O Hospital Sírio-Libanês foi condenado a pagar cerca de R$ 1 milhão de indenização após morte de bebê. A médica responsável virou ré por homicídio culposo, quando não há intenção de matar, por uma suposta negligência na morte do menino de 1 ano em abril de 2018, em São Paulo. A informação foi publicada pelo colunista do UOL, Rogério Gentile. Tanto a defesa do hospital quanto da médica, rebatem as acusações de negligência, falha e erro médico.
Entenda o que aconteceu
No fim de março deste ano, a 5° Vara Criminal de São Paulo recebeu a denúncia oferecida pelo Ministério Público. Alessandra Gomes, a médica, ainda não foi citada para responder pela acusação de homicídio no exercício da profissão. O Conselho Regional de Medicina, CRM, também abriu um processo administrativo contra ela.
“A médica, durante um procedimento tão importante, não estava no hospital. Ela ficou orientando a equipe de enfermagem à distância. A criança começou a ter reações a esse procedimento preparatório do transplante, com dores intensas. Mas a médica pedia que apenas fosse aplicada morfina. Ficou detectada a negligência médica, que acabou gerando a morte da criança’, disse o advogado dos pais da criança, Leonardo Pantaleão.
O caso aconteceu depois do procedimento de quimioterapia para o transplante de medula óssea, onde Pedro de Assis Cândido passou por “seis horas de intenso sofrimento e agonia” antes de morrer por negligência e erro médico, de acordo com a Justiça de São Paulo. A médica estava ministrando morfina para dor à distância, enquanto apenas a equipe de enfermagem estava responsável pelos cuidados do bebêm conforme a decisão.
De acordo com a Justiça, Pedro só teve atendimento médico após sofrer uma parada cardiorrespiratória. Mas mesmo assim não foi transferido imediatamente para a UTI por falta de vaga, recebendo duas doses de morfina. O menino morreu no dia seguinte, depois de sofrer mais uma parada cardiorrespiratória.
“A demora na avaliação do paciente lhe tirou a única chance de sobrevivência. É estarrecedora a conduta médica”, pontuou a desembargadora Hertha Helena de Oliveira, relatora do processo.
A defesa dos país também disse que: “Os réus deixaram de prestar socorro à criança que estava em síndrome hemorrágica e cuja sobrevivência dependeria de uma avaliação médica e de seu encaminhamento imediato à UTI”.
Pronunciamento da defesa da médica e do hospital
A defesa de Alessandra Gomes nega que houve negligência e erro médico. Eles também contestam a versão de que ela apenas tenha feito o atendimento à distância.
“Temos relatos de testemunhas e relatórios comprovando que ela [a médica] compareceu ao hospital, mas isso ainda vai ser debatido na esfera judicial. Existem pessoas que ainda não foram ouvidas e que farão total diferença para a absolvição dela”, disse Rinaldo Lagonegro Júnior, advogado da médica.
Já o Sírio-Libanês e a equipe médica, negaram qualquer falha ou negligência. A sua defesa apresentou à Justiça, uma declaração que dizia que a criança recebeu acompanhamento em tempo integral, mesmo que não houvesse um médico ao seu lado durante a aplicação do medicamento. “Mas esse fato não implica em falha ou negligência. Não existia a necessidade da presença de um médico em tempo integral.”
“Não se pode afirmar, de nenhum modo, que houve demora que pudesse causar prejuízos ao atendimento do paciente, pois todos os atos e condutas foram praticados com a máxima intensidade”, reportou o Hospital Sírio-Libanês à Justiça.
Em uma nota enviada ao UOL, o hospital se solidarizou com a família de Pedro e disse que não comentará sobre o andamento do processo.
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