CASO MARI FERRER
"ESTUPRO CULPOSO": Jornalista é condenada a prisão e multa de R$ 400 mil; entenda
Schirlei Alves, do The Intercept Brasil, publicou reportagem com vídeo em que Mari Ferrer foi humilhada durante audiência em que acusava empresário de dopá-la e estuprá-la
Última atualização: 24/01/2024 14:47
O caso Mari Ferrer ganhou mais um capítulo nos tribunais, porém dessa vez não envolve – diretamente - a vítima e o réu, que foi absolvido. A juíza Andrea Cristina Rodrigues Studer, da 5ª Vara Criminal de Florianópolis, de Santa Catarina, condenou a jornalista do site The Intercept Brasil Schirlei Alves por publicar vídeo em que a influenciadora foi humilhada por promotor durante audiência, em 2020, em que ela acusava o empresário André de Camargo Aranha de dopá-la e estuprá-la dois anos antes em um clube catarinense.
Schirlei foi condenada a um ano de prisão, em regime aberto, e terá que pagar multa de indenização de R$ 400 mil, sendo a metade ao promotor Thiago Carriço e a outra parte ao juiz Robson Marcos, do Tribunal de Justiça de Santa Catarina. A ação foi movida pelo promotor e pelo juiz contra a jornalista por difamação a funcionário público. A defesa da repórter vai recorrer.
No vídeo divulgado pelo The Intercept o Carriço argumenta que o réu não teria como o empresário saber que Mari Ferrer estava sem condições de consentir ou não a relação sexual. Também foi possível ver a influenciadora sendo constrangida e humilhada pelo advogado Cláudio Gastão da Rosa Filho, que representava o empresário. “Excelentíssimo, eu estou implorando por respeito, nem os acusados, nem os assassinos são tratados do jeito que estou sendo tratada, pelo amor de Deus, gente. O que é isso?”, pediu Mari ao juiz.
Para a juíza Andrea, houve difamação por parte da jornalista em relação aos trabalhos do promotor e do juiz. Na reportagem, o The Intercept Brasil usou o termo “estupro culposo” para explicar a tese defendida pelo promotor. Porém, a expressão não foi usado pelo Ministério Público e nem na decisão do juiz, que absolveu Aranha. O termo foi replicado nas redes sociais e utilizado por outros veículos da imprensa. Com a repercussão, uma a Lei Mariana Ferrer (Lei Nº 14.245) foi sancionada em 2021 para punir atos contra a dignidade da vítima e testemunha em julgamentos.
O The Intercept Brasil afirma que desde a publicação, o promotor e o juiz “transformaram a vida da repórter que revelou tudo isso em um inferno. A rotina de Schirlei mudou, seu trabalho foi prejudicado, ela foi forçada a fechar seus perfis em redes sociais devido ao assédio sexista incessante e sua segurança física foi colocada em risco”.
“A condenação de Schirlei proferida pela juíza Andrea Cristina Rodrigues Studer, lembra a época da ditadura e é totalmente infundada, repleta de falhas processuais e extremamente desproporcional”, diz o site de notícias independente.
*Com informações da revista Veja e The Intercept Brasil.