EDUCAÇÃO
Governo deve suspender implementação do novo ensino médio e adiar mudanças no Enem
Pressão fez o governo Lula responder com um aceno de mudança, mas decisão não significa revogação do novo ensino médio
Última atualização: 01/03/2024 09:54
A portaria que dava prazos para alterações no ensino médio do País deve ser suspensa pelo Ministério da Educação (MEC). Assim, o calendário de adaptação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), cuja mudança era prevista para 2024, será adiado. A implementação do novo modelo nas salas de aula, iniciada em 2022, contudo, não deve ser afetada pela decisão do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT).Apesar disso, a decisão não significa revogação do novo ensino médio, como pedem alguns grupos. O novo modelo foi instituído por lei e precisaria passar pelo Congresso para ser revogado. O aceno de mudança por parte do governo Lula vem, no entanto, por pressão, inclusive de parte da esquerda.
A reforma da etapa do ensino vem sendo alvo de críticas de entidades estudantis e uma parcela das associações do setor. Já os secretários de Educação e outros grupos de especialistas defendem que ajustes no novo modelo são possíveis, mas veem a revogação como um retrocesso.
Nesta segunda-feira (3) o grupo de trabalho sobre o tema instituído pelo ministério terá reunião em que a suspensão da portaria será decidida. Em entrevista ao Diário do Nordeste, do sistema Verdes Mares, o ministro da Educação, Camilo Santana, disse que vai suspender as mudanças no Enem. “Não é só simplesmente chegar e revogar, é preciso discutir. É isso que nós precisamos fazer. Espero que nesses 90 dias da portaria, a gente possa ter uma decisão e deveremos suspender qualquer mudança no Enem em relação a 2024 por conta dessa questão do novo ensino médio”, disse Camilo.
Há duas semanas, Lula chegou a comentar nas redes sociais que o ensino médio não ia “ficar do jeito que está”. Camilo Santana abriu uma audiência pública para discutir o assunto, que tem prazo inicial de 90 dias para ser encerrada.
A portaria, que deve ser suspensa, previa que em 2022 o novo modelo deveria ser implementado no 1º ano do ensino médio. Em 2023, no 2º ano e em 2024, nos três anos da etapa. Isso deve continuar.
Mas o documento diz ainda que em 2021, precisaria ser feita a “elaboração e consolidação da versão preliminar das matrizes de avaliação das quatro áreas de conhecimento” do Enem. As matrizes são referências do que as provas devem pedir. E que em 2022 haveria “validação pedagógica das matrizes”. Nenhuma das duas etapas foi feita pela gestão anterior. Neste ano, estava previsto para ser apresentado o novo Enem, para que em 2024 ele fosse aplicado aos jovens que já teriam cursado os três anos do novo ensino médio.
Em entrevista ao Estadão no início do governo Lula, o presidente do Inep, Manuel Palácios, afirmou que o Enem se adaptaria, sim, à reforma do ensino médio em 2024. “No início de 2024, as escolas já precisam ter acesso às referências curriculares dessa nova parte”, disse ele.
O ensino médio é um das etapas de ensino com mais problemas no País, com 90% dos concluintes sem saber o que se espera em matemática e 60%, em português. Um terço dos jovens de 19 anos sequer finaliza a escola no País. O currículo engessado e distante da realidade do jovem é considerado uma das razões do fracasso da etapa.
A reforma do ensino médio foi inicialmente instituída por meio de medida provisória pelo ex-presidente Michel Temer (MDB), o que levou a muitas críticas diante da falta de espaço para discussão com professores, alunos e entidades. Depois, acabou sendo aprovada como lei. Ela definiu que parte do ensino médio seria feito com as disciplinas básicas e obrigatórias e o restante, flexível.
Os estudantes teriam como se fosse um cardápio com os chamados itinerários formativos, que são caminhos de estudo que poderiam escolher. Cada Estado criaria os seus, com propostas interdisciplinares, contemporâneas e próximas do interesse do jovem.
A implentação, no entanto, estava prevista para ser feita durante governo de Jair Bolsonaro (PL) e a pandemia. Não houve ajuda do MEC para que os Estados (que são responsáveis pelas escolas de ensino médio) formassem professores para novas disciplinas, para melhorar a estrutura ou escutar estudantes. Atualmente, apesar de haver algumas boas experiências, são muitos os problemas. Há itinerários com propósito duvidoso a aumento da desigualdade, com poucas e rasas opções de currículos para alunos pobres.
