MÉTODO CONTRACEPTIVO

Hospital se recusa a colocar DIU em paciente por questões religiosas

Instituição de saúde afirmou à paciente que não realiza procedimentos contraceptivos em mulheres nem em homens

Publicado em: 25/01/2024 17:44
Última atualização: 25/01/2024 17:49

Uma paciente relatou que, depois de realizar uma consulta, o Hospital São Camilo, em São Paulo, se negou a realizar a colocação do dispositivo intrauterino (DIU), um método contraceptivo de longo prazo e que é totalmente reversível. Por meio de seu perfil no X (antigo Twitter), Leonor Macedo falou sobre a recusa da instituição médica, que aconteceu na unidade da Pompeia, bairro da zona oeste.

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O dispositivo intrauterino (DIU) é um método contraceptivo clássico, seguro e de alta eficácia Foto: Adobe Stock

"Vocês acham que é fácil ser mulher? Fui a uma consulta no Hospital São Camilo e a médica me informou que não pode colocar o DIU em mulheres porque isso vai contra os valores religiosos da instituição", afirmou ela.

Ela disse ainda que o Hospital São Camilo entrou em contato para explicar que não realiza procedimentos contraceptivos em mulheres nem em homens. Segundo Leonor, foi uma conversa respeitosa, no entanto, ela criticou a postura do hospital.

Em uma das respostas aos seus comentários, uma internauta cita que o marido também recebeu a informação de que o Hospital São Camilo não realiza vasectomia. O próprio médico, no entanto, se ofereceu para realizar o procedimento contraceptivo no seu consultório particular. A consulta também foi realizada na unidade da Pompeia.

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"O Hospital São Camilo disse que só coloca o DIU no caso de endometriose grave, mas não como método contraceptivo. Explicou que é uma instituição religiosa e que segue os preceitos da Igreja Católica e do Vaticano", acrescentou Leonora.

Também por meio das redes sociais, o Hospital São Camilo SP confirmou que, por diretrizes de uma instituição católica, não há realização de procedimentos contraceptivos, seja em homens ou mulheres.

Em nota enviada na manhã desta quarta-feira, 24, a Rede de Hospitais São Camilo - SP reforçou que, por ser uma instituição confessional católica, tem como diretriz não realizar procedimentos contraceptivos. "Tais procedimentos são realizados apenas em casos que envolvam riscos à manutenção da vida."

Os pacientes que procuram pela Rede de Hospitais São Camilo - SP e não estão com a saúde em risco são orientados a buscar na rede referenciada do seu plano de saúde hospitais que tenham esse procedimento contratualizado.

Em nota, o Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo (SindHosp), que representa 51 mil serviços privados de saúde, disse que acredita que, desde que o hospital não deixe o paciente correr risco de vida e que o preceito de atendimento de emergência seja cumprido, as instituições de saúde têm o direito de implantarem suas próprias políticas de atendimento.

Procurado, o Ministério da Saúde não comentou o caso envolvendo o Hospital São Camilo, apenas disse que o acesso aos métodos contraceptivos pelo sistema de saúde é direito de todas as brasileiras. "Cabe à pasta garantir a oferta de diversos métodos, assim como informações, acolhimento e orientação sobre planejamento familiar nos serviços vinculados ao Sistema Único de Saúde (SUS)."

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