Um crime que chocou o Brasil teve desfecho nesta quinta-feira (29). O homem acusado de atacar uma creche de Blumenau, Santa Catarina, com uma machadinha e matar 4 crianças e ferir outras 5 foi condenado pelo Tribunal do Júri. No fim da tarde, a juíza Fabíola Duncka Geiser, titular da 2ª Vara Criminal da comarca, leu a sentença que decretou 220 anos de prisão ao réu por todas as qualificadoras do processo: homicídio e tentativa de homicídio, com as qualificadoras de motivo torpe, meio cruel e recurso que dificultou a defesa das vítimas, além do fato de os crimes terem sido praticados contra menores de 14 anos.
O julgamento no Fórum de Blumenau teve início por volta das 8h30 com o sorteio dos 7 jurados. Um pouco antes das 9 horas a juíza começou a sessão. Por volta das 9h10, a primeira testemunha, o delegado Rodrigo Raitez, começou a ser ouvida e relatou toda a dinâmica do crime.
Na manhã de 5 de abril de 2023, por volta das 8h40, o réu, na época com 25 anos, teria chegado ao Centro de Educação Infantil Cantinho Bom Pastor, de motocicleta. Na sequência, ele teria invadido a creche e feito o ataque que esultou na morte das vítimas com idades entre 4 e 7 anos. Além, dos alunos feridos. O acusado se apresentou à Policia Militar logo cometer ao atentado. Desde então ele está preso.
Por volta das 10h35, uma segunda testemunha, um investigador, foi ouvida. O homem se emocionou ao relembrar os fatos e falar das vítimas. Depois, às 11h10, a mãe de uma das crianças sobreviventes foi a terceira testemunha a prestar depoimento. O filho dela tinha 3 anos na época do ataque e ela também se emocionou ao relatar o crime.
Uma colaboradora do educandário também foi ouvida. Ela relatou como encontrou as crianças e o que fez com outras professoras para ajudar as vítimas feridas. Uma testemunha de defesa foi ouvida por volta das 11h43.
O acusado entrou no salão do júri para prestar depoimento às 12h15. A oitiva do réu durou cerca de 10 minutos e ele confessou os crimes. Após o julgamento teve uma pausa para o almoço e foi retomado às 13h30 com os debates entre acusação e defesa.
Os promotores do Ministério Público Guilherme Schmitt e Rodrigo Andrade Vivian tiveram uma hora e meia para expor a tese da acusação. Cinco advogados contratados por famílias das vítimas também participaram e reforçaram as teses do MPSC.
Vivian começou afirmando que “hoje queremos que ele seja condenado pelas quatro crianças que ele matou e pelas cinco crianças que ele tentou matar” e ainda disse que o MP “não poupará esforços para fazer justiça”.
“Os objetos do crime e os alvos (vítimas) demonstram que há uma crueldade na conduta do réu”, disse Schmitt logo depois de mostrar aos jurados os equipamentos semelhantes aos usados no dia do crime.
Sem a presença do acusado no plenário, a defensoria sustentou sua tese por cerca de 30 minutos. Em seguida, a sessão foi suspensa por meia hora. Na retomada, após quase 9 horas de sessão, a promotoria fez a réplica reforçando a tese de condenação do réu. Por volta das 18h03, aconteceu a tréplica da defesa e às 18h09 os debates foram encerrados. Os jurados reuniram-se em uma sala do Fórum para realização da votação dos quesitos. Familiares das vítimas acompanharam o julgamento no fórum.