EX-MINISTRO DO GSI
Gonçalves Dias fala em "apagão do sistema de inteligência" durante depoimento à PF
Em quase cinco horas de depoimento, em Brasília, o coronel narrou que um dos radicais estava "altamente exaltado"
Última atualização: 04/03/2024 15:43
O general da reserva Marco Gonçalves Dias, o G. Dias, ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), afirmou nesta sexta-feira (21) à Polícia Federal que não prendeu os invasores do Palácio do Planalto no dia 8 de janeiro porque estava fazendo um "gerenciamento de crise". O ex-ministro também disse que não tinha "condições materiais" de fazer as prisões sozinho e que, em sua avaliação, houve um "apagão do sistema de inteligência".
A falha, segundo afirmou G. Dias à PF, teria ocorrido porque faltavam informações para a tomada de decisões. Em quase cinco horas de depoimento, em Brasília, o coronel narrou que um dos radicais estava "altamente exaltado" e que entendeu "não ser conveniente e seguro a prisão dos vândalos naquele momento sem planejamento". Ele também citou a presença de idosos e crianças no grupo.
"Essas pessoas seriam presas pelos agentes de segurança no segundo piso, tão logo descessem, pois esse era o protocolo", afirmou o general aos delegados Raphael Soares Astini, Vinicius Barancelli e Alexandre Camões Bessa.
O depoimento foi determinado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), após a divulgação de um vídeo, pela CNN Brasil, que mostra G. Dias circulando no terceiro andar, onde fica o gabinete presidencial, e indicando a saída do prédio aos invasores. Um dos servidores do GSI chega a distribuir garrafas de água aos extremistas - sobre o episódio, G. Dias afirmou desconhecimento, mas disse que teria prendido o funcionário no ato.
Oportunidade
"O comparecimento na sede da Polícia Federal é, para mim, uma grande oportunidade de esclarecer os fatos que têm sido explorados na imprensa", escreveu o ex-ministro, em mensagem enviada ao Estadão após a oitiva.
G. Dias chegou à PF, na região central de Brasília, por volta de 8h50 e saiu às 13h30. "Confio na investigação e na Justiça, que apontarão que eu não tenho qualquer responsabilidade, seja omissiva, seja comissiva, nos fatos do dia 8 de janeiro", afirmou. A investigação corre sob sigilo. O general pediu exoneração no mesmo dia da divulgação das imagens.