ESTAÇÃO MAIS FRIA DO ANO

O que esperar do inverno com transição de El Niño para La Niña?

Há 65% de chance do fenômeno atuar entre julho e setembro; veja ainda como ficam as temperaturas e a previsão de chuva para o RS

Publicado em: 20/06/2024 19:21
Última atualização: 20/06/2024 19:22

A partir, precisamente, das 17h51 desta quinta-feira (20), a estação mais fria do ano começou. Além de gerar dúvidas sobre as temperaturas, neste ano, há também questionamentos que giram em torno do fim do El Niño e do início da La Niña, justamente porque o fenômeno começa a atuar ainda durante o inverno.


O que esperar do inverno com transição de El Niño para La Niña Foto: Pixabay

Conforme a MetSul Meteorologia, atualmente o Oceano Pacífico Equatorial está sob condições de neutralidade, o que deve seguir durante boa parte da estação, ou seja, os próximos meses.

No entanto, é no fim do inverno que o La Niña poderá estar instalado. Há 65% de chance do fenômeno atuar entre julho e setembro. Esses são dados da última atualização mensal do Centro de Previsão Climática (CPC) da Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera (NOAA), dos Estados Unidos.

Conforme a meteorologista Estael Sias, em anos de Pacífico mais frio do que a média, como se espera nos próximos meses sob influência do La Niña, há menos temporais que sob El Niño.

No entanto, quando ocorrem, podem ser muito intensos em função do avanço tardio de massas de ar frio, que encontram o ar mais quente de fim de inverno e a primavera. "Sob La Niña, observa-se ainda uma maior frequência de granizo, especialmente em agosto e setembro."

Inverno chuvoso no RS?

Normalmente, o inverno e a primavera são as estações mais chuvosas no RS. Neste ano, a especialista explica que quase todos os modelos internacionais de clima indicam que a estação mais fria do ano terá precipitação abaixo ou muito abaixo da média nos três estados do Sul do Brasil. Contudo, este não é o prognóstico da MetSul.
"O nosso entendimento é que o Paraná e parte de Santa Catarina devem ter um inverno com chuva abaixo a muito abaixo da média, mas grande parte do Rio Grande do Sul e algumas áreas de Santa Catarina devem ter precipitação perto da média ou acima dos valores climatológicos da estação", explica Estael.
Apesar disso, a meteorologista acredita que seja improvável que o inverno gaúcho seja de chuva persistente, como ocorreu durante a catástrofe de maio ou nesta segunda metade de junho. "Julho e agosto devem ter períodos mais prolongados de tempo firme com aumento das precipitações no mês de setembro."

Risco de novos episódios de chuva volumosa

Estael salienta ainda que o padrão de temperatura muito acima da média com bloqueio atmosférico no Centro do Brasil, que acompanhou os eventos extremos de chuva e enchentes do segundo semestre de 2023 e de maio e junho deste ano, seguirá presente durante o inverno. Ou seja, o Rio Grande do Sul tem risco de novos episódios de chuva volumosa no inverno.

Por outro lado, o Centro-Oeste e o Sudeste terão tendência de chuva abaixo da média na maior parte das duas regiões. "O tempo muito seco com chuva por demais escassa deve manter o número elevado de queimadas no Centro-Oeste com o agravamento da situação no Pantanal."

Há também a possibilidade de que as queimadas subam acentuadamente no interior de São Paulo e no Cerrado, com risco para parques nacionais e reservas naturais. A meteorologista destaca que espera-se um aumento significativo de queimadas no Sul da Amazônia, o que deve levar fumaça por correntes de vento para o Sul e o Sudeste do Brasil no fim do inverno.

Como serão as temperaturas neste inverno?

A tendência é de um inverno com temperatura acima a muito acima da média na maior parte do Brasil. Entre os três estados do Sul do País, o Paraná será o mais quente durante a estação. Já em Santa Catarina, os desvios positivos de temperatura serão menores.

No Rio Grande do Sul, o inverno terá temperatura acima da média, mas as massas de ar frio terão mais frequência e maior influência que no Paraná.
"O inverno gaúcho, mesmo distante de rigoroso, deverá ter alguns dias de frio muito intenso, mas estes eventos de ar mais gelado tendem a ser pontuais na estação. Com o resfriamento do Pacífico, aumenta o risco de frio tardio mais tarde na estação e no início da primavera", destaca Estael.

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