Maior do mundo
Histórias pelo mundo se unem em Nova Petrópolis durante o 2º Encontro de Rural
Segunda edição do evento é considerada a maior do mundo e recebe veículos até de outros países
Última atualização: 03/02/2024 22:42
Nova Petrópolis está realizando, de sexta-feira (2) a domingo (4), o 2º Grande Encontro de Rural, na Praça das Flores e ruas ao redor, com carreata até o Ninho das Águias na tarde deste sábado (3). Para esta edição, foram realizadas 267 inscrições, sendo 195 presenciais e 72 semipresenciais - feitas por aqueles que têm o veículo, mas não puderam trazê-los.
Em 2022, no 1º Grande Encontro, eles tentaram o registro no Guiness Book como o evento com o maior número destes veículos reunidos em um só lugar, com 155. Por conta da burocracia (e os altos custos para trazer um representante), o recorde mundial não foi oficializado, mas os organizadores acreditam que fizeram o maior encontro de Rurais do planeta.
Agora, na segunda edição, o número foi batido, mas a preocupação não foi o Livro dos Recordes. Os trabalhos se concentraram em reunir amigos e compartilhar conhecimento além, é claro, de apreciar as “viaturas”, como são chamados os veículos produzidos pela Willys nas décadas de 1950 a 1970, e pela Ford até o encerramento de sua produção em 1977.
“Do Mato Grosso para baixo, temos veículos de todos os estados. E nesta edição, temos também quem veio da Argentina e do Uruguai, o que torna este um encontro internacional”, comenta um dos organizadores, Luiz Prior. “A gente nunca viu outro encontro que teve tantos Rural e F75 reunidos. Fizemos pesquisas na Austrália, Estados Unidos, Japão e Índia, onde eles foram construídos, mas só o que encontramos foi um encontro na Argentina, em 2008, com 70 presentes”, completa Gustavo Fracasso, também organizador.
De pai para filho
Luiz Prior, morador de Nova Petrópolis, conta que a escolha pela cidade para fazer o encontro é porque há muitos Rurais pela região. “Por conta das culturas dos alemães e dos italianos, as pessoas preservam aquilo que foi dos seus antepassados. Então eles mantêm como segundo ou terceiro dono, o Rural que foi do pai ou do avô, isso não tem muito nos demais estados. Quando ficam velhos, eles vendem”.
Um desses casos é o de Edi José Vanoni, 56 anos, conhecido como Gringo. Ele conta que seu pai tinha uma Rural verde e branca câmbio em cima, quatro marchas, e que vendeu para ele em troca de um boi, quando Gringo tinha apenas 18 anos. Cerca de um ano e meio depois, o rapaz vendeu a viatura e assim passou a vida inteira, comprando e vendendo carros, mas a Rural deixou saudades.
“Eu ia pra igreja com a família da minha ex-sogra, carregava 16 pessoas naquela Rural. Naquele tempo era assim, tinha que ir na missa pra poder namorar”, relembra. Os anos passaram e, em 2014, ele teve um sonho de ter comprado uma nova Rural, igual a que foi de seu pai. Grindo e a esposa, Márcia Zimmer Auller, 36, passaram a procurar o carro, até que encontraram o modelo idêntico no Rio de Janeiro, onde foram buscar em março de 2023.
O casal rumou para Resende/RJ de guincho. No caminho, por medo de serem assaltados ou caírem em algum golpe, ficaram dois dias em Aparecida/SP rezando. Deu tudo certo e além de voltar para casa com a Rural igual a de seu pai, também ganhou uma nova amizade. “Depois de todo aquele medo, a melhor família que eu poderia encontrar, é a dessas pessoas que me venderam a Rural. Somos muito amigos, já mandamos fotos e vídeos desse encontro. Estamos sempre em contato”, finaliza.
Caçadores de Sonhos
Se Gringo teve um sonho de comprar uma nova Rural, o casal de Veranópolis, Vane e Linho, conhecidos nas redes sociais como os Caçadores de Sonhos, viajaram o mundo a bordo de um Jeep SW 1946, e também estiveram presentes em Nova Petrópolis. Ao longo de mais de 130 mil quilômetros percorridos em 71 países com sua Rural, eles acreditam ter completado a volta ao mundo com o veículo mais antigo já utilizado para essa façanha.
De maneira semipresencial, também participou o casal Hudenberg Mourão Barbosa, 64, e Patrícia Barbosa, 62, que veio de Recife/PE. Proprietário de uma Rural Willys, ele decidiu estar presente mesmo sem trazer sua viatura, por conta da distância. “Uma viagem tão grande assim é desconfortável, é um carro projetado para estradas rurais. Mas vim para ver as viaturas e estar com os amigos”, comenta.