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RELATO

Gaúcha que viveu em Israel conta o que viu do conflito com palestinos

Há nove anos, Bárbara Carolina Federhen teve a oportunidade de ficar por um mês no país do Oriente Médio

Eduardo Amaral
Publicado em: 20/10/2023 às 18h:41 Última atualização: 20/10/2023 às 18h:41
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Um país onde a semana começa no domingo, com belas paisagens naturais. Estas são algumas das lembranças que a farmacêutica Bárbara Carolina Federhen, de 28 anos, guarda de Israel, país no qual ficou por cerca de um mês em 2014.



Ganhadora de uma bolsa de estudos através da Mostratec, a moradora de Novo Hamburgo e na época era estudante do Instituto Liberato, participou de um processo de imersão no Weizmann Institute, um centro de pesquisa localizado na cidade de Rehovot, no Distrito Central de Israel.

Mas as belezas naturais e o choque cultural vividos durante aquele período não foram as únicas lembranças que ficaram na retina de Bárbara. “Quando fui teve um conflito, menor do que uma guerra, inclusive teve mísseis enviados para Israel, tocava uma sirene”, lembra ela.

Na época, Bárbara recém havia saído do ensino médio e teve que se adaptar a uma situação inusitada, os sinais sonoros que alertavam para a possibilidade de bombardeios. “Foi bem chocante, durante esse mês aconteceu algumas vezes, não era algo que acontecia todos os dias, que de fato tocou a sirene”, conta ela, que demonstra ter naturalizado, com o passar dos dias, a nova situação.

“Primeiro te deixa com medo, apesar de toda a segurança que o país demonstra ter, fica com medo por algo que nunca vivenciou antes”, conta Bárbara ao lembrar do contraste de estar em um país onde há muita segurança nas ruas. Em contrapartida, existe sempre um risco iminente de ataque a bombas ou terrorista.

Abrigo às pressas

Em uma das vezes na qual escutou a sirene de alerta tocar, Bárbara e uma amiga que a acompanhava precisaram achar uma forma de se proteger. Um comerciante da cidade cedeu o abrigo às duas. Dentro do prédio havia um bunker anti-bombas, algo comum no país do Oriente Médio.

“Para nós, que não vivemos isso, em um primeiro momento é um choque de realidade”, relata Bárbara. “Acho que é algo que nunca se acostuma, mas com o tempo, [as pessoas] se adaptaram.”

Belezas israelenses

Apesar de estar imerso em uma disputa secular, Israel não é um país que vive apenas de guerra. Bárbara destaca, por exemplo, o desenvolvimento tecnológico do país, que ela mesma pôde ver dentro do Weizmann Institute.

Bárbara também relata ter aproveitado a ocasião para conhecer os atrativos turísticos do país. “Tem inúmeras atrações turísticas, tanto turismo religioso como turismo de aventura pra quem gosta do deserto”, relembra.

Junto com colegas, ela se desafiou a ficar cerca de cinco dias no deserto. “Foi uma experiência incrível”, expõe. Em Jerusalém, cidade considerada sagrada para judeus, cristãos e árabes, a moradora de Novo Hamburgo percebeu a necessidade de se adequar ao comportamento local.

“A postura de quem está visitando este local é diferente. Tem todo um cuidado com as roupas, há bairros onde vivem judeus ortodoxos”, conta ela, que diz ter se adaptado também à culinária local, bastante diferente para uma brasileira.

Conflito complexo

O conflito entre israelenses e palestinos ganhou mais uma vez as atenções globais desde que o grupo Hamas protagonizou um ataque terrorista em 7 de outubro, quando integrantes da organização romperam o bloqueio levantado na Faixa de Gaza, fronteira que separa Israel e Palestina, duas regiões que vivem em tensão desde a promulgação do Estado Israelense pós Segunda Guerra Mundial.

Por ter ficado a maior parte do tempo dentro do Weizmann Institute, Bárbara acabou convivendo com poucos civis. Entretanto, com os que conversou, percebeu um desejo de paz. “O que sentia é que a maior parte das pessoas não eram favoráveis a uma situação de guerra e de conflito.”

Do ponto de vista estrangeiro, Bárbara nota que o conflito na região apenas coloca pessoas inocentes como alvo. “São dois povos que estão perdendo muita gente. Acho bastante triste ver a proporção que tomou essa guerra, com tanta gente ferida e morta de ambos os lados, é muito chocante ver no noticiário as proporções que estão tomando.”

Mesmo com a vivência no país, Bárbara mantém uma postura cautelosa ao avaliar a disputa por compreender a complexidade que envolve o mesmo. “Acho que esse conflito é algo bem complexo, e é bem difícil dar uma opinião. No final das contas não tem certo nem errado, o certo seria a paz”, torce ela.

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