Com manchas laranjas e uma faixa preta na lateral do corpo arredondado, uma nova espécie de peixe foi descoberto no Brasil. E o nome que recebeu é em homenagem ao vilã de Senhor dos Anéis: Sauron.
A espécie se chama Myloplus Sauron e fio descoberta por pesquisadores que investigaram a biodiversidade do Rio Amazonas e seus afluentes. O estudo foi publicado na revista científica Neotropical Ichthyology.
Por causa das suas características físicas, o nome da nova espécie é uma referência ao Olho de Sauron, da trilogia Senhor dos Anéis.
“Assim que um dos meus colegas sugeriu o nome para este peixe, sabíamos que era perfeito. Seu padrão se parece muito com o Olho de Sauron, especialmente pelas manchas alaranjadas em seu corpo”, disse Rupert Collins, um dos pesquisadores envolvidos no estudo, em entrevista publicada pelo National History Museum.
O Olho de Sauron é uma representação desenvolvida pelo diretor Peter Jackson, inspirada nos livros de J. R. R. Tolkien. Na trilogia, o “olho” é formado por uma figura que se parece a uma íris humana na vertical, rodeada por fogo – daí a relação com as manchas alaranjadas e a faixa preta encontradas na nova espécie.
Espécie de piranha?
O Myloplus Sauron, no entanto, não é tão perigoso quanto o vilão de Senhor dos Anéis. A nova espécie é um peixe pacu, que, embora possa ser parecido com as piranhas, não é um peixe carnívoro. Por não ter dentes afiados como as piranhas, o pacu se alimenta de plantas e frutas.
A nova espécie, de acordo com o estudo, foi encontrada na bacia do Rio Xingu, localizada nos Estados do Mato Grosso e Pará. Assim como outras espécies de peixes que vivem na bacia, o Myloplus Sauron pode estar ameaçado por causa de mudanças causadas por alterações no curso do Rio Xingu.
A ameaça acontece após a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, já que o fluxo do rio mudou em alguns trechos.
Menos Preocupante
Apesar disso, o risco de extinção foi classificado pelos pesquisadores como “Menos Preocupante”, já que a nova espécie também está presente em rios afluentes como o Iriri e Culuene, que não foram tão impactados pela barragem de Belo Monte.
Em nota, a Norte Energia, concessionária de Belo Monte, informou que “os resultados de monitoramentos do Projeto Básico Ambiental (PBA) da usina, conduzidos pela Universidade Federal do Pará (UFPA), demonstram que a maioria das espécies manteve a proporção de peixes maduros ao longo de 12 anos de estudo na região da Volta Grande do Xingu e que não ocorreu a extinção de qualquer espécie de peixe nas áreas de influência do empreendimento.”
Ainda de acordo com a concessionária, até o momento, os pesquisadores da UFPA descobriram e relataram para a comunidade científica 24 novas espécies de peixes no Rio Xingu. “Esse trabalho forma atualmente um dos maiores bancos de dados da América Latina sobre as espécies de peixes da região amazônica.”
A Norte Energia também diz que realiza o monitoramento do consumo proteico das famílias, tendo como referência a taxa recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) de 12kg/ano/pessoa. De acordo com a empresa, os dados de 2023 mostram que a média de consumo no Xingu é de 34kg/ano/pessoa. “Isso significa que a média de consumo de pescado no Xingu é 280% maior do que a recomendação da OMS, ratificando que não há falta de peixes na região em consequência da implantação da usina.”
Os pesquisadores que descobriram o Myloplus Sauron também identificaram uma outra espécie de pacu: o Myloplus Aylan, nomeado em homenagem a Aylan Moraes Andrade, filho de Marcelo Andrade, um dos pesquisadores envolvidos no estudo, que morreu no ano passado com apenas seis meses de vida.
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