Um Boeing 727, com 47 metros de comprimento e 33 de largura, ficou esquecido por mais de uma década no aeroporto de São José dos Campos, no interior de São Paulo.
O avião pertence à falida companhia aérea cargueira Varig Log, a aeronave de matrícula PR-LGC parou de operar com a quebra da empresa e se deteriorou com o passar dos anos até se tornar uma enorme sucata.
“Quando a empresa entrou em falência, obrigatoriamente tem que se parar sua frota. No Brasil não tem um destino, não existe no país um cemitério de aviões, onde eles poderiam ficar parados para serem leiloados ou doados”, diz o especialista em aviação Ivair Santos.
A falência da empresa foi confirmada pela Justiça de São Paulo em setembro de 2012. Durante o processo judicial, alguns aviões da Varig Long espalhados em aeroportos do país foram desmontados e os itens de valor leiloados ou vendidos.
Com o 727, que ficou em São José dos Campos, aconteceu a mesma coisa. Turbinas, rádios e radares foram retirados. Porém, a fuselagem ficou encostada ao lado da pista até virar sucata.
“Como se trata de uma pessoa jurídica, a remoção da aeronave do local depende de uma autorização jurídica. Essas carcaças compõe o patrimônio da massa falida, tudo que tem de valor na aeronave já foi tirado. O que fica jogado nos aeroportos são apenas as carcaças e fuselagens”, explica o advogado Luiz Gustavo Braga, especialista no setor de aviação.
Boing esquecido
Segundo o Conselho Nacional de Justiça, entre os anos de 2011 e 2015, uma cooperação técnica com outro órgão retirou entre 50 e 62 carcaças de aeronaves que estavam abandonadas em aeroportos do Brasil.
O programa Espaço Livre, tinha como objetivo solucionar processos de falência de companhias aéreas para possibilitar a remoção de aviões apreendidos e sob custódia da Justiça.
“Com o encerramento do programa, a administração das carcaças e aeronaves restantes ficou a cargo dos juízes responsáveis pelos processos e das concessionárias responsáveis pelos pátios dos aeroportos, dependendo de casa caso”, explica CNJ.
O órgão ainda disse que, no caso do aeroporto de São José dos Campos, foram identificadas quatro carcaças, sendo apenas uma da Varig Log.
A sucata pode ficar ali?
A SJK Airport, que gerencia o aeroporto desde 2022, iniciou a retirada das carcaças abandonadas do local. A empresa já conseguiu retirar dois aviões de pequeno porte. No entanto, o Boeing 727 não pode ser removido devido à massa falida.
“É uma questão de saúde pública, porque é uma sucata a céu aberto. A aeronave está acumulando entulho, temos medo de gerar problemas de saúde nas pessoas que trabalham lá, porém não temos muito o que fazer, a carcaça pertence a Varig Log e a retirada depende do processo de falência da empresa”, esclarece o representante da SJK Airport, Eduardo Campos.
De acordo com o G1, um representante da ADJud, empresa responsável pela massa falida da Varig Log, disse que não foi procurado nem pela administração e nem pela Agência Nacional de Aviação Civil sobre a remoção da sucata.
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