abc+

ANTIDUMPING

'Invasão' chinesa prejudica indústria calçadista brasileira

Com menor valor no par desde 1997, importações chinesas afetam produção e empregos na cadeia nacional

Publicado em: 17/03/2023 às 15h:42 Última atualização: 10/09/2024 às 14h:20
Publicidade

A indústria calçadista brasileira teve uma queda no índice de empregabilidade no início de 2023. Em janeiro, o setor criou apenas 1,3 mil postos em todo o Brasil, o pior saldo em 14 anos. Conforme a Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), o saldo médio nos últimos dois anos, para janeiro, foi de 8 mil vagas criadas, e a diminuição no índice tem relação com a “invasão” dos pares chineses.

Dados do Caged mostram que indústria voltou a contratar | abc+



Dados do Caged mostram que indústria voltou a contratar

Foto: Divulgação

No mês passado, entraram no Brasil quase 3 milhões de calçados vindos da China (quase 70% do total importado) a um preço médio de apenas US$ 1,72 por par (o menor valor desde 1997), as importações de lá somaram US$ 5 milhões. As altas são de 130,7% em volume e de 9,7% em receita na relação com o mesmo período do ano passado.

Desta forma, as importações do país asiático têm provocado uma concorrência desleal com o varejo brasileiro, o que afeta diretamente os empregos no setor.

Dumping

Para o presidente da entidade, Haroldo Ferreira, os dados apontam para o processo de dumping – quando o preço praticado para a exportação é diferente do praticado no mercado interno. No Brasil, o direito antidumping foi prorrogado no ano passado e é válido por cinco anos, mas atualmente exclui três grandes grupos chineses que correspondem a cerca de 50% das importações.

“Sem demanda, a indústria nacional vai parar de produzir, o que tem como consequência o desemprego de pessoas que sobrevivem da atividade”, ressalta o executivo.

Articulações internas

Com o resultado de fevereiro, as importações chinesas somaram 4,32 milhões de pares e US$ 11,44 milhões, incrementos tanto em volume (+66%) quanto em receita (+21,2%) em relação ao mesmo bimestre de 2022. Segundo o dirigente, desde que a China flexibilizou a política de Covid Zero e voltou com apetite ao mercado, no início do ano, calçadistas vêm encontrando problemas.

O Rio Grande do Sul, especialmente a região que é um polo calçadista, é afetado com a prática, mas os impactos são menores por produzirmos sapatos de maior valor agregado.

Para reverter a situação, a Abicalçados está se articulando para debater o tema com o governo federal. A proposta é que as organizações chinesas que não entraram no direito antidumping possam ser incluídas.

Outros países asiáticos na lista

A segunda origem das importações, em volume, no mês de fevereiro, foi o Vietnã. De lá, foram importados 764,25 mil pares por US$ 18,15 milhões, altas de 6% em volume e de 39,2% em receita na relação com o mês dois de 2022. No bimestre, as importações de calçados do Vietnã somaram 1,9 milhão de pares e US$ 44,26 milhões, altas tanto em volume (+63,5%) quanto em receita (+96,5%) em relação ao mesmo intervalo do ano passado.

A terceira origem das importações brasileiras de calçados também ficou com um país asiático. Em fevereiro, o Brasil importou da Indonésia 368,94 mil pares por US$ 7,54 milhões, altas de 58,3% em volume e de 60% em receita na relação com fevereiro de 2022. No bimestre, as importações daquele país somaram 750,37 mil pares e US$ 15,56 milhões, altas tanto em volume (+58%) quanto em receita (+63,5%) ante o mesmo período do ano passado.

Publicidade

Matérias Relacionadas

Publicidade
Publicidade