Lula chora ao lembrar de prisão e especialista analisa o que pode ter motivado comportamento

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chorou ao falar sobre o tempo em que ficou preso em 2018 durante uma entrevista à TV 247, que foi ao ar nesta terça-feira (21). Em sua fala, Lula relembrou momentos  que considera difíceis dos últimos anos, como a morte da esposa Marisa, que ocorreu pouco mais de um ano antes da prisão, e o falecimento do irmão Vavá, que foi durante seu confinamento. Além disso, ele falou sobre ter que lidar com as acusações e com o tempo em que passava sozinho. 

"As acusações, as leviandades, o que as pessoas escreviam, isso é tudo muito duro. Muitas vezes você precisa se preparar para suportar isso, você não pode se deixar levar. Às vezes, eu sei que cai numa depressão, então é engraçado porque eu fiquei naquela cadeia lá, foi um momento muito rico na minha vida, de resistência. Quantas vezes eu deitava naquela cama e ficava de barriga pra cima, olhando o teto...", conta, momento em que não conclui a frase, e chora. 

Na avaliação da psicóloga clínica e psicanalista Denise Quaresma, "falar sobre um acontecimento que nos trouxe sofrimento é rememorar o acontecimento traumático, pois nossa memória afetiva é acessada". "Enquanto dói de forma tão intensa, pode até ter sido racionalmente compreendido, mas ainda não foi elaborado internamente", explica Denise.

Segundo a especialista, a experiência da prisão de qualquer ser humano é sempre "um cerceamento da sua liberdade" e exige muita capacidade de resistência – assim como disse o presidente – fato que não é presente em todas as pessoas. "Seria bom se de alguma forma as pessoas que passam por estas experiências traumáticas, como o cerceamento da liberdade, pudessem contar com auxílio psicoterápico para elaborarem de forma menos sofrida o estresse pós-traumático, resultante dos momentos de tanto sofrimento vividos", recomenda.

Fala polêmica envolvendo Sérgio Moro

Em outro momento da entrevista à TV 247, Lula disse que, durante tempo na prisão, respondia que não estava tudo bem quando os procuradores perguntavam. "Só vai estar tudo bem quando eu f*** esse Moro", contou. O presidente afirmou ainda que, enquanto estava preso, pensava em vingança e que tinha orgulho de sua inocência. "Eu estou aqui para me vingar dessa gente, sabe? Eu falava todo o dia que eles visitavam lá. Entrava um delegado, e eu falava a mesma coisa: 'se preparem que eu vou provar [sua inocência]'", completou. 

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