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General Heleno desqualifica delação de Mauro Cid na CPMI do 8 de Janeiro: "Fantasia"

Ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) do governo Bolsonaro ficou em silêncio ao ser questionado se participou de encontrou que teria discutido golpe

Publicado em: 26/09/2023 12:24
Última atualização: 26/09/2023 12:26

O general Augusto Heleno classificou como “fantasia” a delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência, que relatou à Polícia Federal detalhes de uma reunião do então presidente Jair Bolsonaro com a cúpula das Forças Armadas para discutir a possibilidade de um golpe de Estado com o objetivo de impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).


General Heleno começa a depor na CPMI do 8 de janeiro Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

“Não existe um ajudante de ordens sentar numa reunião com comandantes das Forças. Isso é fantasia”, disse Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) na gestão Bolsonaro, durante depoimento nesta terça-feira (26) à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro.

Heleno, que prestou na depoimento na condição de testemunha, tentou se descolar da delação de Cid durante os questionamentos da relatora, Eliziane Gama (PSD-MA).

O conteúdo da delação de Cid foi revelado na semana passada. De acordo com o relato de Cid à PF, Bolsonaro – enquanto ainda era presidente – teria recebido do assessor Filipe Martins uma minuta de decreto para prender adversários e convocar novas eleições.

Bolsonaro, então, ainda segundo Cid, teria levado o documento para a alta cúpula das Forças Armadas, obtendo apoio do almirante Almir Garnier Santos. Bolsonaro negou as acusações do ex-ajudante de ordens. Heleno disse aos parlamentares não ter conhecimento desse encontro e ainda desqualificou as informações prestadas por Cid à PF.

Silêncio

O ex-ministro ainda se valeu do direito ao silêncio quando foi questionado pelo deputado Rubens Junior (PT-MA) se participou do encontrou com os comandantes das Três Forças em que teria sido discutido o golpe de Estado.

Ele também ficou em silêncio em uma série de perguntas da senadora Ana Paula (PSB-MA) sobre a ditadura militar e a sua atuação no governo Bolsonaro.

"Bandido não sobe a rampa"

Durante o depoimento, o general ainda repetiu uma frase dita por ele no final do ano passado que insinuava um golpe contra o novo governo: “Continuo achando que bandido não sobe a rampa”, numa alusão ao presidente Lula, que chegou a ser preso pela Operação Lava Jato e depois teve suas condenações anuladas pelo Supremo Tribunal Federal (STF)

Como mostrou a Coluna do Estadão, Heleno ativou o modo “não sei de nada” sobre a delação de Cid. O general da reserva tem dito a interlocutores que não pretende se manifestar sobre supostas informações de que ele seria citado na colaboração do ex-ajudante de ordens. Heleno era chefe do GSI e aliado próximo de Bolsonaro à época e seu depoimento foi marcado logo depois da revelação.

O ministro argumentou que ocupava um cargo de natureza civil e, por isso, não participava de reuniões com a cúpula militar. O ministro também afirmou que não pode prestar informações sobre o 8 de Janeiro por não ter exercer nenhuma função no governo federal na data.

“Nunca ouvi falar na minuta de GLO, minuta do golpe. O presidente da República disse, várias vezes, que jogaria dentro das quatro linhas, e não era minha missão convencer o presidente a sair das quatro linhas. Pelo contrário”, disse Heleno.

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