*Por Estadão
A portaria que dava prazos para alterações no ensino médio do País deve ser suspensa pelo Ministério da Educação (MEC). Assim, o calendário de adaptação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), cuja mudança era prevista para 2024, será adiado. A implementação do novo modelo nas salas de aula, iniciada em 2022, contudo, não deve ser afetada pela decisão do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT).Apesar disso, a decisão não significa revogação do novo ensino médio, como pedem alguns grupos. O novo modelo foi instituído por lei e precisaria passar pelo Congresso para ser revogado. O aceno de mudança por parte do governo Lula vem, no entanto, por pressão, inclusive de parte da esquerda.
A reforma da etapa do ensino vem sendo alvo de críticas de entidades estudantis e uma parcela das associações do setor. Já os secretários de Educação e outros grupos de especialistas defendem que ajustes no novo modelo são possíveis, mas veem a revogação como um retrocesso.
Nesta segunda-feira (3) o grupo de trabalho sobre o tema instituído pelo ministério terá reunião em que a suspensão da portaria será decidida. Em entrevista ao Diário do Nordeste, do sistema Verdes Mares, o ministro da Educação, Camilo Santana, disse que vai suspender as mudanças no Enem. “Não é só simplesmente chegar e revogar, é preciso discutir. É isso que nós precisamos fazer. Espero que nesses 90 dias da portaria, a gente possa ter uma decisão e deveremos suspender qualquer mudança no Enem em relação a 2024 por conta dessa questão do novo ensino médio”, disse Camilo.
Há duas semanas, Lula chegou a comentar nas redes sociais que o ensino médio não ia “ficar do jeito que está”. Camilo Santana abriu uma audiência pública para discutir o assunto, que tem prazo inicial de 90 dias para ser encerrada.
A portaria, que deve ser suspensa, previa que em 2022 o novo modelo deveria ser implementado no 1º ano do ensino médio. Em 2023, no 2º ano e em 2024, nos três anos da etapa. Isso deve continuar.
Mas o documento diz ainda que em 2021, precisaria ser feita a “elaboração e consolidação da versão preliminar das matrizes de avaliação das quatro áreas de conhecimento” do Enem. As matrizes são referências do que as provas devem pedir. E que em 2022 haveria “validação pedagógica das matrizes”. Nenhuma das duas etapas foi feita pela gestão anterior. Neste ano, estava previsto para ser apresentado o novo Enem, para que em 2024 ele fosse aplicado aos jovens que já teriam cursado os três anos do novo ensino médio.
Em entrevista ao Estadão no início do governo Lula, o presidente do Inep, Manuel Palácios, afirmou que o Enem se adaptaria, sim, à reforma do ensino médio em 2024. “No início de 2024, as escolas já precisam ter acesso às referências curriculares dessa nova parte”, disse ele.
O ensino médio é um das etapas de ensino com mais problemas no País, com 90% dos concluintes sem saber o que se espera em matemática e 60%, em português. Um terço dos jovens de 19 anos sequer finaliza a escola no País. O currículo engessado e distante da realidade do jovem é considerado uma das razões do fracasso da etapa.
A reforma do ensino médio foi inicialmente instituída por meio de medida provisória pelo ex-presidente Michel Temer (MDB), o que levou a muitas críticas diante da falta de espaço para discussão com professores, alunos e entidades. Depois, acabou sendo aprovada como lei. Ela definiu que parte do ensino médio seria feito com as disciplinas básicas e obrigatórias e o restante, flexível.
Os estudantes teriam como se fosse um cardápio com os chamados itinerários formativos, que são caminhos de estudo que poderiam escolher. Cada Estado criaria os seus, com propostas interdisciplinares, contemporâneas e próximas do interesse do jovem.
A implentação, no entanto, estava prevista para ser feita durante governo de Jair Bolsonaro (PL) e a pandemia. Não houve ajuda do MEC para que os Estados (que são responsáveis pelas escolas de ensino médio) formassem professores para novas disciplinas, para melhorar a estrutura ou escutar estudantes. Atualmente, apesar de haver algumas boas experiências, são muitos os problemas. Há itinerários com propósito duvidoso a aumento da desigualdade, com poucas e rasas opções de currículos para alunos pobres.
*Por Estadão
A reforma da etapa do ensino vem sendo alvo de críticas de entidades estudantis e uma parcela das associações do setor. Já os secretários de Educação e outros grupos de especialistas defendem que ajustes no novo modelo são possíveis, mas veem a revogação como um retrocesso.