Política
Janaína Paschoal reage a abaixo-assinado de alunos da USP contra retorno dela
Última atualização: 23/01/2024 12:59
A deputada estadual JanaÃna Paschoal (PRTB) afirmou que o abaixo-assinado contra seu retorno à Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP) mostra que as "pessoas que não querem conviver com a divergência". Nesta segunda-feira, 6, o Centro Acadêmico XI de Agosto, representação polÃtica dos estudantes do Largo São Francisco, divulgou um documento contra o retorno da parlamentar à instituição. A carta afirma que a deputada "não é mais bem-vinda" à s salas da faculdade e que ela teve uma "contribuição indecente para o PaÃs" nos últimos anos.
Professora concursada, Janaina se licenciou da Faculdade de Direito da USP para exercer o mandato de deputada estadual nos últimos quatro anos. Após não conquistar uma vaga pelo Estado de São Paulo no Senado Federal nas eleições de 2022, a advogada e professora demonstrou interesse em retornar às salas de aula.
Os alunos afirmam que JanaÃna "abandonou os valores democráticos que devem permear as salas de aula da principal instituição de ensino jurÃdico do paÃs" desde que assumiu uma posição de liderança polÃtica. Para JanaÃna, a afirmação é "pitoresca". "Pessoas que não querem conviver com a divergência me acusando de antidemocrática. São jovens, eles repetem o que falam para eles. O tempo vai mostrar quem é quem", disse ao Estadão.
A alegação de abandono dos valores democráticos pela deputada é exemplificada pelos alunos em alguns episódios como a não assinatura da Carta em Defesa da Democracia, organizada pela Faculdade de Direito da USP. O manifesto, redigido em meados de julho passado em reação às investidas do então presidente Jair Bolsonaro (PL) contra as urnas eletrônicas, superou 1 milhão de assinaturas.
Outro episódio citado é o processo de impeachment contra a ex-presidente Dilma Rousseff. A deputada foi uma das autoras do pedido de afastamento da então chefe do Executivo. Sua atuação ativa no processo garantiu-lhe o destaque que a levou conquistar uma cadeira na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) nas eleições de 2018. Na época, filiada ao PSL e apoiadora de Jair Bolsonaro, ela foi a deputada mais votada na história do PaÃs, com resultado acima de 2 milhões de votos.
A adesão de JanaÃna à onda bolsonarista também foi lembrada pelos alunos. "Nos quatro anos sombrios que o PaÃs enfrentou sob o governo de Bolsonaro, JanaÃna se apresentou como uma espécie de bolsonarista esclarecida. No entanto, as suas supostas divergências com os movimentos de extrema direita são mÃnimas e consideramos haver, em suas mãos, tanto sangue quanto nas mãos deles", diz o texto.
Durante os quatro anos de gestão Bolsonaro, a parlamentar fez parte do núcleo de influenciadores do ex-presidente, embora a relação tenha sido marcada por idas e vindas, com uma série de crÃticas da deputada ao governo e ainda uma declaração sobre ter se arrependido do voto em Bolsonaro. O rompimento final ocorreu durante as eleições de 2022, quando JanaÃna foi preterida pela campanha do pré-candidato ao governo de São Paulo TarcÃsio de Freitas (Republicanos), que escolheu o ex-ministro Marcos Pontes para a vaga do Senado em sua chapa.
Segundo o abaixo-assinado, a volta de JanaÃna à Faculdade de Direito é uma "notÃcia recebida com perturbação" tanto para os alunos quanto para o Centro Acadêmico XI de Agosto. Ao olhar da parlamentar, essa sensação é positiva, pois é a função de um bom docente. "Os alunos disseram que meu retorno perturba, mas essa é a missão de um bom professor: fazer o aluno sair da zona de conforto", disse ao Estadão.
JanaÃna afirmou também que a sua volta à sala de aula não é uma questão de escolha. "O mandato acaba no dia 14 de março. Já informei o Departamento que estou disponÃvel a partir do dia 15. Não é uma questão de escolha. Sou concursada, se não voltar, caracteriza abandono de função. Eu sempre fui advogada e professora. Não nasci deputada", disse.
