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HINO MODIFICADO

O que é linguagem neutra? Entenda o termo usado no Hino Nacional em comício

Letra foi modifica durante comício em São Paulo e vídeo da performance repercutiu pelo País

Publicado em: 01/09/2024 às 17h:17 Última atualização: 01/09/2024 às 17h:18
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Um vídeo do Hino Nacional sendo performado com a letra modificada para a linguagem neutra, durante um comício político, em São Paulo, repercutiu negativamente na terça-feira (27). Evento ocorreu no sábado (24). Mas, afinal, o que é essa linguagem?

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Modificar Hino Nacional pode gerar multa de mais de R$ 30 mil

Foto: Freepik

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Performance foi feita durante um comício do candidato do PSOL à Prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos. As alterações buscaram incluir pessoas que não se sentem incluídos nos gêneros masculino e feminino.

No evento, o verso “dos filhos deste solo, és mãe gentil” se tornou “des filhes deste solo, és mãe gentil” na versão cantada. Além, disso, ele contou com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

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O que é linguagem neutra?

A linguagem neutra foi criada para incluir pessoas não-binárias (que não se identificam como homem ou mulher) em diálogos. 

Os defensores do termo acreditam que a mudança na língua portuguesa abraça ainda pessoas com mais de um gênero e é uma alternativa para quando não se sabe qual pronome deve ser utilizado para se dialogar com determinado indivíduo.

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A linguagem neutra também busca retirar predominância do gênero masculino da língua portuguesa. Quem a utiliza argumenta que os dois pronomes definidos de gênero presentes na língua portuguesa – “o” e “a”, para homens e mulheres, respectivamente -, não atendem a todas as pessoas falantes do idioma.

Por isso, propõe a utilização da terminação “e” para palavras ambivalentes ou sem gênero intrínseco, além da inclusão da vogal como pronome definido de gênero neutro.

Um exemplo comumente usado é como se referir a um ambiente composto por nove mulheres e um homem: usa-se “todos” e não “todas”. O uso do termo “todes” busca aglomerar todos os gêneros, de forma neutra.

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Na linguagem neutra falada, como foi empregado no comício eleitoral de Boulos, “dos” e das” se tornam “des”, “filhos” e “filhas” se tornam “filhes”. Há outros exemplos: “ele” ou “ela” viram “elu” e “amigo” ou “amiga” viram “amigue”.

Não há uma definição universal da forma de se utilizar a linguagem neutra em textos. Alguns utilizam a letra “X” símbolos para substituir pronomes em textos. Desta forma, “ele” e “ela” se tornam “elx” ou “el@” e “todos” e “todas” podem virar “todxs” ou “tod@s”.

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Linguagem neutra não está prevista na norma padrão da língua portuguesa

Este tipo de linguagem não está previsto na norma padrão da língua portuguesa, que estabelece que o papel do pronome neutro é exercido pelo artigo masculino. Por isso, o uso em vestibulares e concursos públicos pode acarretar penalizações por desvios da utilização da grafia formal.

Porém, apesar de não estar na norma padrão, o uso da linguagem neutra não é proibido. Em fevereiro do ano passado, o STF derrubou uma lei que proibiu a utilização no Estado de Rondônia em livros didáticos. Os magistrados entenderam que as legislações interferem em diretrizes e bases da educação, que é de competência da União.

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Em maio deste ano, o ministro Flávio Dino suspendeu uma lei do Amazonas semelhante a que vigorou em Rondônia. Na ocasião, Dino afirmou que a língua portuguesa é viva e “está sempre aberta a novas possibilidades”.

“A gestão democrática da educação nacional exige, inclusive para adoção ou não da linguagem neutra, o amplo debate do tema entre a sociedade civil e órgãos estatais, sobretudo se envolver mudanças em normas vigentes”, afirmou.

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Boulos apagou vídeo do comício e opositores criticaram uso da linguagem neutra

Horas depois da repercussão do Hino Nacional cantado com “des filhes deste solo, és mãe gentil” no comício de Boulos, o candidato do PSOL à Prefeitura apagou o vídeo do comício das redes sociais dele.

Para a Coluna do Estadão, a assessoria de imprensa do candidato afirmou que a campanha nunca solicitou ou autorizou a alteração na letra do Hino Nacional.

A equipe de Boulos alegou que a “produtora, organizadora do evento, foi responsável pela contratação de todos os profissionais que trabalharam para a realização da atividade, incluindo a seleção e o convite à intérprete” responsável pela performance.

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Críticas

Políticos contrários à linguagem neutra utilizaram as redes sociais para criticar Boulos. Uma delas foi a economista Marina Helena (Novo), também candidata à Prefeitura de São Paulo, que repostou o trecho do Hino.

“Essa é a extrema-esquerda lulista que quer assumir a Prefeitura de São Paulo: lacração, desrespeito e destruição de nossos símbolos nacionais mais sagrados”, afirmou a candidata no X (antigo Twitter).

Segundo a Lei nº 5.700 de 1971, “em qualquer hipótese, o Hino Nacional deverá ser executado integralmente e todos os presentes devem tomar atitude de respeito”.

A norma determina que não haja alterações na letra ou na melodia do hino nem a “execução de quaisquer arranjos vocais do Hino Nacional”, sob pena de multa.

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Também pelo X, o ex-ministro da Cultura e deputado federal Mário Frias (PL-SP) disse a modificação “não é apenas uma mudança de palavras – trata-se de um desrespeito aos símbolos nacionais, à nossa cultura e à nossa língua”.

“Nas imagens, Lula aparece ao lado do psolista quando a canção é distorcida, e o trecho ?dos filhos deste solo? é alterado para ?des filhes deste solo?”, declarou a deputada Carla Zambelli (PL-SP).

“Em um só movimento a dupla Lula/Boulos conseguiu agredir o Hino Nacional, a língua portuguesa e o aparelho auditivo de quem foi submetido à ‘apresentação’. É de onde menos se espera que não vem nada mesmo…”, escreveu o senador Ciro Nogueira (PP-PI), ex-ministro da Casa Civil de Jair Bolsonaro e presidente do Progressistas.

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