NEGÓCIOS

Exportação de calçados registra queda; saiba qual continua sendo o principal destino do sapato brasileiro no exterior

Mercado externo comprou 16% a menos em pares nos nove meses deste ano em comparação a 2022

Publicado em: 10/10/2023 11:16
Última atualização: 10/10/2023 11:21

As exportações de calçados em setembro tiveram uma queda em comparativo com o mesmo período de 2022 e sobre agosto deste ano. Os dados foram divulgados pela Associação Brasileira de Calçados nesta segunda-feira (9).


De janeiro a setembro de 2023 foram exportados 90,6 milhões de pares Foto: Adriano Furlanetto/Prefeitura de Três Coroas

De janeiro a setembro de 2023 foram exportados 90,6 milhões de pares, representando um faturamento de US$ 907,1 milhões. No comparativo aos mesmos nove meses do ano passado, a queda na exportação de pares foi de 16%, com um faturamento 8,4% menor que janeiro-setembro de 2022.

A Argentina, mesmo com entraves no pagamento, continua sendo o principal destino do calçado nacional. Até setembro foram 11,7 milhões de pares, com a geração de US$ 185,3 milhões. Os dados representam uma queda de 11,7% em pares, mas a receita tem um crescimento de 27,6%, sempre no comparativo de janeiro a setembro do ano passado.

Segundo o presidente executivo da Abicalçados, Haroldo Ferreira, as exportações de calçados vêm caindo desde o início do ano por fatores macroeconômicos e também porque a base do ano passado é muito forte.

"Naquele ano, não custa lembrar, tivemos o melhor resultado em 12 anos nas exportações de calçados. Em 2023, fatores como o retorno forte da China ao mercado, depois de rigorosas políticas de Covid Zero que atrasaram sua produção, a normalização dos precos dos fretes, o desaquecimento da economia mundial, em especial a do nosso principal destinos (Estados Unidos) e a alta da inflação têm prejudicado a nossa performance. Com uma diminuição na velocidade da queda, em função de uma base mais frágil dos últimos meses de 2022, devemos registrar queda de cerca de 9% nos embarques em 2023", aponta.

Avaliação

Israel Reis, gerente de exportações da Mould Group, da marca Boaonda, de Sapiranga, explica que a empresa tem o foco na América Latina. Embora em 2021 e 2022, as exportações tenham registrado saldo positivo, de janeiro até setembro deste ano há uma queda de 19% sobre o mesmo período do ano passado por conta de crises mundiais. Argentina e Bolívia, frisa, estão com entraves no pagamento. "Estamos exportando, mas não sabe se o cliente vai pagar", salienta.

Neste ano, acrescenta, mesmo a Argentina como um opção torna-se um mercado arriscado. "Até o momento estamos com queda de 52% em volume em relação ao ano passado. O nosso distribuidor fala que tem capacidade de vender lá, mas não sabe se conseguirá pagar, não sabe como vai ser o dia de amanhã. Estamos cautelosos, mas acredito que depois das eleições terá um cenário para se enxergar", acrescenta.

A previsão para o ano, explica Reis, é que as exportações fechem em queda de 15% sobre o ano passado. "Tivems dois anos de muita ascensão, de praticamente dobrar os volumes para o mercado externo e agora talvez chegou o momento de queda", salienta. Porém, acrescenta, mesmo com essa previsão de queda, a empresa ficará acima dos valores do período anterior à pandemia. "O que nos deixa felizes", sublinha, complementando que a empresa investiu no ano passado e nesse em duas injetoras em EVA e está planejando outra para ano que vem.

Previsão 

Já na terça-feira (10), a Abicalçados realizará  mais uma edição do evento Análise de Cenários. No evento, que será on-line e gratuito (mediante inscrição), serão divulgadas revisões das projeções de crescimento da produção e exportações de calçados para 2023 e divulgadas as projeções para 2024, além de apresentadas análises da macroeconomia mundial, nacional e setorial. As inscrições gratuitas podem ser feitas pelo site

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