Confira a Ãntegra da carta do C.A. XI de Agosto:
"O retorno de JanaÃna Paschoal à s atividades de docência na Faculdade de Direito da USP é uma notÃcia recebida com perturbação pelo corpo discente do Largo de São Francisco e pelo Centro Acadêmico XI de Agosto.
Desde que se tornou uma das lideranças e a principal fiadora jurÃdica da extrema direita, JanaÃna abandonou os valores democráticos que devem permear as salas de aula da principal instituição de ensino jurÃdico do paÃs.
Exemplo notório desse desvio é ter sido uma das poucas docentes que não assinou a 'Carta às brasileiras e aos brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito', documento histórico escrito pela Faculdade de Direito, que congregou o Brasil em defesa da democracia.
Consideramos que JanaÃna Paschoal tem dado uma contribuição indecente para o paÃs. Foi a responsável por fundamentar juridicamente o processo de impeachment contra a ex-presidente Dilma Rousseff e, em 2018, apoiou e surfou a onda bolsonarista para alcançar um mandato na Assembleia Legislativa de São Paulo.
Nos quatro anos sombrios que o paÃs enfrentou sob o governo de Bolsonaro, JanaÃna se apresentou como uma espécie de bolsonarista esclarecida. No entanto, as suas supostas divergências com os movimentos de extrema direita são mÃnimas e consideramos haver, em suas mãos, tanto sangue quanto nas mãos deles.
Felizmente, a população de São Paulo a negou um mandato no Senado. Por outro lado, a sua derrota na polÃtica possibilita um retorno à s arcadas. É por isso que, antes que pise novamente no Território Livre do Largo de São Francisco, queremos que saiba que não é mais bem-vinda.
Hoje a Faculdade de Direito da USP é dos alunos negros e pobres. Hoje a universidade pertence aos defensores da democracia, não aos seus detratores. É exatamente por isso que você não cabe mais aqui. As nossas salas de aula se tornaram grandes demais para você."
A deputada estadual JanaÃna Paschoal (PRTB) afirmou que o abaixo-assinado contra seu retorno à Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP) mostra que as "pessoas que não querem conviver com a divergência". Nesta segunda-feira, 6, o Centro Acadêmico XI de Agosto, representação polÃtica dos estudantes do Largo São Francisco, divulgou um documento contra o retorno da parlamentar à instituição. A carta afirma que a deputada "não é mais bem-vinda" à s salas da faculdade e que ela teve uma "contribuição indecente para o PaÃs" nos últimos anos.
Professora concursada, Janaina se licenciou da Faculdade de Direito da USP para exercer o mandato de deputada estadual nos últimos quatro anos. Após não conquistar uma vaga pelo Estado de São Paulo no Senado Federal nas eleições de 2022, a advogada e professora demonstrou interesse em retornar às salas de aula.
Os alunos afirmam que JanaÃna "abandonou os valores democráticos que devem permear as salas de aula da principal instituição de ensino jurÃdico do paÃs" desde que assumiu uma posição de liderança polÃtica. Para JanaÃna, a afirmação é "pitoresca". "Pessoas que não querem conviver com a divergência me acusando de antidemocrática. São jovens, eles repetem o que falam para eles. O tempo vai mostrar quem é quem", disse ao Estadão.
A alegação de abandono dos valores democráticos pela deputada é exemplificada pelos alunos em alguns episódios como a não assinatura da Carta em Defesa da Democracia, organizada pela Faculdade de Direito da USP. O manifesto, redigido em meados de julho passado em reação às investidas do então presidente Jair Bolsonaro (PL) contra as urnas eletrônicas, superou 1 milhão de assinaturas.
Outro episódio citado é o processo de impeachment contra a ex-presidente Dilma Rousseff. A deputada foi uma das autoras do pedido de afastamento da então chefe do Executivo. Sua atuação ativa no processo garantiu-lhe o destaque que a levou conquistar uma cadeira na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) nas eleições de 2018. Na época, filiada ao PSL e apoiadora de Jair Bolsonaro, ela foi a deputada mais votada na história do PaÃs, com resultado acima de 2 milhões de votos.
