VIOLÊNCIA DOMÉSTICA

Delegada desabafa sobre estupro e agressão sofrida por coordenador de segurança de tribunal

Tenente-coronel usava cinto bater na mulher que também era rastreada durante o trabalho

Publicado em: 02/09/2024 15:47
Última atualização: 02/09/2024 15:47

A delegada Juliana Domingues, que chefiava a Delegacia de Atendimento Especializado à Mulher (Deam) em Volta Redonda, no Rio de Janeiro, revelou que foi vítima de agressões do ex-marido. Na entrevista, exibida no programa “Fantástico” da Rede Globo neste domingo (1º), Juliana afirmou que as agressões aconteceram entre 2021 e 2022, sendo praticadas pelo tenente-coronel da Polícia Militar, Carlos Eduardo da Costa.

Conforme a delegada, em muitas situações o policial militar usava um cinto para agredi-la. “Ele também me fazia contar as cintadas. Uma vez ele me bateu na frente do meu filho, me deu um tapa no rosto. Na época dos fatos, eu era delegada da Delegacia de Atendimento à Mulher. Isso me fez pensar muito. Antes, eu tinha vergonha, porque como isso foi acontecer comigo?", contou.


Delegada Juliana Domingues Foto: Rede Globo/ Reprodução

Além da violência física, Juliana afirmou que era vítima de agressões psicológicas, que começaram ainda na lua de mel. “Quando estava de plantão, tinha que ficar com a localização em tempo real ligada. Porque ele dizia que eu não estava trabalhando, que eu estava na rua aprontando, e eu trabalhando. Eu tinha que falar pra ele todos os meus passos.”

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A delegada afirmou que chegou ao limite no dia em que recusou-se ir ao teatro com o então marido e duas amigas dele. "Ele me levou para o nosso quarto, e ali ele me estuprou. E eu chorei muito. E eu pedi para ele parar, e óbvio que ele não parou. Quando terminou, virou para mim e falou: "E agora você vai tomar seu banho! Porque o teatro é às 4 horas da tarde."

Denúncia e vergonha

Após o fato, Juliana resolveu que não se calar e entrou pela primeira vez em uma delegacia na condição de vítima. Submetida a exames de corpo de delito, teve comprovada as marcas de violência. Cinco testemunhas foram ouvidas e todas confirmaram que a policial aparecia frequentemente com hematomas.

Por outro lado, Eduardo negou. Ele apenas disse que tinha hábito de usar cintos, mas em momentos íntimos, sendo consentido pela então esposa. "Quando eu comecei a ver que o que estava acontecendo comigo estava atingindo os meus filhos, isso me tocou muito", relatou.

Em agosto de 2023, ou seja, há mais de um ano, Eduardo foi denunciado pelo Ministério Público do RJ. A denúncia foi aceita e o policial militar deve responder por dois estupros, lesão corporal e violência psicológica. A primeira audiência ocorre neste mês.

“Acho importante dividir a minha história, justamente porque eu sei que, infelizmente, muitas mulheres estão passando pelo que eu passei, com medo e vergonha. Eu quero dizer pra elas que elas não se sintam assim. Que existe ajuda, rede de apoio, e que elas têm que ter força de vontade para sair dessa situação", disse Juliana.

Atualmente, o agressor é coordenador de segurança do Tribunal Regional Federal do Rio de Janeiro.

*Com informações da Rede Globo 

Violência contra a mulher é crime, com pena de prisão prevista em lei. Ao presenciar qualquer episódio de agressão contra mulheres, denuncie. Você pode fazer isso por telefone (ligando 190 ou 180). Também pode procurar uma delegacia, normal ou especializada.

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