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Saúde

E que é PMMA? Substância foi usada por influencer que morreu após procedimento estético

Aline Maria Ferreira da Silva morreu após aplicações do prodtuto na região dos glúteos

Publicado em: 04/07/2024 às 19h:24 Última atualização: 04/07/2024 às 19h:27
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A morte da influenciadora e modelo Aline Maria Ferreira da Silva, de 33 anos, na última semana, acendeu um alerta sobre os perigos de certos procedimentos estéticos. Aline morreu após a realização de aplicações, na região dos glúteos, de PMMA.

Aline Ferreira da Silva faleceu, nesta terça-feira (2), mais de uma semana após uma cirurgia para aumentar os glúteos  | abc+



Aline Ferreira da Silva faleceu, nesta terça-feira (2), mais de uma semana após uma cirurgia para aumentar os glúteos

Foto: Redes Sociais/Reprodução

Também conhecido como polimetilmetacrilato, a substância é muito usada para preenchimentos. Mesmo assim, é fortemente desaconselhada para procedimentos estéticos por órgãos como as sociedades brasileiras de Cirurgia Plástica (SBPC) e Dermatologia (SBD).

Na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o produto não é proibido, mas é considerado de máximo risco em determinados tipos de aplicação e alvo de uma série de regulamentações.

Segundo a SBD, o uso da substância pode causar reações de curto prazo, como edemas locais, processos inflamatórios, reações alérgicas e formação de granuloma (tipo inflamação causada pelo sistema imunológico), e tardias, muitos anos após a realização da injeção.

Por isso, para a associação, os procedimentos que necessitam da utilização da substância PMMA devem ser indicados e realizados por médicos, pois podem produzir resultados imprevisíveis e indesejáveis, incluindo reações incuráveis e persistentes.

O que é PMMA?

O PMMA é um tipo de plástico que possui diversas aplicações, da indústria até a medicina. Nesse campo, costuma ser usado como gel para preencher pequenas áreas nas camadas mais superficiais da pele (preenchimento cutâneo). Segundo a Anvisa, nesse sentido, a sua aplicação é autorizada apenas para duas finalidades:
Corrigir distrofias causadas por excesso ou perda de gordura em partes do corpo de pacientes com HIV/AIDS (lipoatrofias) devido ao uso de medicamentos antirretrovirais;

 

Fazer preenchimento facial e corporal que visam corrigir irregularidades e depressões na pele por meio da bioplastia, técnica de implantes biologicamente compatíveis para correção de irregularidades sem cirurgia.
Ainda segundo a agência, a dosagem utilizada deve ser aquela estritamente necessária para a correção das irregularidades e o procedimento deve ser realizado exclusivamente por profissionais médicos treinados. O órgão regulador estabelece indicações claras dos locais do corpo onde as aplicações podem ser feitas e a concentração exata da substância que pode estar contida em cada mililitro das injeções.
Para preenchimentos subcutâneos, isto é, em camadas mais profundas da pele, é necessário que o profissional seja registrado na Anvisa, pois o produto é considerado de máximo risco.

Apesar de não ser contraindicado pela agência para aplicação nos glúteos com finalidade de correção, o órgão destaca que não há recomendação do uso para aumento de volume corporal ou facial. Segundo a agência, a decisão de aplicação deve ser feita pelo médico responsável, com base nas necessidades de correção e nas diretrizes técnicas de uso do produto.

As associações médicas, por sua vez, são restritivas quanto à esse tipo de utilização. Inclusive, a SBD informa que um parecer técnico conjunto com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica está em andamento e será apresentado ao Conselho Federal de Medicina (CFM) para definir as regras para esse procedimento estético.

Quais os riscos do PMMA?

De acordo com a cirurgiã plástica Marcela Cammarota, membro do conselho científico e porta-voz da SBCP, a associação é estritamente contra o uso do PMMA para fins estéticos.

Ela explica que, na medicina, a substância é usada na forma de microesferas, que devem ter um tamanho específico para que o organismo não a rejeite. Essa particularidade, por sua vez, exige muita cautela de quem realiza o procedimento.

Se forem muito pequenas, podem ser “engolidas” pelas células, fazendo com que o corpo reconheça o PMMA como uma substância não compatível, levando os anticorpos à atacarem o local do preenchimento. Se forem muito grandes, podem causar inflamações e o corpo tentará expulsá-lo.

Ela destaca ainda que essas reações podem se tornar crônicas, causando problemas que serão permanentes até que a substância seja removida do corpo. Esta, porém, não é uma tarefa fácil. A sua remoção pode exigir a retirada também do próprio tecido em que está o gel infiltrado, causando lesões e deformidades.

O uso de doses altas de PMMA também pode levar à necrose, posto que o plástico pode acabar comprimindo vasos sanguíneos, levando à morte das células. Ainda, podem acontecer infecções. Durante a aplicação, bactérias que estão na camada externa da pele podem penetrar no organismo e “grudar” no material do PMMA. Dessa forma, o uso de antibióticos não consegue tratar a contaminação efetivamente.

Quais cuidados podem ser tomados?

Antes da realização de qualquer procedimento invasivo, é importante certificar-se de que o profissional escolhido para a sua realização seja um médico habilitado e regular no Conselho Regional de Medicina (CRM). Também é importante verificar se a marca do produto utilizado é aprovada pela Anvisa.

Além disso, como aponta a SBD, esses procedimentos requerem avaliação prévia da saúde do paciente e devem ser realizados por um médico responsável, preferencialmente em consultórios médicos, clínicas ou hospitais, para garantir a biossegurança.

Vale destacar que as sociedades médicas reconhecem que, apesar dos possíveis efeitos adversos, o PMMA continua a ser uma ferramenta valiosa para tratar lipoatrofias severas em alguns pacientes com HIV/AIDS, desde que administrado por profissionais qualificados para prevenir e gerenciar possíveis complicações.

Marcela Cammarota ressalta que o produto é importante para o tratamento de lipoatrofias, visto que é uma opção permanente de tratamento, o que torna desnecessária a realização de reaplicações frequentes e representa uma economia de recursos para esses pacientes. Para procedimentos estéticos, como aumento do volume dos glúteos, ela recomenda a aplicação de gordura do próprio paciente como uma alternativa permanente e mais segura, pois evita problemas de rejeição.

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