A amiga, que enviou a filmagem, questionou se a agricultora havia se mudado, já que a creche ficava em outra cidade e ela estava certa de que a criança era Gabriel.
“Ela disse: ‘Você está morando em Craíbas?’. Aí eu disse: ‘Não, eu tô morando no sítio, em São Sebastião’. E ela disse: ‘Não, olha aqui seu filho, na creche, estudando'”, relatou. “Eu fiquei tão nervosa.”
Débora foi para as redes sociais e falou que a criança não era o filho. “Eu tô emocionada porque o menino é idêntico ao Gabriel”, contou chorando. Ela ainda fez um apelo: caso alguém soubesse, que contasse a ela quem era a mãe do menino.
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O menino do vídeo: Bernardo
O menino do vídeo se chama Bernardo. Ele é filho da estudante Maria Aparecida Josefa e mora em Craíbas, cidade próxima a São Sebastião. Assim como Débora, ela precisou ser internada no oitavo mês de gestação, no hospital regional.
E as coincidências não param por aí: Bernardo nasceu apenas 3 dias depois dos gêmeos e também ficou internado na UTI para ganhar peso. Ele foi liberado apenas no dia 28 de março.
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Dois anos depois, com a autorização de Maria, a creche postou um vídeo de Bernardo durante uma oração. Depois disso, a estudante começou a receber mensagens sobre a semelhança dele com outro menino. Uma delas, da vizinha de Débora.
“‘Mulher, eu queria saber se tu teve gêmeos porque tem um menino, aqui da minha vizinha, que é idêntico ao seu’. Ela me mandou uma foto da Débora com o Gabriel”, contou ao Fantástico. “Realmente, são idênticos”, disse ela à amiga da agricultora.
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DNA
As mães resolveram se encontrar. Para isso, Débora viajou até Craíbas, com a ajuda de uma assistente social, sem os filhos. A agricultora falou sobre a emoção do encontro ao Fantástico.
“Quando eu peguei ele nos braços, eu disse: ‘Meu Deus, é meu filho'”, relatou emocionada. “Era idêntico ao Gabriel. As mãos, os pés, tudo.”
As duas mães resolveram fazer um exame de DNA após perceberem que os três bebês passaram pela UTI do mesmo hospital, no mesmo período. O resultado confirmou que Bernardo é, na verdade, o irmão gêmeo de Gabriel, e que Guilherme é filho de Maria Aparecida.
“Esses meses ‘tá’ sendo, tipo… Que o meu mundo caiu”, disse a estudante. “Nossa, eu sofri muito, muito. Até hoje, ainda sofro”, afirmou a agricultora.
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Troca de bebês é investigada pela polícia
Um inquérito foi aberto pela Polícia Civil para investigar o caso. “Tudo que foi apurado, que consta nos autos, diz respeito à negligência do hospital”, disse a delegada Maria Fernandes Porto, ainda para o Fantástico.
Em nota enviada ao programa de TV, a administração do hospital regional, onde os partos foram feitos, afirmou que está colaborando com as autoridades para que os fatos sejam esclarecidos. Exames do pré-natal já mostravam que os gêmeos eram idênticos, porém, segundo o advogado de Débora, a informação não foi passada para ela durante as consultas.
Além disso, uma ação foi movida contra o obstetra que fez o pré-natal e parto dos gêmeos. Segundo o Fantástico, ele não quis se manifestar.
Como ficam os bebês?
Agora, a família de Débora quer ter Bernardo de volta. Ela afirmou que os bebês precisam um do outro. “Eles são gêmeos”, disse.
Além disso, eles também lutam na justiça para permanecer com Guilherme, que possui uma doença rara nos ossos. “Por eu saber as técnicas de usar no Guilherme, eu fico muito sensível”, relatou.
Por outro lado, Maria Aparecida quer continuar com a guarda de Bernardo e apenas manter uma relação próxima de Guilherme. A defensoria pública, que representa a estudante, defende que as crianças não sejam devolvidas aos pais biológicos.
Até o momento, enquanto a Justiça não toma uma decisão, os bebês continuam visitando as famílias biológicas de 15 em 15 dias.