DANÇAR, CURTIR, FICAR DE BOA
"Eu vou tomar um tacacá": Caldo do Pará, famoso na música de Joelma, é servido na região; saiba onde
Com sabor marcante, prato tem atraído nortistas e nordestinos: é feita com um líquido extraído da mandioca, camarão seco e jambu
Última atualização: 29/12/2023 13:26
Em um hit que abastece memes em todo o País, a cantora paraense Joelma exalta um caldo muito consumido no Norte: "Eu vou tomar um tacacá, dançar, curtir, ficar de boa. Pois quando chego no Pará, me sinto bem, o tempo voa."
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A reportagem foi até um restaurante de Canoas para comprovar que não é preciso viajar 3,7 mil quilômetros até o Pará para saborear o prato regional exótico, que carrega os sabores marcantes do camarão salgado seco, do tucupi e do jambu.
O município da região metropolitana tem um restaurante típico, que vem reunindo nortistas e nordestinos que moram na cidade e em municípios vizinhos, além dos nativos curiosos. E mais: no salão tem uma TV em que a cantora Joelma está sempre performando a canção "Voando pro Pará". (Veja vídeo abaixo)
Instalado no bairro Rio Branco há três meses, o restaurante é o local onde Maria Terezinha Ribeiro da Silva se reconecta com a sua cidade natal, Marituba, município do estado do Pará.
“Aqui eu lembro da minha terra, encontro o tacacá, o açaí, a farinha da minha terra, e isso facilita a minha adaptação, que está acontecendo aos poucos”, comenta. Ela afirma que quando o marido veio trabalhar na cidade gaúcha, em uma empresa de energia elétrica, ela jamais imaginou encontrar um lugar como o Casa do Norte e Nordeste, onde encontraria o legítimo tacacá.
A manauara Keice Valcacio e o gaúcho Evandro Traçante, que são casados, também são frequentadores assíduos do restaurante. “Viemos de Esteio, onde moro há quatro anos, e descobrimos esse lugar tão acolhedor para fazermos algumas refeições e, principalmente, para comprar ingredientes para eu cozinhar em casa”, revela. Enquanto ela diminui a saudade, Evandro descobre novos sabores. “Gosto do tacacá, é diferente, mas muito saboroso.”
O proprietário do local, José Carlos Serafim da Silva, explica que o tacacá é servido em uma cuia específica. “Diferente da cuia do chimarrão”, ressalta.
Ele explica que o prato consiste no caldo de tucupi (sumo amarelo extraído da raiz da mandioca) que é adicionado ao camarão seco e ao jambu (uma erva típica). E tem um detalhe. O caldo é tradicionalmente servido bem quente e ingerido direto na cuia. “Quer deixar um paraense irritado, usa a colher”, explica. O prato é servido com um palito que serve para comer o camarão e a raiz típica, o jambu.
Serafim e a família estão há nove anos em Canoas. Funcionário aposentado da Petrobras, veio transferido. Começou o negócio como genro, vendendo os produtos típicos, mas o empreendimento ampliou. “Não sabia que a comunidade do Norte e do Nordeste era tão grande na cidade e na região.”
Além de servir os pratos regionais, o restaurante também comercializa os produtos típicos da região e conta com exposição de algumas peças artesanais que remetem à mistura dos diferentes povos que contribuíram na formação do cenário cultural daquela parte do País, entre eles portugueses, africanos e indígenas.