A adesão de JanaÃna à onda bolsonarista também foi lembrada pelos alunos. "Nos quatro anos sombrios que o PaÃs enfrentou sob o governo de Bolsonaro, JanaÃna se apresentou como uma espécie de bolsonarista esclarecida. No entanto, as suas supostas divergências com os movimentos de extrema direita são mÃnimas e consideramos haver, em suas mãos, tanto sangue quanto nas mãos deles", diz o texto.
Durante os quatro anos de gestão Bolsonaro, a parlamentar fez parte do núcleo de influenciadores do ex-presidente, embora a relação tenha sido marcada por idas e vindas, com uma série de crÃticas da deputada ao governo e ainda uma declaração sobre ter se arrependido do voto em Bolsonaro. O rompimento final ocorreu durante as eleições de 2022, quando JanaÃna foi preterida pela campanha do pré-candidato ao governo de São Paulo TarcÃsio de Freitas (Republicanos), que escolheu o ex-ministro Marcos Pontes para a vaga do Senado em sua chapa.
Segundo o abaixo-assinado, a volta de JanaÃna à Faculdade de Direito é uma "notÃcia recebida com perturbação" tanto para os alunos quanto para o Centro Acadêmico XI de Agosto. Ao olhar da parlamentar, essa sensação é positiva, pois é a função de um bom docente. "Os alunos disseram que meu retorno perturba, mas essa é a missão de um bom professor: fazer o aluno sair da zona de conforto", disse ao Estadão.
JanaÃna afirmou também que a sua volta à sala de aula não é uma questão de escolha. "O mandato acaba no dia 14 de março. Já informei o Departamento que estou disponÃvel a partir do dia 15. Não é uma questão de escolha. Sou concursada, se não voltar, caracteriza abandono de função. Eu sempre fui advogada e professora. Não nasci deputada", disse.
Confira a Ãntegra da carta do C.A. XI de Agosto:
"O retorno de JanaÃna Paschoal à s atividades de docência na Faculdade de Direito da USP é uma notÃcia recebida com perturbação pelo corpo discente do Largo de São Francisco e pelo Centro Acadêmico XI de Agosto.
Desde que se tornou uma das lideranças e a principal fiadora jurÃdica da extrema direita, JanaÃna abandonou os valores democráticos que devem permear as salas de aula da principal instituição de ensino jurÃdico do paÃs.
Exemplo notório desse desvio é ter sido uma das poucas docentes que não assinou a 'Carta às brasileiras e aos brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito', documento histórico escrito pela Faculdade de Direito, que congregou o Brasil em defesa da democracia.
Consideramos que JanaÃna Paschoal tem dado uma contribuição indecente para o paÃs. Foi a responsável por fundamentar juridicamente o processo de impeachment contra a ex-presidente Dilma Rousseff e, em 2018, apoiou e surfou a onda bolsonarista para alcançar um mandato na Assembleia Legislativa de São Paulo.
Nos quatro anos sombrios que o paÃs enfrentou sob o governo de Bolsonaro, JanaÃna se apresentou como uma espécie de bolsonarista esclarecida. No entanto, as suas supostas divergências com os movimentos de extrema direita são mÃnimas e consideramos haver, em suas mãos, tanto sangue quanto nas mãos deles.
Felizmente, a população de São Paulo a negou um mandato no Senado. Por outro lado, a sua derrota na polÃtica possibilita um retorno à s arcadas. É por isso que, antes que pise novamente no Território Livre do Largo de São Francisco, queremos que saiba que não é mais bem-vinda.
Hoje a Faculdade de Direito da USP é dos alunos negros e pobres. Hoje a universidade pertence aos defensores da democracia, não aos seus detratores. É exatamente por isso que você não cabe mais aqui. As nossas salas de aula se tornaram grandes demais para você."